Exame Logo

Bambu é adotado como material de construção sustentável

Pesquisa busca agregar valor à planta, fabricando produtos sustentáveis de alta qualidade e de baixo custo

Bambu necessita ser processado para substituir madeira em estruturas (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2012 às 10h15.

São Paulo - Rústico e de uso permanente sob a ótica do manejo sustentável, o bambu é pesquisado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, para ser utilizado como matéria-prima estrutural, com aplicação social. A ideia é agregar valor à planta, fabricando produtos sustentáveis de alta qualidade e de baixo custo, que possam ser usados ou produzidos por comunidades carentes e rurais.

De acordo com a doutoranda Claudia de Lima Nogueira, do Programa de Pós-graduação (PPG) em Recursos Florestais, o bambu precisa ser processado para que possa ser empregado da mesma maneira que se utiliza a madeira em estruturas. “Há necessidade de colocar a ciência na prática, o que significa transferir tecnologias desenvolvidas nas universidades para as comunidades e para o setor produtivo.”

O estudo relata que a falta de informações sobre o bambu, seu alto teor de sílica e o fato dele ser oco, induzem a escolha de outros materiais , mesmo os não amigáveis ao ambiente, para usos generalizados, porém o bambu é um material oportuno e adequado. O Laboratório de Engenharia da Madeira, do Departamento de Ciências Florestais (LCF) da Esalq, onde foi realizado grande parte do estudo, possui duas linhas de trabalho com bambu – a primeira baseada no uso de colmos, e a segunda, baseada no uso do bambu industrializado na forma de laminado colado.

O projeto é baseado, fundamentalmente, nas análises de amostras retiradas da matéria-prima e dos produtos obtidos em diferentes fases de transformações físicas ou mecânicas, utilizando ensaios mecânicos estruturados, microscopia eletrônica de varredura, microscopia óptica, micro análise de Raios-X a baixos ângulos e espectroscopia.


A proposta inicial, de fabricar e testar a resistência de vigas estruturais à base de bambu laminado colado, estendeu-se para o estudo da microestrutura da matéria prima e do produto resultante. Dessa forma, atualmente, a pesquisa busca na microestrutura explicações para a elevada variabilidade encontrada nos resultados dos ensaios mecânicos realizados nas amostras, a fim de identificar variáveis da matéria prima e do processo de fabricação que influenciam diretamente na qualidade do painel, principalmente na adesão entre as lâminas.

Varredura

A utilização do microscópio eletrônico de varredura possibilitou o entendimento da anatomia do colmo e, principalmente, ajudou na compreensão da ancoragem dos adesivos no tecido lenhoso do bambu. Assim, está se tornando mais claro o fenômeno da adesão que motiva ensaios exploratórios e práticos generalizados para culminar no aumento da resistência e da rigidez de peças laminadas coladas de grandes dimensões.

“Os resultados estão sendo observados para explicar a alta variabilidade das propriedades mecânicas oriundas dos colmos, das ripas, das lâminas e das vigas com intenção de diferenciar a variabilidade natural do material, daquela introduzida pelo processo de industrialização”, explica a pesquisadora. “O aprimoramento das técnicas de processamento mecânico do material, com ênfase na qualidade das superfícies a serem coladas, tem sido tratado como um tema básico para unir peças a baixa pressão”, explica a pesquisadora.


Cláudia destaca, ainda, que a produção de painéis e vigas de bambu deve ser otimizada em função do grande risco que existe de se perder energia demasiada no processo de fabricação. Ela explica que o desperdício de energia redunda em uma imensa dificuldade de se usar o bambu laminado colado em ambientes carentes.

“Quando isso acontece, a solução remendada é o uso do colmo como peça estrutural. O uso eficaz e seguro de colmos em estruturas não convencionais será o assunto do meu programa de pós-doutorado dentro de parcerias do Laboratório de Engenharia da Madeira com instituições internacionais”, conclui a doutoranda.

Além de ser matriculada no Programa de Pós-Graduação (PPG) em Recursos Florestais, a pesquisadora, que é orientada pelo professor José Nivaldo Garcia, do LCF, também está envolvida na co-orientação de alunos de graduação da Esalq e de outras escolas em pesquisas de iniciação científica.

No XXIII Congresso da Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise, Cláudia foi classificada em segundo lugar com a micrografia “Micro-visão do bambu laminado colado”, e terceiro com “Visão além da viga”. “Hoje, muitos laboratórios de renome estão seguindo a idéia e a metodologia por ela adotada”, finaliza o orientador.

Além do Laboratório de Engenharia da Madeira, o projeto teve como parceiros outros laboratórios especializados: Laboratório de Histopatologia e Biologia Estrutural de Plantas do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Laboratório de Microscopia Eletrônica de Varredura, do Núcleo de Pesquisa em Geoquímica e Geofísica da Litosfera (NUPEGEL) da Esalq, Núcleo de Apoio à Pesquisa em Microscopia Eletrônica Aplicada à Agricultura (NAP/MEPA) da Esalq e Laboratório de Cristalografia do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP.

