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Bandeira dos EUA retorna a Cuba em visita histórica de Kerry

A visita, de um dia, tanto histórica como simbólica, servirá também para uma discussão dos temas espinhosos da relação bilateral


	Embaixada dos EUA em Havana: o hasteamento da bandeira americana será "outro passo no processo de normalização" entre Cuba e Estados Unidos
 (Alexandre Meneghini/Reuters)

Embaixada dos EUA em Havana: o hasteamento da bandeira americana será "outro passo no processo de normalização" entre Cuba e Estados Unidos (Alexandre Meneghini/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2015 às 12h05.

A bandeira dos Estados Unidos será hasteada novamente em Havana nesta sexta-feira, em uma cerimônia que concluirá a aproximação diplomática entre os dois antigos inimigos, que terá como destaque John Kerry, o primeiro secretário de Estado americano a visitar a ilha em 70 anos.

A visita, de um dia, tanto histórica como simbólica, servirá também para uma discussão dos temas espinhosos da relação bilateral - proteção dos direitos humanos e os dissidentes cubanos, mas também o embargo americano - entre países que oficialmente não tiveram contato por mais de meio século.

O hasteamento da bandeira americana será "outro passo no processo de normalização" entre Cuba e Estados Unidos, afirmou na segunda-feira Mark Toner, porta-voz do Departamento de Estado.

Kerry permanecerá toda a sexta-feira em Havana, onde presidirá a cerimônia da bandeira. O ato na embaixada terá a presença de funcionários do governo e congressistas americanos.

Assim, o edifício diante do famoso Malecón da capital cubana voltará a ser a embaixada americana de fato, 54 anos depois do rompimento das relações entre os dois países.

De fato, Washington e Havana restauraram laços diplomáticos plenos em 20 de julho, após meses de negociações, depois do acordo anunciado em dezembro pelos presidentes Barack Obama e Raúl Castro para superar as hostilidades.

Os dois governos, inimigos durante a Guerra Fria, romperam relações em 1961, após a revolução castrista, mas desde 1977 mantêm Seções Interesses como embaixadas de ofício.

Após o degelo, Obama e Raúl Castro se reuniram em abril durante a Cúpula das Américas no Panamá. O chanceler cubano Bruno Rodríguez visitou Washington em 20 de julho para reabrir a embaixada do país latino-americano.

Cuba também foi retirada da lista do Departamento de Estado de países que apoiam o terrorismo.

Kerry e dissidentes

Após a cerimônia, em uma recepção na residência do embaixador americano - fechada à imprensa, segundo uma fonte do Departamento de Estado -, Kerry se reunirá com representantes da sociedade civil cubana, incluindo alguns dissidentes políticos.

"Me reunirei com dissidentes. Terei a oportunidade de sentar à mesa com eles", disse o chefe da diplomacia em uma entrevista ao canal latino Telemundo.

Kerry admitiu que os opositores políticos ao governo de Castro "não foram convidados" à cerimônia de hasteamento porque será um "momento governo a governo e, de fato, com um espaço muito limitado".

Antes da reabertura da embaixada, as fachadas de edifícios antigos foram pintadas e as ruas próximas pavimentadas em tempo recorde.

O escritor americano de origem cubana Richard Blanco, que recitou um poema na cerimônia de posse do segundo mandato de Obama, lerá um poema no evento.

Preparado especialmente para a ocasião, o texto cita as histórias de indivíduos dos dois lados do Estreito da Flórida "separados por 90 milhas (150 km) de mar, mas conectados por vínculos emocionais complexos", informaram os representantes do poeta em Miami.

Kerry se reunirá depois com Bruno Rodríguez para avançar na agenda bilateral: a luta antinarcóticos, segurança e meio ambiente, entre outros temas.

Mas as autoridades americanas descartaram um encontro com o presidente Raúl Castro ou seu irmão Fidel, que completa 89 anos nesta quinta-feira.

Apesar de algumas críticas nos dois países, a aproximação diplomática e o fim do embargo são cada vez mais populares.

De acordo com uma pesquisa do Pew Research Institute, 72% dos americanos apoiavam o fim das sanções em julho, acima do resultado de 66% registrado em uma sondagem similar de janeiro.

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