As eleições de meio de mandato são tradicionalmente difíceis para o partido da situação (Jim Lo Scalzo/EPA/Bloomberg/Getty Images)
AFP
Publicado em 20 de outubro de 2022 às 15h41.
Última atualização em 20 de outubro de 2022 às 16h20.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, faz campanha nesta quinta-feira, 20, junto com o candidato ao Senado John Fetterman, na Pensilvânia, um estado-chave nas eleições de meio de mandato (midterms), nas quais os democratas correm o risco de perder o controle do Congresso.
Biden deve viajar para Pittsburgh e Filadélfia para promover seu plano de investimento em infraestrutura ao lado de Fetterman, um democrata que pretende ingressar no Senado após as eleições de 8 de novembro. Juntos, vão percorrer uma ponte recém-reformada e, depois, participarão de um evento de arrecadação de fundos.
Fetterman, cuja corpulência, tatuagens e preferência pelos moletons e bermudas fazem dele uma das figuras mais incomuns da campanha eleitoral, enfrenta a acirrada concorrência do republicano Mehmet Oz, um médico que virou estrela de televisão.
Nem mesmo um derrame em maio tirou da disputa o candidato democrata, ex-prefeito de Braddock, uma cidade atormentada pela desindustrialização, e vice-governador da Pensilvânia desde 2019. Um relatório médico divulgado nesta semana declarou que Fetterman, de 53 anos, está em condições de trabalhar.
A disputa ficou, no entanto, mais apertada, pondo em xeque as esperanças democratas de manter o já frágil domínio do partido no Congresso. A última média das pesquisas mostra que a vantagem de quase 11 pontos de Fetterman em meados de setembro diminuiu para cerca de cinco pontos.
Os analistas consideram a Pensilvânia como um dos poucos estados cruciais que os democratas devem vencer para manter o controle do Senado. Na Câmara de Representantes, a luta promete ser ainda mais difícil. E, até agora, as tentativas de Biden de ajudar seu partido tiveram um efeito limitado. Seus pífios índices de aprovação, abaixo de 40%, não ajudam em nada.
Em discursos recentes, Biden prometeu proteger o direito ao aborto e mostrou sua disposição de enfrentar o alto preço da gasolina. A três semanas da eleição, porém, os americanos parecem estar se inclinando para a mensagem republicana de que os democratas estão falhando na gestão da economia.
Uma pesquisa divulgada esta semana pelo jornal The New York Times com o Instituto Siena mostrou que, entre os prováveis eleitores, 26% citaram a economia como sua principal preocupação, e 18%, a inflação, a maior taxa em quatro décadas no país. Este é um problema que Biden não conseguirá resolver rapidamente. E, mesmo nos assuntos em que ele se sente seguro, as coisas também não são tão simples.
Em um discurso apaixonado, na terça-feira, 18, Biden aproveitou a indignação com a decisão da Suprema Corte, em junho, de derrubar Roe vs. Wade, a qual consagrou o direito ao aborto em todo país há meio século, visando a conquistar votos da esquerda e do centro.
Prevendo uma revolta das mulheres nas urnas, o democrata declarou que os republicanos "ainda não viram nada". Na pesquisa do NYT/Siena, porém, apenas 5% dos entrevistados disseram que o aborto era sua preocupação número 1.
As eleições de meio de mandato são tradicionalmente difíceis para o partido da situação, motivo pelo qual uma grande derrota democrata não seria uma surpresa.
Segundo especialistas do boletim eleitoral Larry Sabato's Crystal Ball, da Universidade da Virgínia, o partido do presidente parecia estar voltando à realidade, após grandes esperanças de sucesso.
"Os habituais ventos contrários de meio de mandato continuam para os democratas. É difícil para um partido prosperar com um presidente impopular e com o público preocupado com questões como economia e inflação", disseram na quarta-feira, 19.