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Berlusconi: Itália adotará 'pacto' social para frear a crise

Objetivo da medida é reativar a economia e acalmar os mercados

Sílvio Berlusconi: o governo italiano pretende realizar uma reforma fiscal, modernizar as relações sociais e o mercado de trabalho, bem como impulsionar as privatizações (Giorgio Cosulich/Getty Images)

Sílvio Berlusconi: o governo italiano pretende realizar uma reforma fiscal, modernizar as relações sociais e o mercado de trabalho, bem como impulsionar as privatizações (Giorgio Cosulich/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2011 às 15h12.

Roma -O chefe de governo italiano, Silvio Berlusconi, anunciou esta quinta-feira que a Itália adotará até o fim de setembro um "pacto" com os atores sociais a fim de reativar a economia e acalmar os mercados.

"Estamos empenhados em assinar um pacto global entre o governo e os atores locais antes que termine o mês de setembro", declarou Berlusconi durante entrevista coletiva celebrada em Roma.

Berlusconi propôs na quarta-feira, ante o Parlamento, um "plano de ação urgente" que deve ser aprovado pelos atores sociais e que tenta espoliar a terceira economia da zona do euro, gravemente estagnada há uma década.

O governo conservador italiano pretende realizar uma reforma fiscal, modernizar as relações sociais e o mercado de trabalho, bem como impulsionar as privatizações.

Da mesma forma prometeu que introduzirá como norma da Constituição a obrigação de manter o equilíbrio fiscal e evitar que a dívida pública afete a economia, como ocorre atualmente (120% do PIB).

Na semana passada, com uma iniciativa incomum, os empresários, junto com os maiores sindicatos do país propuseram a assinatura de um "pacto para o crescimento" com a finalidade de dar credibilidade à Itália.

O pedido foi considerado uma dura crítica à gestão do governo, acusado de ser passivo diante da crise, devido, entre outras coisas, às relações tensas que o primeiro-ministro mantém com seu ministro da Economia, Giulio Tremonti, isolado e debilitado por ter sido afetado por um escândalo de corrupção.

O anúncio de Berlusconi, que até agora havia evitado tomar iniciativas políticas pessoais frente à crise, não foi bem recebido por alguns especialistas.

Para Giuliano Noci, professor do Mip, a prestigiosa escola de comércio da Politécnica de Milão, o fato de que os atores sociais ditem a agenda é positivo por um lado, mas demonstra também que o governo "é incapaz de determinar claramente suas prioridades e de intervir com urgência", disse.

"Prometer um plano de ação para setembro deixa a Itália em uma situação perigosa", comentou.

As propostas de Berlusconi são "genéricas demais", segundo Stefano Folli, editorialista do jornal econômico Il Sole 24 Ore.

"Otimismo demais, referências demais a reformas, que ele menciona sempre, mas que nunca põe em andamento", escreveu.

O chefe de governo, por sua vez, voltou a ostentar esta quinta-feira grande otimismo: "não acho que a crise se agrave", sentenciou.

Apesar disso, a bolsa de Milão voltou a viver um dia negro, com a suspensão, meia hora antes, do fechamento do principal índice, o FTSE Mib, quando estava abaixo dos 3%.

A compra de obrigações italianas por parte do Banco Central Europeu não conseguiu tranquilizar os mercados, que temem a propagação da crise da dívida aos países da zona do euro.

A bolsa de Milão fechou no vermelho, após a queda dos valores bancários, mas a cifra exata não pôde ser estabelecida, devido à suspensão de seu principal índice.

As principais bolsas europeias fecharam a sessão com perdas superiores a 3%.

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