Comissária da ONU se diz "chocada" com tratamento dos EUA a imigrantes
Michelle Bachelet afirmou que muitos imigrantes estão em instalações superlotadas, sem acesso adequado a saúde e alimentação
Reuters
Publicado em 8 de julho de 2019 às 11h31.
Última atualização em 8 de julho de 2019 às 11h56.
Genebra — A chefe de direitos humanos da Organização das Nações Unidas ( ONU ), Michelle Bachelet, está "chocada" com as condições nas quais os Estados Unidos estão mantendo imigrantes e refugiados detidos, inclusive crianças, disse seu escritório em um comunicado nesta segunda-feira.
"Como pediatra, mas também como mãe e ex-chefe de Estado, estou profundamente chocada que crianças sejam forçadas a dormir no chão em instalações superlotadas, sem acesso adequado a cuidados de saúde ou alimentação, e com condições de saneamento ruins", disse Bachelet, segundo o comunicado.
O presidente dos EUA, Donald Trump , fez da repressão à imigração um dos pilares de seu governo e de sua campanha de reeleição para 2020.
Parlamentares democratas, de oposição, e ativistas de direitos civis que visitaram centros de detenção de imigrantes ao longo da fronteira EUA-México descreveram um cenário de pesadelo, marcado pela superlotação e pelo acesso inadequado a alimentação, água e outras necessidades básicas.
Na semana passada, o inspetor-geral do Departamento de Segurança Interna (DHS) publicou fotos de centros de acolhimento de imigrantes do Vale do Rio Grande, no Texas, com o dobro de pessoas para os quais foram construídos.
"Na maioria destes casos, os imigrantes e refugiados embarcaram em jornadas perigosas com seus filhos em busca de proteção e dignidade e longe da violência e da fome", disse Bachelet.
"Quando finalmente acreditam que chegaram em segurança, podem se ver separados de seus entes queridos e trancafiados em condições indignas. Isto nunca deveria acontecer em lugar nenhum".
A privação da liberdade de adultos deveria ser uma medida de último caso e durar o menor tempo possível, com salvaguardas legais e condições que cumprem padrões internacionais de direitos humanos, afirmou.
Deter uma criança, ainda que por períodos curtos e em boas condições, pode ter um impacto grave em sua saúde e seu desenvolvimento, acrescentou ela.
"O controle fronteiriço... não deveria se basear em políticas estreitas que visam somente detectar, deter e deportar rapidamente imigrantes irregulares".