Berlusconi vai a julgamento imediato pelo caso Ruby, diz juíza
Primeiro-ministro italiano é acusado de incitação de menores à prostituição no caso Ruby
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2011 às 14h38.
Roma - Uma juíza do Tribunal de Milão decidiu nesta terça-feira enviar a julgamento imediato o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, por supostos delitos de concussão e incitação à prostituição de menores no chamado caso Ruby, a jovem marroquina que participou de festas quando era menor de idade.
Como informou nesta terça a juíza para as investigações preliminares Cristina di Censo, o julgamento começará às 9h30 no horário local (6h30min de Brasília) de 6 de abril diante do Tribunal de Milão, no qual Berlusconi tem pendentes outros dois processos, assim como audiência preliminar.
"A juíza para as investigações preliminares Cristina di Censo publicou sua decisão com base acordo nos artigos 453 e os seguintes do código do procedimento penal de julgar imediatamente o premiê Silvio Berlusconi pelos delitos de concussão e prostituição de menores", reza o comunicado.
A hipótese de delito de concussão (abuso de poder cometido por funcionário público) apontada pela Promotoria está centrada na ligação telefônica de Berlusconi feita na noite de em 27 de maio de 2010 a funcionários de uma delegacia de Milão, exigindo a libertação de Ruby. A jovem havia sido detida por um pequeno furto. O premiê pediu que ela fosse entregue à conselheira da Lombardia Nicole Minetti, alegando que ela era sobrinha do então presidente egípcio Hosni Mubarak.
Com relação à incitação à prostituição de menores, a acusação está centrada na presença da mesma da jovem em oito ocasiões na mansão de Berlusconi de Arcore (próxima a Milão), onde a menina garante que sempre disse ter 24 anos, embora tivesse apenas 17 anos, e nas quais a Promotoria acredita que houve encontros sexuais com o líder.
A juíza indica ao Ministério do Interior italiano e à própria Ruby como partes prejudicadas, respectivamente, pela suposta concussão e prostituição de menores cometidas por Berlusconi, cujo sumário foi separado do caso geral, no qual figuram a própria Minetti, o representante de famosos Lele Mora e o diretor de noticiários do canal "Desafie Quattro", Emilio Fede.
Em uma primeira reação recolhida pela imprensa italiana, o advogado de Berlusconi, Piero Longo, garante que não esperava "nada diferente" da decisão anunciada nesta terça-feira.
Berlusconi tem pendente diante do Tribunal de Milão o chamado caso Mills, no qual é acusado de corrupção em ato judicial, pelo qual terá de depor em 11 de março.
Outro processo é do Mediaset (seu império de mídia), no qual o primeiro-ministro é acusado de suposta fraude fiscal e cujas audiências serão retomadas em 28 de fevereiro, após a suspensão de ambos por um escudo judicial agora invalidado.
Em fase de audiência preliminar está o caso Mediatrade, também suspenso em base ao último escudo judicial do líder invalidado em janeiro pelo Tribunal Constitucional e que deve decidir agora se julga Berlusconi por suposta apropriação indevida e fraude fiscal.