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Biden aprova nova estratégia nuclear dos EUA com foco na China e Rússia

Revisão da política nuclear americana reflete crescente arsenal chinês e ameaças de uso de armas nucleares por Putin na Ucrânia. Casa Branca nega que a mudança seja resposta a um único país ou ameaça específica

Decisão de Biden reflete crescente preocupação com o rápido desenvolvimento do arsenal nuclear chinês. (Saul Loeb/AFP)

Decisão de Biden reflete crescente preocupação com o rápido desenvolvimento do arsenal nuclear chinês. (Saul Loeb/AFP)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 21 de agosto de 2024 às 06h07.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aprovou uma nova estratégia nuclear, projetada para enfrentar possíveis confrontos nucleares coordenados com Rússia, China e Coreia do Norte. A medida, divulgada nesta terça-feira, 20, pelo New York Times, reflete a crescente preocupação com o rápido desenvolvimento do arsenal nuclear chinês, além das ameaças recentes de uso de armas nucleares pelo presidente russo, Vladimir Putin, na Ucrânia.

Segundo o jornal, a estratégia revisada foi aprovada no início deste ano, mas a Casa Branca enfatizou que a mudança não foi uma resposta direta a nenhum país ou ameaça específica. Sean Savett, porta-voz da Casa Branca, afirmou que, embora o texto exato da orientação seja confidencial, sua existência não é segredo. "A orientação emitida no início deste ano não é uma resposta a nenhuma entidade, país ou ameaça específica", declarou Savett.

A nova política de dissuasão nuclear americana leva em consideração a expansão acelerada do arsenal nuclear chinês, que, de acordo com estimativas de inteligência americana, pode se igualar em tamanho e diversidade aos arsenais dos EUA e da Rússia na próxima década. Essa mudança ocorre em um momento em que a Rússia, sob a liderança de Putin, continua a ameaçar o uso de armas nucleares em seu conflito com a Ucrânia.

A Associação de Controle de Armas, com sede nos EUA, indicou que a postura e a estratégia nuclear americana permanecem alinhadas com a Revisão da Postura Nuclear de 2022 do governo Biden, sem reorientação significativa do foco da Rússia para a China. Daryl Kimball, diretor executivo da associação, observou que, embora a China possa aumentar seu arsenal nuclear de 500 para 1.000 ogivas até 2030, a Rússia ainda mantém cerca de 4.000 ogivas, sendo o principal motivador por trás da estratégia nuclear dos EUA.

Aprovada em março

A estratégia revisada, chamada de "Orientação de Emprego Nuclear", foi aprovada por Biden em março, conforme reportado pelo Times, mas uma notificação não confidencial sobre a mudança de política ainda não foi apresentada ao Congresso.

Após anos de esforços para a redução de armas nucleares, a administração Biden tem sinalizado, nos últimos tempos, uma disposição maior para expandir o arsenal nuclear dos EUA, em resposta às estratégias nucleares da China e da Rússia. Em fevereiro, os EUA alertaram seus aliados de que a Rússia poderia estar planejando colocar uma arma nuclear no espaço.

Em junho, Pranay Vaddi, diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional, alertou que, na ausência de uma mudança na estratégia nuclear por parte da China e da Rússia, os EUA estariam prontos para passar da modernização das armas existentes para a expansão de seu arsenal.

Essa nova postura ocorre enquanto o último grande acordo de controle de armas nucleares com a Rússia, o New Start, que estabelece limites para armas nucleares de alcance intercontinental, expira no início de 2026, sem que haja um acordo subsequente em vigor.

China e Rússia agora estão mais alinhadas política e economicamente. No mês passado, bombardeiros de longo alcance chineses e russos patrulharam juntos perto do Alasca pela primeira vez e realizaram exercícios de fogo real no Mar do Sul da China.

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