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Auditoria eleitoral começa na Venezuela sem Capriles

Os termos da auditoria foram anunciados pelo CNE no último sábado, mais de uma semana depois de o órgão ter se comprometido a atender ao pedido de Capriles

"A auditoria que pretendem fazer é uma farsa", denunciou Capriles, porque, segundo ele, não dará acesso aos registros de votação (Leo Ramirez/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2013 às 19h57.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano inicia nesta segunda-feira a auditoria da eleição presidencial com uma reunião técnica com os partidos políticos, que não deve ter a presença da oposição.

Após as eleições de 14 de abril, o candidato e líder opositor Henrique Capriles condicionou seu reconhecimento do resultado das urnas à realização de uma auditoria. Capriles já rejeitou o processo de revisão, por não considerá-lo exaustivo.

Os termos da auditoria foram anunciados pelo CNE no último sábado, mais de uma semana depois de o órgão ter se comprometido a atender ao pedido de Capriles. Um ponto crucial considerado pela oposição para provar as supostas irregularidades não será, porém, incluído na análise: a revisão dos registros de votação, que contêm o padrão eleitoral.

O chavista Nicolás Maduro derrotou Capriles por 1,49 ponto percentual, revelam dados do CNE atualizados nesta segunda-feira, com os resultados do exterior. Dos 57.992 votos registrados, a oposição levou 93,13%.

"A auditoria que pretendem fazer é uma farsa", denunciou Capriles, porque, segundo ele, não dará acesso aos registros de votação. Para o líder da oposição, em declarações nesta segunda, eles "são o único instrumento que personaliza o voto".

No sábado, o CNE declarou que as exigências de Capriles para a auditoria são "impossíveis" de aprovar, já que "não estão previstas no ordenamento jurídico". Diante disso, a oposição decidiu impugnar a eleição, recorrendo à Justiça nos próximos dias.

Nem Maduro, nem seu gabinete se pronunciaram sobre o processo do CNE.

O cronograma da auditoria começa a ser seguido nesta segunda, com uma reunião técnica do órgão eleitoral e dos partidos políticos que quiserem participar. No encontro, será definida a amostra aleatória a ser auditada de 46% das mesas que não foram submetidas à revisão no mesmo dia da votação.


Segundo o regulamento eleitoral, 54% das mesas já foram submetidas à auditoria em 14 de abril, em um processo que inclui abrir as caixas, contar as cédulas de voto e comparar o resultado dessa contagem com a ata de apuração, transmitida de forma eletrônica ao CNE. A auditoria verifica também se o número de votantes que assinaram o registro de votação coincide com o número de votos emitidos, mas não supõe uma revisão qualitativa desses cadernos. Desse modo, seria possível verificar as assinaturas e impressões digitais de cada eleitor.

Capriles denunciou que há "mortos (que) aparecem votando", além de outras irregularidades que poderiam ser verificadas somente com a revisão de cada caderno, pois eles têm "a prova de que o voto corresponde com quem o exerceu".

Hoje, a imprensa local citava fontes do comando opositor, segundo as quais eles estão cientes de que "as atas (eletrônicas da apuração) dizem o que as cédulas dizem". Por isso, ao não incluir a revisão dos cadernos, a auditoria "limitada" do CNE sairá limpa.

Os reitores do CNE também anteciparam que, "por nenhum motivo, a auditoria afeta os resultados eleitorais emitidos" em 14 de abril.

A recontagem dos votos, que deve ser concluída no início de junho, começará em 6 de maio e será realizada em três ciclos de dez dias cada. Esse processo começa, portanto, depois que as amostras forem definidas, e outros aspectos técnicos, acertados.

Para o Observatório Eleitoral Venezuelano (OEV), ao tomar a decisão de "realizar o trabalho de auditoria solicitado, mas excluindo a revisão dos registros de votação, o CNE deixa em aberto a crise pós-eleitoral".

A decisão do órgão "não é suficiente para esclarecer as dúvidas razoáveis apresentadas pelo candidato Capriles, a respeito do resultado da eleição", avaliou o OEV, que supervisionou o processo eleitoral.


A onda de violência vivida no país durante os protestos da oposição, depois da eleição, deixou nove mortos. Capriles culpa o governo pelo episódio.

Nesta segunda, será apresentado à Justiça o ex-general Antonio Rivero, detido no sábado. Ele teria organizado um protesto de estudantes, em um ato que a oposição classifica de "fascismo" e "perseguição".

Segundo a lei eleitoral, Capriles tem até 6 de maio para tentar impugnar os resultados eleitorais no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ).

"O próximo passo, como já indiquei, será a impugnação para esgotar tudo quanto é instância interna, porque não tenho qualquer dúvida de que isso vai terminar em instâncias internacionais", declarou ele à imprensa local.

Capriles disse que seu objetivo é que a eleição seja refeita, de forma parcial, nas mesas onde forem constatadas irregularidades.

