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Bachelet defende direito de mulheres decidirem sobre aborto

O aborto terapêutico foi permitido no Chile por mais de meio século, até que o ditador Augusto Pinochet o proibiu de forma absoluta durante seu regime


	Michelle Bachelet: "Eu acredito que nós mulheres temos o direito de tomar essa decisão. Acredito firmemente nisso", disse a presidente chilena
 (Cristobal Saavedra/Reuters)

Michelle Bachelet: "Eu acredito que nós mulheres temos o direito de tomar essa decisão. Acredito firmemente nisso", disse a presidente chilena (Cristobal Saavedra/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de março de 2016 às 15h41.

Santiago do Chile - A presidente do Chile, Michelle Bachelet, defendeu nesta terça-feira que as mulheres têm o direito de decidir sobre o aborto, durante uma cerimônia de comemoração do Dia Internacional da Mulher realizado no Palácio de la Moneda.

"Eu acredito que nós mulheres temos o direito de tomar essa decisão. Acredito firmemente nisso", destacou Bachelet.

O aborto terapêutico foi permitido no Chile por mais de meio século, até que o ditador Augusto Pinochet o proibiu de forma absoluta durante seu regime (1973-1990).

Agora, um projeto de lei tenta permitir a prática em casos de inviabilidade do feto, risco de vida para mãe e quando a gravidez é produto de um estupro.

Nos três casos, a medida concede à mulher a liberdade de escolher entre a interrupção da gravidez ou na manutenção da criança.

No entanto, a proposta é alvo de fortes críticas por parte dos partidos conservadores, setores da governista Democracia Cristã e grupos que se autodenominam como "defensores da vida".

O projeto será votado ainda hoje na Comissão de Constituição da Câmara dos Deputados, antes de ser levado ao plenário. "É um passo histórico para afirmar os direitos das mulheres em todas as áreas", destacou a presidente do Chile.

Bachelet afirmou que as diferentes opiniões sobre o assunto são compreensíveis e legítimas, mas destacou que a tramitação do projeto avançou depois de um diálogo intenso e respeitoso, como exige a maior parte da sociedade do país.

Quem também defendeu o projeto é a ministra da Mulher, Claudia Pascual, que se disse convencida de que não se pode impor uma decisão às mulheres.

"Por isso criamos um projeto que oferece assistência de saúde e, ao mesmo tempo, acompanhamento seja qual for a decisão delas, segundo suas próprias convicções", explicou.

"Nosso projeto não obriga ninguém (a abortar), só reconhece a vontade das mulheres", frisou Pascual.

Durante a cerimônia, Bachelet também prestou homenagem às vítimas do feminicídios no Chile, especialmente às sete mulheres assassinadas por seus companheiros desde o início deste ano no país.

"Ficamos indignados por essas vidas roubadas, mas elas estão nos nossos pensamentos. Vamos redobrar os esforços para combater esse tipo de situação", completou a presidente do Chile.

"Basta! As mulheres não são objeto nem propriedade de ninguém, não podemos permitir que essa brutalidade seja banalizada. Temos que promover a consciência nacional e devemos atuar com ainda mais energia", afirmou Bachelet.

O Dia Internacional da Mulher é comemorado no Chile com uma série de atos organizados por universidades, diversas ONGs e outras instituições. No fim do dia, será realizada uma passeata no centro de Santiago, capital do país.

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