Presidente do Benim, Patrice Talon (AFP Photo/AFP)
Redação Exame
Publicado em 7 de dezembro de 2025 às 11h28.
O governo do Benim anunciou neste domingo, 7, o “fracasso” de uma tentativa de golpe de Estado, poucas horas depois de um grupo de militares afirmar ter “destituído” o presidente Patrice Talon, disse a AFP.
“Um pequeno grupo de soldados iniciou uma insurreição com o objetivo de desestabilizar o Estado e suas instituições. Diante desta situação, as Forças Armadas do Benim e sua posição (...) conseguem manter o controle da situação e frustrar a manobra”, declarou na televisão o ministro do Interior, Alassane Seidou.
O presidente Patrice Talon, que deve deixar o cargo em abril de 2026 após cumprir dois mandatos, está em segurança, segundo informações de seu círculo próximo.
Várias testemunhas relataram à AFP ter ouvido “disparos” e “rajadas de tiros” em Cotonou, a capital econômica do país.
Durante a madrugada, um grupo militar autodenominado Comitê Militar para a Refundação afirmou, por meio da televisão pública, ter destituído Talon. No entanto, a transmissão foi interrompida logo após o anúncio.
Logo em seguida, fontes próximas ao presidente confirmaram que ele está a salvo e que o exército retomava o controle da situação.
“Trata-se de um pequeno grupo de pessoas que apenas controla a televisão. O exército regular está retomando o controle. A cidade [Cotonou] e o país estão totalmente seguros, assim como o presidente e sua família”, declarou uma fonte à AFP.
A embaixada da França, por meio da rede X (antigo Twitter), informou que “foram ouvidos disparos no Camp Guezo, perto da residência do presidente da República” e recomendou que os cidadãos franceses permanecessem em casa “por razões de segurança”.
Neste domingo, militares bloquearam o acesso à sede da televisão nacional e à presidência, segundo constatou um jornalista da AFP. Também foi restringido o acesso a zonas específicas de Cotonou, como o hotel Sofitel e bairros com instituições internacionais.
Apesar das tensões, não houve relatos de presença militar no aeroporto ou em outras áreas da cidade, onde a população seguiu com suas atividades normalmente.
A tentativa de golpe reacende lembranças de instabilidade no Benim, país historicamente marcado por rupturas políticas e intervenções militares.
No poder desde 2016, Patrice Talon concluirá em abril de 2026 seu segundo e último mandato, como determina a Constituição do país.
O principal partido de oposição foi excluído das próximas eleições, abrindo caminho para uma disputa entre o partido governista e um opositor considerado “moderado”.
Críticos acusam Talon de promover uma guinada autoritária, enfraquecendo a democracia em um país que, até recentemente, era visto como um dos mais estáveis politicamente na África Ocidental.