Contrário ao governo chavista, o jornal Tal Cual comentou que não se deve esperar "nenhum resultado concreto" da impugnação no TSJ , diante da "impunidade jurídica" venezuelana.

Em paralelo, Capriles e outros líderes da MUD conversam sobre recorrer a organismos internacionais para denunciar o que o líder da oposição chamou de "roubo" nas eleições.

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Após as eleições de 14 de abril, o candidato e líder opositor Henrique Capriles condicionou seu reconhecimento do resultado das urnas à realização de uma auditoria. Capriles já rejeitou o processo de revisão, por não considerá-lo exaustivo.

Os termos da auditoria foram anunciados pelo CNE no último sábado, mais de uma semana depois de o órgão ter se comprometido a atender ao pedido de Capriles. Um ponto crucial considerado pela oposição para provar as supostas irregularidades não será, porém, incluído na análise: a revisão dos registros de votação, que contêm o padrão eleitoral.

O chavista Nicolás Maduro derrotou Capriles por 1,49 ponto percentual, revelam dados do CNE atualizados nesta segunda-feira, com os resultados do exterior. Dos 57.992 votos registrados, a oposição levou 93,13%.

"A auditoria que pretendem fazer é uma farsa", denunciou Capriles, porque, segundo ele, não dará acesso aos registros de votação. Para o líder da oposição, em declarações nesta segunda, eles "são o único instrumento que personaliza o voto".

No sábado, o CNE declarou que as exigências de Capriles para a auditoria são "impossíveis" de aprovar, já que "não estão previstas no ordenamento jurídico". Diante disso, a oposição decidiu impugnar a eleição, recorrendo à Justiça nos próximos dias.

Nem Maduro, nem seu gabinete se pronunciaram sobre o processo do CNE.

O cronograma da auditoria começa a ser seguido nesta segunda, com uma reunião técnica do órgão eleitoral e dos partidos políticos que quiserem participar. No encontro, será definida a amostra aleatória a ser auditada de 46% das mesas que não foram submetidas à revisão no mesmo dia da votação.


Segundo o regulamento eleitoral, 54% das mesas já foram submetidas à auditoria em 14 de abril, em um processo que inclui abrir as caixas, contar as cédulas de voto e comparar o resultado dessa contagem com a ata de apuração, transmitida de forma eletrônica ao CNE. A auditoria verifica também se o número de votantes que assinaram o registro de votação coincide com o número de votos emitidos, mas não supõe uma revisão qualitativa desses cadernos. Desse modo, seria possível verificar as assinaturas e impressões digitais de cada eleitor.

Capriles denunciou que há "mortos (que) aparecem votando", além de outras irregularidades que poderiam ser verificadas somente com a revisão de cada caderno, pois eles têm "a prova de que o voto corresponde com quem o exerceu".

Hoje, a imprensa local citava fontes do comando opositor, segundo as quais eles estão cientes de que "as atas (eletrônicas da apuração) dizem o que as cédulas dizem". Por isso, ao não incluir a revisão dos cadernos, a auditoria "limitada" do CNE sairá limpa.

Os reitores do CNE também anteciparam que, "por nenhum motivo, a auditoria afeta os resultados eleitorais emitidos" em 14 de abril.

A recontagem dos votos, que deve ser concluída no início de junho, começará em 6 de maio e será realizada em três ciclos de dez dias cada. Esse processo começa, portanto, depois que as amostras forem definidas, e outros aspectos técnicos, acertados.

Para o Observatório Eleitoral Venezuelano (OEV), ao tomar a decisão de "realizar o trabalho de auditoria solicitado, mas excluindo a revisão dos registros de votação, o CNE deixa em aberto a crise pós-eleitoral".

A decisão do órgão "não é suficiente para esclarecer as dúvidas razoáveis apresentadas pelo candidato Capriles, a respeito do resultado da eleição", avaliou o OEV, que supervisionou o processo eleitoral.


A onda de violência vivida no país durante os protestos da oposição, depois da eleição, deixou nove mortos. Capriles culpa o governo pelo episódio.

Nesta segunda, será apresentado à Justiça o ex-general Antonio Rivero, detido no sábado. Ele teria organizado um protesto de estudantes, em um ato que a oposição classifica de "fascismo" e "perseguição".

Segundo a lei eleitoral, Capriles tem até 6 de maio para tentar impugnar os resultados eleitorais no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ).

"O próximo passo, como já indiquei, será a impugnação para esgotar tudo quanto é instância interna, porque não tenho qualquer dúvida de que isso vai terminar em instâncias internacionais", declarou ele à imprensa local.

Capriles disse que seu objetivo é que a eleição seja refeita, de forma parcial, nas mesas onde forem constatadas irregularidades.

Contrário ao governo chavista, o jornal Tal Cual comentou que não se deve esperar "nenhum resultado concreto" da impugnação no TSJ , diante da "impunidade jurídica" venezuelana.

Em paralelo, Capriles e outros líderes da MUD conversam sobre recorrer a organismos internacionais para denunciar o que o líder da oposição chamou de "roubo" nas eleições.

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