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Austeridade pode afetar igualdade entre homens e mulheres

Para a OCDE, a centralização dos esforços para a volta ao trabalho de pessoas desempregadas por causa da crise pode tirar o foco da questão da igualdade de gênero


	Caixa eletrônico em Atenas: a força de trabalho feminina é um fator de desenvolvimento econômico, diz a OCDE
 (Louisa Gouliamaki/AFP)

Caixa eletrônico em Atenas: a força de trabalho feminina é um fator de desenvolvimento econômico, diz a OCDE (Louisa Gouliamaki/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2012 às 14h35.

Paris - As políticas de austeridade adotadas por alguns países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) para lutar contra a crise podem agravar a situação das mulheres no mercado de trabalho nos próximos anos, indicou o órgão nesta segunda-feira.

"Em alguns países, a política de austeridade e a centralização dos esforços para a volta ao trabalho de pessoas que ficaram desempregadas por causa da crise pode tirar o foco da questão da igualdade entre homens e mulheres", afirmou a OCDE em um boletim publicado nesta segunda-feira.

Contudo, a força de trabalho feminina é um fator de desenvolvimento econômico, diz a OCDE, que calcula que uma convergência total das taxas de atividade dos homens e das mulheres permitiria um crescimento do PIB de 12% em 20 anos.

A OCDE julga também que "a redução das despesas públicas que enfraquecem as políticas familiares pode ser prejudicial às mulheres, em particular às mães solteiras".

Além disso, "as reduções dos postos no setor público, anunciadas ou já colocadas em andamento em vários países, agravarão ainda mais a situação das mulheres no mercado de trabalho nos próximos anos".

O boletim teme também "um efeito desanimador, principalmente nas mulheres com um bom nível de estudo e que, vendo a recessão piorar, podem renunciar à atividade profissional".


Por outro lado, "os programas públicos de ajuda têm como objetivo suavizar os efeitos da perda do emprego nos setores de maioria masculina (fábricas, por exemplo)".

Porém, durante o período 2008-2009, a contratação de mulheres sofreu menos com a crise do que a de homens, que foram "os que mais sofreram com o crescimento do desemprego". "Nos piores momentos da crise, as taxas de desemprego das mulheres eram em média ligeiramente inferiores a dos homens", diz o relatório da OCDE.

Já no ano seguinte, em 2009, "a taxa de desemprego entre as mulheres continuou aumentando, enquanto para os homens ela diminuía, ou aumentava de maneira menos rápida".

"As recessões anteriores parecem mostrar que, apesar de os homens correrem mais riscos de perder o emprego, eles também possuem mais chances de encontrar outro trabalho quando a economia volta a crescer", explicou a OCDE.

Além das questões de gênero, a OCDE divulgou recentemente uma análise que apontava que a crise econômica estava atingindo mais os imigrantes do que as populações nativas, em particular nos países mais afetados, como Irlanda, Espanha ou Itália.

Nestes países, grandes receptores de trabalhadores estrangeiros nos últimos anos, os "imigrantes foram afetados de maneira desproporcional pelo desemprego", alerta o estudo "Encontrar suas marcas: os indicadores da OCDE sobre a integração dos imigrados 2012".

Isto se deve, em parte, ao fato de trabalharem principalmente nos setores mais afetados pela crise e pertencerem aos "grupos mais vulneráveis no mercado de trabalho, como os jovens ou as pessoas com pouca formação", disse a OCDE.

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