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Bill Clinton diz que comando de Xi afetou relações EUA-China

Para o ex-presidente, está claro que Biden vai trabalhar para fortalecer o papel dos EUA em organizações internacionais como a OMS

Clinton: o ex-presidente dos EUA disse que o país poderia fortalecer sua posição de negociação com a China alistando parceiros (Eduardo Munoz/Reuters)
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Bloomberg

Publicado em 17 de novembro de 2020 às 10h12.

O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton disse que o longo período de Xi Jinping no comando da China abalou as relações entre os dois países e exigirá que o futuro governo de Joe Biden e aliados adotem uma abordagem mais coordenada para lidar com Pequim.

Em conversa com o ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair no Bloomberg New Economy Forum, Clinton disse que os EUA poderiam fortalecer sua posição de negociação com a China alistando parceiros, da Europa a nações asiáticas, que faziam parte do pacto comercial da Parceria Transpacífico abandonada pelo presidente Donald Trump.

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Xi eliminou os prazos de mandato e pode governar por muitos anos. No mês passado, ele anunciou a ambição de dobrar o tamanho da economia chinesa até 2035, sugerindo que planeja permanecer no poder em um futuro próximo.

“O antigo sistema chinês, que não era de forma alguma uma democracia, ainda garantia suficiente debate, jogo e abertura porque havia uma rotação regular de liderança”, disse Clinton. “Agora parece que no comando da China há uma pessoa que pretende ficar lá o resto da vida; em essência, isso muda as coisas. Mas não devemos aceitar ou presumir que tudo vai ficar ruim sem trabalhar para melhorar.”

Clinton destacou “divergências claras” entre os governos de Washington e Pequim sobre a repressão às liberdades em Hong Kong e a internação de muçulmanos uigur no oeste da China, mas acrescentou que havia uma “necessidade desesperada de trabalhar juntos” na mudança climática e na pandemia de Covid-19.

O ex-presidente disse que está claro que Biden vai trabalhar para fortalecer o papel dos EUA em organizações internacionais como a Organização Mundial da Saúde e a Organização do Tratado do Atlântico Norte. Trump tomou medidas para retirar os EUA da OMS, que ele culpa pelos primeiros passos em falso ao lidar com o Covid-19.

“Precisamos dar ao novo governo a chance de articular uma abordagem”, disse Clinton, “e então tentar alcançar, em cooperação com a Europa e Estados Unidos e organismos internacionais, uma parceria estratégica que nos permitirá fazer coisas boas juntos e tentar minimizar as coisas ruins que pensamos que acontecerão se simplesmente nos afastarmos”.

‘Repressão interna’

Blair concordou que é hora de a equipe do presidente eleito adotar uma abordagem mais coerente e coordenada para a China, em vez de depender da combinação mais imprevisível de medidas - de tarifas a sanções - adotada pelo governo Trump. Essas políticas costumam surpreender até aliados próximos como o Canadá.

“Para o novo governo dos EUA, acho que o grande desafio com a China é conseguir o que eu chamaria de uma estrutura estratégica para lidar com a China, em vez de uma série de reações ad hoc a tudo o que os chineses estejam fazendo”, disse Blair.

Blair disse que as políticas externa e interna mais recentes da China minaram sua crença de que a política chinesa se tornaria gradualmente mais aberta à medida que se integrasse à economia mundial. Quando ele e Clinton estavam no cargo, havia esperança de que o sistema político da China se liberalizasse com a abertura da economia, disse Blair.

“Essa era a nossa esperança e, possivelmente e certamente, era a minha expectativa real. Temos que dizer que, nos últimos anos, tem havido mais agressão externa e mais repressão interna. Isso é apenas um fato”, acrescentou, observando que essas mudanças justificam uma nova abordagem.

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