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Atleta dos EUA compete com véu para combater intolerância

A participação de Muhammad nos Jogos Olímpicos de 2016 chega em meio a uma campanha presidencial nos Estados Unidos, marcada pela retórica contra o Islã

Islã: a participação de Muhammad nos Jogos Olímpicos de 2016 chega em meio a uma campanha presidencial nos Estados Unidos, marcada pela retórica contra o Islã (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2016 às 12h17.

A esgrimista Ibtihaj Muhammad quer ajudar a combater o fanatismo quando se tornar a primeira esportista americana a competir nos Jogos Olímpicos usando um véu muçulmano .

A atleta, uma articulada afro-americana e muçulmana de 30 anos, saltou para a fama em janeiro, após conquistar vaga na equipe olímpica dos Estados Unidos no Mundial da Grécia.

A participação de Muhammad nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016 chega em meio a uma campanha presidencial nos Estados Unidos, marcada pela retórica contra o Islã, enquanto ameaças e o vandalismo contra mesquitas alcançaram um recorde histórico no ano passado.

É um clima muito familiar para Muhammad, que enfrentou a discriminação desde a infância porque a combinação de sua cor de pele e o véu que usava com frequência atraía olhares inquisidores e insultos.

De fato, parte da atração pela esgrima foi porque o esporte permitia que Muhammad se integrasse mais ou menos sem problemas.

"Testei diferentes esportes quando era jovem e minha mãe e eu passamos um dia de carro perto de um colégio e vimos um grupo praticando esgrima", lembrou.

"Minha mãe viu que usavam calças largas e camisetas de manga comprida e, não sabia que esporte era, mas quis que eu tentasse porque se ajustava às minhas crenças religiosas", afirmou.

Muhammad não estava muito convencida a princípio, mas persistiu quando se deu conta de que o esporte podia ser um passaporte para uma educação melhor.

"As dez melhores escolas do país tinham programas de esgrima, sendo assim a vi como uma porta de entrada e por isso insisti", disse Muhammad, que acabou se formando em relações internacionais e estudos africanos na respeitada Universidade de Duke em 2007.

Mudando atitudes

Muhammad tem a esperança de que seu périplo olímpico ajude um pouco a mudar as atitudes vistas na campanha eleitoral dos Estados Unidos.

"É um ambiente político difícil o que estamos vivendo, não é fácil", disse Muhammad.

"Os muçulmanos estão sendo examinados com lupa e espero mudar a imagem que as pessoas têm das muçulmanas", acrescentou.

"Sei", continuou, "que as muçulmanas são muito diversas, especialmente aqui nos Estados Unidos. Viemos em diferentes formas, cores e tamanhos, de origens diferentes, e somos membros produtivos da sociedade. Quero que as pessoas o vejam".

O candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, tem sido acusado de fomentar o sentimento antimuçulmano, e chegou a defender que se proíba a entrada no país dos fiéis desta religião.

Diplomaticamente, Muhammad se negou a especular como seria a vida dos muçulmanos se Trump for eleito presidente dos Estados Unidos em novembro.

De qualquer forma, insistiu, ela quer ajudar a melhorar as coisas com um bom desempenho no Rio.

"Lembro que quando criança, me dizia que não pertencia a este esporte por causa da minha cor de pele, porque era muçulmana. Assim, se puder ser um motivo de mudança para outras minorias, me sentiria afortunada".

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A esgrimista Ibtihaj Muhammad quer ajudar a combater o fanatismo quando se tornar a primeira esportista americana a competir nos Jogos Olímpicos usando um véu muçulmano .

A atleta, uma articulada afro-americana e muçulmana de 30 anos, saltou para a fama em janeiro, após conquistar vaga na equipe olímpica dos Estados Unidos no Mundial da Grécia.

A participação de Muhammad nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016 chega em meio a uma campanha presidencial nos Estados Unidos, marcada pela retórica contra o Islã, enquanto ameaças e o vandalismo contra mesquitas alcançaram um recorde histórico no ano passado.

É um clima muito familiar para Muhammad, que enfrentou a discriminação desde a infância porque a combinação de sua cor de pele e o véu que usava com frequência atraía olhares inquisidores e insultos.

De fato, parte da atração pela esgrima foi porque o esporte permitia que Muhammad se integrasse mais ou menos sem problemas.

"Testei diferentes esportes quando era jovem e minha mãe e eu passamos um dia de carro perto de um colégio e vimos um grupo praticando esgrima", lembrou.

"Minha mãe viu que usavam calças largas e camisetas de manga comprida e, não sabia que esporte era, mas quis que eu tentasse porque se ajustava às minhas crenças religiosas", afirmou.

Muhammad não estava muito convencida a princípio, mas persistiu quando se deu conta de que o esporte podia ser um passaporte para uma educação melhor.

"As dez melhores escolas do país tinham programas de esgrima, sendo assim a vi como uma porta de entrada e por isso insisti", disse Muhammad, que acabou se formando em relações internacionais e estudos africanos na respeitada Universidade de Duke em 2007.

Mudando atitudes

Muhammad tem a esperança de que seu périplo olímpico ajude um pouco a mudar as atitudes vistas na campanha eleitoral dos Estados Unidos.

"É um ambiente político difícil o que estamos vivendo, não é fácil", disse Muhammad.

"Os muçulmanos estão sendo examinados com lupa e espero mudar a imagem que as pessoas têm das muçulmanas", acrescentou.

"Sei", continuou, "que as muçulmanas são muito diversas, especialmente aqui nos Estados Unidos. Viemos em diferentes formas, cores e tamanhos, de origens diferentes, e somos membros produtivos da sociedade. Quero que as pessoas o vejam".

O candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, tem sido acusado de fomentar o sentimento antimuçulmano, e chegou a defender que se proíba a entrada no país dos fiéis desta religião.

Diplomaticamente, Muhammad se negou a especular como seria a vida dos muçulmanos se Trump for eleito presidente dos Estados Unidos em novembro.

De qualquer forma, insistiu, ela quer ajudar a melhorar as coisas com um bom desempenho no Rio.

"Lembro que quando criança, me dizia que não pertencia a este esporte por causa da minha cor de pele, porque era muçulmana. Assim, se puder ser um motivo de mudança para outras minorias, me sentiria afortunada".

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