Mundo

Áustria compara tratamento do refugiado na Hungria a nazismo

Encerrar refugiados em trens "desperta a recordação do período mais sombrio de nosso continente", disse chanceler austríaco


	Nazismo: "Encerrar aos montes os refugiados nos trens com a esperança de que vão para muito longe desperta a recordação do período mais sombrio de nosso continente", disse chanceler austríaco
 (Getty Images)

Nazismo: "Encerrar aos montes os refugiados nos trens com a esperança de que vão para muito longe desperta a recordação do período mais sombrio de nosso continente", disse chanceler austríaco (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2015 às 12h04.

O chanceler austríaco Werner Faymann criticou energicamente o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban comparando o tratamento dado aos refugiados que transitam pela Hungria com o período do nazismo.

"Encerrar aos montes os refugiados nos trens com a esperança de que vão para muito longe desperta a recordação do período mais sombrio de nosso continente", afirmou Faymann à revista alemã Der Spiegel.

"Viktor Orban se comporta de maneira irresponsável ao considerar todos os refugiados como se fossem migrantes econômicos. Realiza deliberadamente uma política de dissuasão", afirmou chanceler.

Segundo Orban, os refugiados sírios que chegam em massa à Europa e passam pela Hungria "não vêm de zonas de guerra, e sim de acampamentos situados na fronteira, onde estariam seguros".

"Os refugiados não vão para a Europa porque buscam segurança, e sim porque querem uma vida melhor do que levavam nos campos", afirmou Orban ao jornal alemão Bild. "Querem uma vida alemã, talvez uma vida sueca".

Orban, que tem sido muito criticado por sua atitude em relação à crise, defendeu na sexta-feira o tratamento dado pela polícia de seu país contra o que chamou de "migrantes rebeldes", mas se negou a comentar um vídeo que mostra as más condições refugiados vivem em um acampamento.

"Eles não querem cooperar com as autoridades. Na realidade, eles se rebelaram contra a lei húngara", declarou Orban falando à imprensa em Budabest.

Esta semana, em várias oportunidades, inúmeros imigrantes abriram passagem através de cordões policiais perto da fronteira com a Sérvia ou fugiram de um campo instalado para cadastrar as pessoas que chegam ao país.

A polícia húngara assinalou nesta sexta que ordenou a abertura de uma investigação para determinar os fatos depois da difusão de um vídeo gravado de forma escondida no interior do maior acampamento de refugiados na Hungria, na fronteira com a Sérvia.

O vídeo, feito de maneira oculta por uma voluntária austríaca que trabalhou no campo de Roszke, mostra 150 migrantes dentro de um cercado em um grande salão.

Eles tentam desesperadamente pegar os sanduíches lançados por policiais húngaros, que usam capacetes e máscaras.

Entre a multidão estão mulheres e crianças, que tentam segurar os sanduíches jogados no local, enquanto as pessoas que estão mais ao fundo tentam chamar a atenção das pessoas que distribuem comida.

O governo conservador húngaro concluiu em agosto uma cerca de arame ao longo da fronteira de 175 km com a Sérvia, mas isto não parece representar um obstáculo para a chegada dos migrantes.

Uma nova barreira, de quatro metros de altura, está sendo construída e deve ser concluída no fim de outubro ou início de novembro.

Budapeste anunciou nesta sexta-feira que mobilizará até 3.800 soldados para reforçar a barreira anti-imigrantes na fronteira com a Sérvia.

Durante o período nazista, entre 1933 e 1955, o regime de Adolfo Hitler enviou em trens seis milhões de judeus, assim como opositores políticos a campos de extermínio. Em 1944, os judeus da Hungria foram enviados para o campo de Auschwitz.

Acompanhe tudo sobre:ÁustriaEuropaHungriaNazismoPaíses ricosRefugiados

Mais de Mundo

Delta e American Airlines retomam voos após apagão online global

OMS confirma detecção do vírus da poliomielite no sul e no centro de Gaza

Europa está em alerta vermelho por intensa onda de calor com incêndios e invasões de gafanhotos

Apagão cibernético: Governos descartam suspeitas de ataques hacker e mantêm contatos com Microsoft

Mais na Exame