Bashar al-Assad: a investigação francesa e a cooperação judicial europeia provocaram a abertura de um inquérito na Espanha (Spencer Platt/Getty Images)
AFP
Publicado em 4 de abril de 2017 às 12h42.
A justiça espanhola ordenou buscas nesta terça-feira no balneário de Marbella (sul) tendo como alvos bens da família Assad na Espanha, em particular pertencentes ao tio do presidente sírio, Bashar al-Assad, revelou uma fonte judicial.
As buscas da Guarda Civil, realizadas principalmente em Puerto Banús (Andaluzia), ocorrem devido a uma investigação francesa sobre Rifaad al Assad por suspeitas de desvio de fundos públicos e lavagem de dinheiro, segundo a mesma fonte.
O patrimônio imobiliário de Rifaat e de sua família na Espanha é avaliado em 691 milhões de euros, segundo esta fonte, que acrescentou que "todas as propriedades foram embargadas".
"O juiz José de la Mata coordena uma operação judicial contra Rifaat al Assad, tio do atual presidente da Síria, por crime de lavagem de dinheiro cometido por organização criminosa em Puerto Banús e Marbella", indicou esta fonte.
O tio do presidente foi expulso da Síria por Hafez al-Assad, pai de Bashar al-Assad, nos anos 1980, por medo de que orquestrasse um golpe de Estado contra ele.
Segundo a justiça, este poderia ter entregado a Rifaat mais de 300 milhões de dólares procedentes dos cofres do Estado, usados para adquirir bens na França.
Rifaat al-Assad, de 79 anos, supostamente acumulou um patrimônio impressionante não apenas na França, mas também em Liechtenstein, Luxemburgo e Curaçao.
A investigação francesa e a cooperação judicial europeia provocaram a abertura de um inquérito na Espanha.
A investigação permitiu estabelecer que Rifaat e sua família possuem 503 propriedades: casas de férias, quartos de um hotel de luxo, vagas de garagem e propriedades rurais. Praticamente todas ficam na zona de Marbella, sobretudo em Puerto Banús. Uma delas, conhecida como "La Máquina", tem mais de 3.300 hectares e ocupa um terço da localidade de Benahavís, próxima a Marbella. O local está avaliado em quase 60 milhões de euros.
O juiz também bloqueou as contas bancárias de 15 pessoas físicas e 76 jurídicas.
A investigação acontece pouco depois da justiça francesa ter validado o embargo de bens pertencentes a Rifaat al-Assad na França.