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Austrália faz aceno à Turquia, mas impasse sobre sede da próxima COP segue

Se países não chegarem a um consenso, evento do próximo ano pode acontecer na Alemanha

Pavilhões da Austrália e Turquia na COP30 (Eduardo Frazão/Exame)

Pavilhões da Austrália e Turquia na COP30 (Eduardo Frazão/Exame)

Luciano Pádua
Luciano Pádua

Editor de Macroeconomia

Publicado em 18 de novembro de 2025 às 17h13.

BELÉM, PARÁ - A disputa entre Austrália e Turquia, cujos pavilhões de ambos os países são contíguos na Zona Azul da COP30, como mostra a fotografia que ilustra essa reportagem, para sediar a próxima Conferência das Partes da ONU (COP31) ganhou corpo durante a COP30, que acontece em Belém, no Pará. O desfecho do impasse precisa acontecer nos próximos dias.

Nesta terça-feira, 18, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, afirmou que toparia ceder a preferência para os turcos caso uma cúpula de líderes acontecesse na região do Pacífico.

Segundo o Australian Financial Review, a reunião de líderes poderia ocorrer em conjunto com o Fórum das Ilhas do Pacífico do próximo ano, que será realizado em Palau, ainda sem data.

Depois da declaração de Albanese, um porta-voz do governo australiano buscou esclarecer as declarações, observando que a Turquia não havia sido escolhida como sede e a Austrália tinha o apoio esmagador dos países.

“A Turquia não deveria nos bloquear, assim como nós não os bloquearíamos se a situação fosse inversa”, disse o porta-voz, segundo o The Guardian. “Mas, é claro, continuaremos a negociar com a Turquia de boa-fé para alcançar um resultado que seja do melhor interesse do Pacífico e do nosso interesse nacional.”

Segundo as regras da Organização das Nações Unidas, somente um país pode ser escolhido -- e isso precisa ser feito em consenso pelos participantes da COP. Se nenhuma das nações desistir, ambas perderiam a oportunidade.

Nesse caso, o evento aconteceria em Bonn, na Alemanha. Fica lá a sede do UNFCCC, órgão da ONU que organiza as COPs, e as regras ditam que caso não haja consenso entre os países para sediar a conferência, ela aconteceria no local de sua sede. Coincidentemente ou não, o estande alemão na COP fica a poucos metros dos pavilhões de Austrália e Turquia.

“Há uma preocupação considerável, não apenas no Pacífico, mas também internacionalmente, de que isso [a COP31 acontecer na Alemanha] não enviaria um bom sinal sobre a unidade necessária para que o mundo aja em relação ao clima", afirmou Albanese, segundo o jornal The Guardian. "E se a Austrália não for escolhida, se a Turquia for escolhida, nós não tentaríamos vetar isso.”

Pavilhão da Turquia na COP30: país disputa com Austrália para sediar próxima COP

'Lutando muito'

A declaração contrasta com pronunciamentos recentes do governo australiano. Na segunda-feira, 17, o Ministro do Clima da Austrália, Chris Bowen, lançou em Belém uma ofensiva final para sediar a próxima COP. Segundo ele, a nação está "lutando muito" para vencer a candidatura rival da Turquia.

Ontem, 17, as autoridades australianas haviam negado uma proposta turca de que a presidência da conferência de 2026 fosse compartilhada por ambas as nações. O país alegou que não era viável dividir essas responsabilidades complexas entre dois países distantes.

"Estamos lutando muito", disse Bowen à AFP após promover a candidatura australiana em um evento público ao lado do pavilhão nacional da Turquia, onde falou sobre "vencer a disputa pela COP31 esta semana". "Não sabemos como vai ser. Mas estamos na disputa para ganhar."

Bowen procuraria uma solução diplomática por meio de reuniões bilaterais com o Ministro do Clima turco, Murat Kurum, segundo apuração da AFP.

Primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese: ausência do chefe de Estado esteve entre as mais sentidas na Cúpula dos Líderes (HILARY WARDHAUGH/AFP /Getty Images)

Segundo as regras da COP, a responsabilidade de acolher o evento é rotativa entre cinco blocos de países.

Em 2026, essa responsabilidade caberá ao bloco dos "Estados da Europa Ocidental e Outros Estados" – cerca de vinte e quatro países, na sua maioria europeus, mas também Turquia, Austrália, Canadá e alguns outros.

Cada nação insiste que tem apoio para obter o direito de acolher o evento, mas entende-se que não existe um mecanismo para forçar uma votação na ausência de consenso.

Candidaturas rivais para sediar a COP não são inéditas, mas nenhuma jamais chegou a um impasse como este, segundo a AFP.

Como seria a COP na Austrália

Se bem-sucedida, a Austrália co-organizaria o evento com nações insulares do Pacífico ameaçadas pela elevação do nível do mar, tempestades e outros desastres provocados pelas mudanças climáticas.

Chefe da delegação de Tonga, Paula Pouvalu Ma'u disse à AFP que todas as nações insulares do Pacífico apoiavam a Austrália. "Vamos chamá-la de COP do Pacífico", disse. "Estamos esperançosos."

Um funcionário da UNFCCC disse à AFP que, se não houver uma decisão em Belém, a mesa diretora da COP poderá tecnicamente tomar uma decisão posteriormente, mas ainda assim será necessário o consenso do grupo regional.

Ausência sentida

Apesar do impasse, uma das ausências mais emblemáticas da Cúpula de Líderes foi a de Albanese. Bower, titular da pasta de Mudanças Climáticas e Energia, chegou somente nesta semana a Belém.

A decisão de Albanese pegou mal. Ao justificar que viria ao Brasil "se isso fizesse alguma diferença", o primeiro-ministro deixa escapar a oportunidade de estar em Belém para as negociações fundamentais que podem decidir se seu país sediará a próxima cúpula.

Jennifer Morgan, ex-enviada climática da Alemanha e peça-chave na liderança das negociações sobre o fundo de "perdas e danos" na COP27, não poupou críticas em entrevista ao The Guardian.

Segundo ela, a presença de Albanese "enviaria um sinal muito claro ao mundo de que a Austrália está muito séria" com sua candidatura.

Com a COP31 a um ano de distância, o tempo está se esgotando.

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