Protesto: há dez dias, em sinal de protesto, centenas de muçulmanos decidiram realizar suas orações do lado de fora (Ronen Zvulun/Reuters)
AFP
Publicado em 25 de julho de 2017 às 13h42.
Autoridades muçulmanas de Jerusalém pediram aos fiéis que continuem boicotando a Esplanada das Mesquitas, apesar da decisão de Israel de retirar os polêmicos detectores de metais instalados nas entradas do terceiro lugar santo do Islã.
A decisão israelense foi motivada pela grande mobilização da comunidade internacional, preocupada com o possível aumento da violência.
Nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (25), os detectores de metais começaram a ser desmontados em um dos acessos à Esplanada, onde estão localizados a mesquita Al-Aqsa e o Domo da Rocha, segundo um jornalista da AFP no local.
Há dez dias, em sinal de protesto, centenas de muçulmanos decidiram realizar suas orações do lado de fora. Nesta terça, as forças de segurança israelenses mantinham sua vigilância no local.
"Não haverá ingressos na mesquita Al-Aqsa, na Esplanada, até que um comitê técnico do Waqf (organismo que administra os bens muçulmanos em Jerusalém Oriental) avalie a situação e que a situação volte ao que era antes de 14 de julho", afirmam as autoridades muçulmanas em uma nota.
O comunicado faz referência ao dia de um ataque contra policiais israelenses que levou Tel Aviv a instalar novos dispositivos de segurança, entre eles os detectores de metais.
"Não entrarei na mesquita de Al-Aqsa até que a situação volte ao normal (...) sem câmeras de vigilância, sem controles, sem detectores de metal", afirmou Widad Ali Nasser, uma mulher que rezava nesta terça perto de uma das entradas.
"Este movimento é um movimento das ruas", ressaltou o xeque Raed Dana, que integra o Waqf.
O gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu anunciou durante a noite a retirada dos detectores, seguindo "a recomendação de todos os órgãos de segurança".
Na semana passada, os violentos confrontos entre palestinos e as forças de segurança israelenses deixaram cinco palestinos mortos. Além disso, três civis israelenses foram assassinados por um palestino que entrou em um assentamento israelense na Cisjordânia ocupada.
A decisão de Israel foi anunciada após discussões com a Jordânia, encarregada de administrar os lugares santos muçulmanos em Jerusalém. E, hoje de manhã, o governo jordaniano informou o acordo fechado com Israel sobre o acesso à Esplanada das Mesquitas.
Em paralelo, as autoridades jordanianas anunciaram que vão permitir o retorno para Israel de um diplomata israelense acusado de ter matado dois jordanianos.
Jordânia e Israel firmaram um tratado de paz em 1994.
"Amã autorizou o diplomata israelense a deixar o país, depois de ter tomado sua declaração sobre o incidente que aconteceu na embaixada de Israel em Amã no domingo e após chegar a um 'acordo' com seu governo sobre Al-Aqsa", disse a mesma fonte à AFP, referindo-se à mesquita que se encontra na esplanada.
Segundo a polícia jordaniana, o israelense foi atacado em sua casa por um jordaniano e respondeu com tiros que mataram seu agressor e outro homem que estava no local.
Também nesta terça, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, pediu aos muçulmanos do mundo inteiro que "visitem" e "protejam" Jerusalém, na esteira da escalada de violência.
"Gostaria de lançar um apelo a todos os meus concidadãos e aos muçulmanos do mundo inteiro: que todos aqueles que tiverem os meios (...) façam uma visita a Jerusalém, à mesquita de Al-Aqsa", declarou Erdogan.
"Venham todos juntos proteger Jerusalém", insistiu.