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BC da Espanha intervém em banco de poupança

Madri - O Banco Central da Espanha tomou hoje o controle de um pequeno banco de poupança de propriedade da Igreja Católica, o CajaSur, após o fracassado plano de fusão com outra instituição de maior porte, a Unicaja. A medida faz parte dos esforços do Banco Central espanhol para limpar o sistema de instituições em […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Madri - O Banco Central da Espanha tomou hoje o controle de um pequeno banco de poupança de propriedade da Igreja Católica, o CajaSur, após o fracassado plano de fusão com outra instituição de maior porte, a Unicaja. A medida faz parte dos esforços do Banco Central espanhol para limpar o sistema de instituições em dificuldade. O BC espanhol informou, em nota, que a falência do CajaSur não irá afetar o sistema bancário do país como um todo.

Um porta-voz da associação dos bancos de poupança da Espanha, o CECA, disse que o CajaSur era um caso especial e que não acredita que venha a ocorrer qualquer outra intervenção entre os bancos de poupança porque o restante do setor "é saudável". A associação dos bancos espanhóis, AEB, que representa as instituições de capital aberto, afirmou que confia "que o Banco Central será capaz de administrar a situação no CajaSur assim como conduzir a reestruturação do sistema financeiro".

Contudo, em privado, os bancos estão cada vez mais frustrados com a forma como o Banco Central espanhol vem conduzindo a crise. Eles reclamam que a autoridade monetária agiu muito tarde quanto interveio no Caja Castilla-La Mancha, em março do ano passado, e que cometeu o mesmo erro com o CajaSur. "O banco central precisa ser mais pró-ativo para evitar alarmes, agir antes do tempo e não no último momento", disse uma fonte próxima a questão.

As diretorias do CajaSur e do Unicaja haviam acertado um acordo em agosto do ano passado. Contudo, o CajaSur vinha relutando em aceitar as propostas de fusão do Unicaja, particularmente com relação a questões trabalhistas e demissões. Na noite de ontem, a diretoria do CajaSur - que inclui seis padres - notificou o Banco Central que tinha rejeitado a fusão, o que precipitou uma ação do órgão regulador.

O bispo de Córdoba, Demetrio Fernandez, justificou a decisão dizendo que a Igreja "estava preparada para perder tudo para salvar os empregos no CajaSur". "Não havia outra alternativa a não ser morrer de asfixia ou chamar uma autoridade maior para vir em nosso socorro, antes que fosse tarde demais", disse o religioso, em uma entrevista postada no site de notícias da Igreja Católica, o Infocatolica.


Pressão

A falência do CajaSur, a segunda de um banco espanhol desde o início da crise financeira global há mais de dois anos, ocorre em um momento crítico para o sistema bancário do país. A maioria dos 44 bancos de poupança da Espanha, que respondem por quase a metade dos negócios bancários do país, está buscando se reestruturar por meio de fusões, e o Banco Central está pressionando as instituições para acelerarem esse processo.

A consolidação e limpeza dos bancos de poupança estão entre os principais desafios da Espanha, que ainda enfrenta um índice de desemprego de 20% e crescente déficit orçamentário do governo federal.

Muitos dos bancos de poupança cresceram mais rápido em comparação as instituições de capital aberto durante uma década de forte expansão do setor de construção e imóveis, em parte porque emprestavam mais dinheiro as incorporadoras imobiliárias. Quando a bolha do setor de moradia começou a desinflar e a economia espanhola caiu em recessão seis trimestres atrás, os bancos de poupança espanhóis passaram a registrar um aumento sem precedentes nos empréstimos podres.

O CajaSur, com sede na cidade de Córdoba, no sul, tem 13 bilhões de euros em empréstimos e possui 0,6% do total de ativos no sistema financeiro espanhol. O banco foi fundado pela Igreja Católica Romana de Córdoba em 1864 e era considerado o mais fraco entre as instituições de poupança. Em 2009, o CajaSur registrou um prejuízo de 596 milhões de euros e mais uma perda de 114 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano. A solvência do banco se deteriorou de forma significativa por causa do rápido crescimento dos empréstimos podres em sua carteira.


Intervenção

Funcionários do Banco Central espanhol estimam que será preciso uma injeção de capital de pelo menos 500 milhões de euros para restaurar a solvência do CajaSur. Em nota, o Banco Central disse que a direção do CajaSur foi demitida e que a instituição será provisoriamente administrada por três gestores do fundo estatal de socorro aos bancos, o Frob. O fundo irá recapitalizar o CajaSur, proporcionando a liquidez necessária para que ele continue operando. O Frob também vai determinar se irá leiloar o banco, vender parte de seus ativos ou liquidá-lo.

A intervenção no Cajasur ocorre em um momento de intensificação nas preocupações sobre a qualidade de crédito da Espanha, que se traduz em crescentes dificuldades dos bancos espanhóis em obter financiamento nos mercados internacionais.

A falência do CajaSur pode renovar a pressão sobre os preços das ações e dos bônus espanhóis na segunda-feira, aumentando a já significativa volatilidade dos mercados financeiros. Os temores sobre a economia da Espanha aumentaram ao longo do último mês depois que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os países da zona do euro anunciaram um pacote de socorro de 110 bilhões de euros para a Grécia.

A expectativa das autoridades europeias era que o pacote grego agisse como uma barreira contra contágios adicionais, mas ele falhou em convencer os investidores internacionais de que Atenas não vai, no fim, acabar decretando o default de sua dívida.

A persistente tensão no mercado levou a União Europeia (UE) a anunciar um fundo de suporte financeiro de 500 bilhões de euros aos países mais afetados pelo contágio da crise da dívida soberana que começou na Grécia. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prometeu um montante adicional de 250 bilhões de euros para esse fundo de estabilização e o Banco Central Europeu (BCE) disse que começaria a comprar títulos da dívida de países do continente.

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