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Berlusconi submeterá plano de ajuste a voto de confiança

Seguno o chefe da Liga Norte, grupo governista, oposição votará contra, mas projeto deve passar porque maioria é da situação

Berlusconi, premiê italiano: inquietação dos mercados fez votação ser adiantada (Giorgio Cosulich/Getty Images)

Berlusconi, premiê italiano: inquietação dos mercados fez votação ser adiantada (Giorgio Cosulich/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2011 às 12h39.

Roma - O Governo de Silvio Berlusconi submeterá a um voto de confiança na Câmara Baixa italiana seu plano de ajuste orçamentário, cuja aprovação definitiva no Parlamento foi antecipada para sexta-feira com o objetivo de acalmar as inquietações dos mercados.

"O Governo submeterá o plano a um voto de confiança e a oposição votará contra, mas o projeto passará porque a maioria governante é sólida e coesa", indicou Marco Reguzzoni, chefe do grupo dos membros de Berlusconi, a Liga Norte (LN), na Câmara Baixa, ao sair de uma reunião nesta quarta-feira em Roma.

Depois das turbulências registradas nos últimos dias nos mercados de dívida italiana e na Bolsa de Milão, os grupos parlamentares da Itália entraram em acordo para fixar as datas para a aprovação do plano de austeridade: na quinta-feira de manhã no Senado e na sexta-feira pela tarde na Câmara Baixa.

A inquietação gerada desde sexta-feira em torno da solvência das finanças da Itália, país que tem uma dívida pública superior a 120% do Produto Interno Bruto (PIB), obrigou o Governo e a oposição a acelerar os tempos de aprovação do decreto lei de entre 43 bilhões e 48 bilhões de euros de economia que o Executivo aprovou no dia 30 de junho para atingir o equilíbrio das contas em 2014.

O principal promotor desse plano, o ministro da Economia, Giulio Tremonti, compareceu nesta quarta-feira perante a assembleia anual da Associação Bancária Italiana (ABI), onde expressou a necessidade que, segundo ele, a Itália tem de empreender um processo de privatizações "ao término da crise".

"Não pode, se não for danificando o bem público, privatizar sem levar em conta os valores da demanda e do mercado. As Prefeituras serão obrigados a vender seus ativos com mecanismos de incentivos e desincentivos introduzidos no pacto de estabilidade", indicou Tremonti.

O ministro da Economia, cuja imagem está afetada dentro e fora do Governo, propiciou também a inquietação em torno das finanças italianas, e precisou que dentro dessas privatizações não poderá incluir distribuição de água, algo que ficou descartado em plebiscito em junho.


Tremonti assegurou também que o plano de austeridade "será reforçado" ao longo dos quatro anos que deve cobrir (2011-2014), e negou que as recentes turbulências nos mercados sejam um problema apenas italiano.

"Temos sob tensão os mercados neste momento e se olharmos às gratificações de risco (da dívida) temos mais ou menos 40% da zona do euro (em uma situação similar). E digo isto não para me livrar da responsabilidade, mas para dizer que o problema não é do país, mas é do conjunto da estrutura da arquitetura europeia", indicou o ministro.

"Tudo o que causou a crise está aí ainda. Não se aplicaram novas regras. Foram três anos perdidos", acrescentou.

Junto a Tremonti, o governador do Banco da Itália e próximo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi discursou também na assembleia da ABI, que insistiu na solidez do sistema bancário italiano frente os resultados das provas de solvência que serão anunciadas na sexta-feira.

"Os bancos italianos demonstraram e seguem demonstrando capacidade de resistência e de reação em tempos graves, mas não só durante a fase aguda da crise financeira, na qual salvou um modelo solidamente ancorado no negócio principal da atividade bancária", disse Draghi.

Os bancos da Itália também resistiram na "fase posterior, quando a crise acompanhou uma recessão profunda em todos os países avançados, dura na Itália porque vinha de uma década de estagnação por sua vez seguida de uma recuperação mais lenta que em outros lugares", acrescentou.

O próximo presidente do BCE expressou a necessidade da Itália de aprovar reformas econômicas estruturais o mais rápido possível e adiantou que se o Governo não fizer cortes em outras verbas de despesa distintas às contempladas em seu plano de ajuste, haverá que subir os impostos.

Após três sessões de turbulências, a Bolsa de Milão viveu nesta quarta-feira uma jornada sem sobressaltos e a prêmio de risco da dívida italiana se moderou nesta quarta-feira, depois que na terça-feira marcasse um novo recorde nos 347 pontos básicos.

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