Entre os benfeitores figuram o presidente da L'Oréal, Jean Paul Agon, e sua máxima acionista (Oscar Cabral/Veja)
Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2011 às 09h06.
Paris - Dezesseis das maiores fortunas francesas pediram ao Governo que imponha a eles um imposto especial para contribuir para saída da crise vivida no país.
Entre os benfeitores figuram o presidente da L'Oréal e sua máxima acionista, e os donos da companhia petrolífera Total, o grupo hoteleiro Accor, a rede de alimentação Danone, o banco Société Générale, o operador de comunicações Orange, a companhia aérea Air France-KLM e a empresa do setor automobilístico PSA Peugeot-Citröen.
"Nós, presidentes e dirigentes de empresas, empresários, financeiros, profissionais e cidadãos ricos, desejamos a instauração de uma 'contribuição excepcional' que afetaria os contribuintes franceses mais favorecidos", detalham em seu pedido, que será publicada na próxima quinta-feira na revista "Le Nouvel Observateur".
Os empresários pedem que o imposto tenha "proporções razoáveis" para "evitar efeitos econômicos indesejáveis como a fuga de capitais e o crescimento da evasão fiscal".
"Somos conscientes de que fomos beneficiados plenamente por um modelo francês e por um contexto europeu aos quais nos sentimos muito unidos e que queremos contribuir para preservar", afirmaram os empresários, entre os quais estão o presidente da Veolia Environnement, o do grupo de serviços financeiros Fimalac e o ex-dono da Renault.
Os bilionários garantem que esse imposto "não é a solução em si" e pedem que faça parte "de um esforço mais global de reforma, tanto das despesas quanto da receita".
"Em um momento em que as finanças públicas e as perspectivas de piora da dívida do Estado ameaçam o futuro da França e da Europa, em um momento em que o governo pede a todos um esforço de solidariedade, nos parece necessário contribuir ao mesmo", afirmam.
O chamado se soma às declarações de alguns milionários que expressaram nos últimos dias seu desejo de contribuir de maneira excepcional ao erário, seguindo o caminho marcado nos Estados Unidos por Warren Buffett.
O anúncio foi divulgado um dia antes de o governo francês apresentar nesta quarta-feira as medidas para reduzir o déficit público, a fim de implementar o compromisso de deixá-lo em 5,7% neste ano, 4,6% no próximo e 3% em 2013.
Segundo a imprensa francesa, o Executivo anunciará um imposto especial entre 1% e 2% aos contribuintes cujas receitas fiscais superem 1 milhão de euros.
O entorno do governo estima que 30 mil pessoas afetadas pela medida, que reportará 300 milhões de euros suplementares aos cofres públicos.
No total, o Executivo espera aumentar a receita para 10 bilhões de euros, para o que, segundo a imprensa, abolirá alguns gastos fiscais e reduzirá as despesas ministeriais.