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Baixa participação marca referendo na Irlanda

Durante a campanha, as pesquisas indicavam uma vitória dos defensores da ratificação do tratado europeu por temerem que o país saia da zona do euro

A Irlanda é o único país da UE a organizar uma consulta popular para ratificar o novo pacto de disciplina fiscal (Peter Muhly/AFP)

A Irlanda é o único país da UE a organizar uma consulta popular para ratificar o novo pacto de disciplina fiscal (Peter Muhly/AFP)

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Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2012 às 21h52.

Dublin - Os irlandeses foram às urnas nesta quinta-feira para votar em um referendo sobre a ratificação do pacto de estabilidade orçamentária da zona do euro, mas a participação registrada foi baixa, pois apenas metade dos pouco mais de 3 milhões de eleitores compareceu aos centros de votação.

No fechamento dos colégios eleitorais, às 22h locais (18h de Brasília), após 15 horas de votação, a participação estimada nas urnas era de aproximadamente 50% do eleitorado, segundo a televisão pública ''RTE'', o que pode prejudicar os que apoiam o ''sim''.

Durante a campanha, as pesquisas indicavam uma vitória dos defensores da ratificação do tratado europeu por temerem que o país saia da zona do euro, mas um alto índice de abstenção poderia dar um impulso inesperado aos críticos da integração comunitária, representados por grupos de esquerda.

A contagem dos votos, no entanto, só começará nesta sexta-feira às 9h locais (5h de Brasília), e o resultado definitivo é estimado para o tarde de sexta-feira.

''Votei ''não'' quando fomos consultados sobre a entrada da Irlanda na zona do euro, mas agora voto ''sim'' porque a moeda única está em perigo e temos de permanecer na Europa. Estamos expostos demais à crise internacional para abandonar o barco'', disse à Agência Efe a advogada Deirdre Kilroy, de 38 anos, às portas do colégio eleitoral Saint Mary''s de Fairview, norte de Dublin.

As últimas pesquisas indicavam 39% de apoio ao ''sim'' e 30% ao ''não'', o que deixa as expectativas pendentes dos 22% de eleitores que se declaravam indecisos.


Já a eleitora Mary Murphy, que trabalha com deficientes, justificou à Efe que votou no ''não'' devido aos impactos ''brutais'' dos cortes de gastos públicos aplicados por Dublin para receber os empréstimos do resgate internacional promovido pela União Europeia (UE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para salvar o país da crise decorrente da explosão da bolha imobiliária irlandesa no final de 2010.

O pacto de estabilidade votado no referendo desta quinta-feira, um texto que prevê estritas políticas de austeridade orçamentária aos governos da zona do euro, precisa da ratificação de apenas 12 dos 17 países da moeda comum para entrar em vigor. Por isso, o referendo irlandês não é vinculante.

No entanto, o governo de coalizão entre conservadores e trabalhistas da Irlanda advertiu que a rejeição ao pacto danificaria a posição do país na zona do euro e poderia provocar o descarrilamento do pacote de resgate da UE e do FMI a Dublin.

Em um último apelo aos eleitores, o partido governista Fine Gael - do primeiro-ministro conservador, Enda Kenny - indicou que uma eventual vitória do ''não'' impediria ao governo ter acesso, em caso de necessidade, aos fundos do Mecanismo de Estabilidade Financeira da zona do euro quando o programa de ajuda UE-FMI terminar em 2014.

A Irlanda tem um histórico de rejeição a tratados de integração do âmbito da União Europeia (UE). Em 2001, o eleitorado irlandês impediu a ratificação do Tratado de Nice - embora um ano depois uma nova consulta tenha aprovado o texto. O mesmo ocorreu com o Tratado de Lisboa, que primeiro foi refutado em 2008, mas depois aceito num novo referendo, em 2009.

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