Veja também

São Paulo - Rústico e de uso permanente sob a ótica do manejo sustentável, o bambu é pesquisado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, para ser utilizado como matéria-prima estrutural, com aplicação social. A ideia é agregar valor à planta, fabricando produtos sustentáveis de alta qualidade e de baixo custo, que possam ser usados ou produzidos por comunidades carentes e rurais.

De acordo com a doutoranda Claudia de Lima Nogueira, do Programa de Pós-graduação (PPG) em Recursos Florestais, o bambu precisa ser processado para que possa ser empregado da mesma maneira que se utiliza a madeira em estruturas. “Há necessidade de colocar a ciência na prática, o que significa transferir tecnologias desenvolvidas nas universidades para as comunidades e para o setor produtivo.”

O estudo relata que a falta de informações sobre o bambu, seu alto teor de sílica e o fato dele ser oco, induzem a escolha de outros materiais , mesmo os não amigáveis ao ambiente, para usos generalizados, porém o bambu é um material oportuno e adequado. O Laboratório de Engenharia da Madeira, do Departamento de Ciências Florestais (LCF) da Esalq, onde foi realizado grande parte do estudo, possui duas linhas de trabalho com bambu – a primeira baseada no uso de colmos, e a segunda, baseada no uso do bambu industrializado na forma de laminado colado.

O projeto é baseado, fundamentalmente, nas análises de amostras retiradas da matéria-prima e dos produtos obtidos em diferentes fases de transformações físicas ou mecânicas, utilizando ensaios mecânicos estruturados, microscopia eletrônica de varredura, microscopia óptica, micro análise de Raios-X a baixos ângulos e espectroscopia.


A proposta inicial, de fabricar e testar a resistência de vigas estruturais à base de bambu laminado colado, estendeu-se para o estudo da microestrutura da matéria prima e do produto resultante. Dessa forma, atualmente, a pesquisa busca na microestrutura explicações para a elevada variabilidade encontrada nos resultados dos ensaios mecânicos realizados nas amostras, a fim de identificar variáveis da matéria prima e do processo de fabricação que influenciam diretamente na qualidade do painel, principalmente na adesão entre as lâminas.

Varredura

A utilização do microscópio eletrônico de varredura possibilitou o entendimento da anatomia do colmo e, principalmente, ajudou na compreensão da ancoragem dos adesivos no tecido lenhoso do bambu. Assim, está se tornando mais claro o fenômeno da adesão que motiva ensaios exploratórios e práticos generalizados para culminar no aumento da resistência e da rigidez de peças laminadas coladas de grandes dimensões.

“Os resultados estão sendo observados para explicar a alta variabilidade das propriedades mecânicas oriundas dos colmos, das ripas, das lâminas e das vigas com intenção de diferenciar a variabilidade natural do material, daquela introduzida pelo processo de industrialização”, explica a pesquisadora. “O aprimoramento das técnicas de processamento mecânico do material, com ênfase na qualidade das superfícies a serem coladas, tem sido tratado como um tema básico para unir peças a baixa pressão”, explica a pesquisadora.


Cláudia destaca, ainda, que a produção de painéis e vigas de bambu deve ser otimizada em função do grande risco que existe de se perder energia demasiada no processo de fabricação. Ela explica que o desperdício de energia redunda em uma imensa dificuldade de se usar o bambu laminado colado em ambientes carentes.

“Quando isso acontece, a solução remendada é o uso do colmo como peça estrutural. O uso eficaz e seguro de colmos em estruturas não convencionais será o assunto do meu programa de pós-doutorado dentro de parcerias do Laboratório de Engenharia da Madeira com instituições internacionais”, conclui a doutoranda.

Além de ser matriculada no Programa de Pós-Graduação (PPG) em Recursos Florestais, a pesquisadora, que é orientada pelo professor José Nivaldo Garcia, do LCF, também está envolvida na co-orientação de alunos de graduação da Esalq e de outras escolas em pesquisas de iniciação científica.

No XXIII Congresso da Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise, Cláudia foi classificada em segundo lugar com a micrografia “Micro-visão do bambu laminado colado”, e terceiro com “Visão além da viga”. “Hoje, muitos laboratórios de renome estão seguindo a idéia e a metodologia por ela adotada”, finaliza o orientador.

Além do Laboratório de Engenharia da Madeira, o projeto teve como parceiros outros laboratórios especializados: Laboratório de Histopatologia e Biologia Estrutural de Plantas do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Laboratório de Microscopia Eletrônica de Varredura, do Núcleo de Pesquisa em Geoquímica e Geofísica da Litosfera (NUPEGEL) da Esalq, Núcleo de Apoio à Pesquisa em Microscopia Eletrônica Aplicada à Agricultura (NAP/MEPA) da Esalq e Laboratório de Cristalografia do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP.

Acompanhe tudo sobre:MateriaisMeio ambienteSustentabilidade

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame