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Bioeletricidade tem potencial energético de três usinas Belo Monte

Atualmente, a energia renovável obtida através da queima do bagaço e da palha de cana representa 2% do consumo elétrico nacional, mas pode chegar a 14% na próxima década

Plantação de cana-de-açúcar em Tocantins (Cristiano Mariz/Exame)

Plantação de cana-de-açúcar em Tocantins (Cristiano Mariz/Exame)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 6 de junho de 2011 às 18h49.

São Paulo – Subproduto mais nobre da produção de cana, o bagaço, junto com a palha que sobra nos canaviais, gerou em 2010 energia suficiente para atender 20 milhões de brasileiros. Hoje, a bioeletricidade obtida através da queima do bagaço e da palha representa apenas 2% do consumo elétrico nacional. Mas, segundo previsões do Ministério de Minas e Energia e com os devidos investimentos, essa energia renovável e limpa pode suprir até 14% da demanda nacional em 2020.

“O Brasil pode, na próxima década, gerar mais de 13 mil MW médios de energia elétrica a partir da biomassa”, prevê o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energértico, do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho. Segundo o secretário, que participou de evento do setor sucroenergético em SP nesta segunda (6), o potencial de geração de energia do bagaço é equivalente ao de três usinas das dimensões de Belo Monte, sem desperdício e evitando emissões de CO2 até 2021.

Altino Ventura ressaltou a complementaridade entre a biomassa e a hidroeletricidade, maior fonte primária de energia no país. A bioeletricidade é gerada durante o período de safra da produção de cana-de-açúcar, que coincide com o período de seca, quando as usinas hidroelétricas operam abaixo de sua capacidade. Para se ter uma idéia, no ano passado a biomassa da cana evitou uso de 4% da águas nos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste durante o período de seca.

Apesar das claras vantagens, há desafios a serem superados para a expansão da bioeletricidade. A infra-estrutura ainda deficitária para transmissão da eletricidade às empresas energéticas interessadas na compra de excedentes é uma delas. Atualmente, menos de 30% das usinas do setor estão conectadas à rede elétrica nacional. “Além disso, os custos de conexão, dependo da localização das usinas, são muito elevados”, destaca Miguel Normando Abdalla Saad, co-presidente da CPFL Renováveis. “O usineiro também precisa investir mais na produção de cana, e precisa de financiamentos pra isso”, emenda.

Outro ponto que necessita de atenção diz respeito à característica sazonal da geração de bioeletricidade. Saad lembra que a produção de cana é restrita a um determinado período do ano e está sujeita à intempéries naturais, como chuvas intensas. “Precisamos ter muito cuidado na hora de gerir essa energia, se quisermos evitar sustos”, completou.

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