Venda de carne bovina: frango, porco e peru também estão contaminados (Matt Cardy/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2011 às 10h53.
Washington - Pedaços de carne obtidos em mercados de cinco cidades dos Estados Unidos revelaram a existência de uma bactéria resistente em quase 25% da carne bovina, de frango, porco e peru oferecida aos consumidores, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira.
O estafilococo aureus, uma bactéria que pode provocar infecções na pele, pneumonia, septicemia ou endocardite em pessoas com corações fraco, foi encontrado em 47% das mostras, segundo o estudo publicado pela revista Clinical Infectious Diseases.
Mais da metade (52%) das amostras infectadas continha uma dura cepa do estafilococo aureus, resistente a pelo menos três tipos de antibióticos.
Na maioria dos casos, a bactéria morre durante o preparo do alimento, mas os riscos de contaminação podem estar na manipulação da carne crua na cozinha e de outros ustensílios, ou no consumo de carne muito mal passada.
"Pela primeira vez, sabemos quanto de nossa carne e aves está contaminada com um estafilococo resistente aos antibióticos, e é essencial saber", afirmou Lance Price, do Translational Genomics Research Institute de Phoenix, Arizona, coordenador do estudo.
"O assunto é preocupante e exige atenção sobre como são utilizados os antibióticos na atual produção de alimentos para animais", completou Price, para quem "provavelmente" a bactéria resistente "está na comida dos próprios animais".
O estafilococo aureus não figura entre as quatro bactérias que habitualmente o governo americano busca nas análises que faz da carne: salmonela, campylobacter, escherichia coli e enterococo.
Mais de duas milhões de pessoas são infectadas nos Estados Unidos anualmente com estas bactérias. Centenas delas morrem, com um risco maior para crianças, idosos e pessoas com sistema imunológico vulnerável.
As 136 mostras obtidas incluíram 80 marcas de carne e foram retiradas de 26 mercados nas cidades de Los Angeles, Chicago, Fort Lauderdale (Flórida), Flagstaff (Arizona) e na capital Washington DC.
O estudo mostra que a bactéria foi encontrada dentro da carne e, portanto, não é, em absoluto, provável que a presença seja motivada pela manipulação.
A culpa provavelmente recai sobre "as granjas industriais com densidade de estoque, onde os alimentos animais sistematicamente têm pequenas doses de antibióticos (...), ideal para um caldo de cultivo para bactérias resistentes que passam dos animais aos humanos", destaca o estudo.
"Os antibióticos são os medicamentos mais importantes que temos para tratar infecções por estafilococo; mas quando o estafilococo é resistente a três, quatro, cinco e até mesmo nove antibióticos diferentes - como comprovamos neste estudo -, os médicos ficam com poucas opções", afirmou Price.
O documento não avalia os riscos para a população desta cepa de estafilococo.
"Agora, precisamos determinar o que significa isto em termos de risco para a saúde do consumidor", disse o co-autor Paul Keim, diretor do Center for Microbial Genetics and Genomics da Northern Arizona University.