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Atentado na Síria atinge Exército; oposição tenta se unir

A explosão de um carro-bomba, que carregava uma tonelada de explosivos, segundo a agência de notícias Sana, foi um dos golpes mais duros contra o Exército

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2012 às 16h02.

Damasco - Ao menos 50 membros das forças do regime sírio morreram nesta segunda-feira em um atentado suicida no centro do país, enquanto a oposição analisava em Doha maneiras de unir suas forças, após 20 meses de conflito e esforços diplomáticos sem resultados.

A explosão de um carro-bomba, que carregava uma tonelada de explosivos, segundo a agência de notícias Sana, foi um dos golpes mais duros contra o Exército desde o início de uma revolta popular em março de 2001, que se transformou em conflito armado.

O ataque suicida foi praticado por um combatente da Frente Al-Nusra, um grupo islamita radical presente em todo o país, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Um outro atentado deixou cinco mortos e dezenas de feridos em uma praça do bairro de Mazzeh, que abriga embaixadas e prédios da Segurança, no oeste de Damasco, de acordo com o OSDH.

Os rebeldes também registram um grande número de perdas durante o dia.

Cerca de 20 insurgentes morreram em um ataque da aviação na província de Idleb, no noroeste da Síria, onde muitas casas foram destruídas.

Nesta segunda-feira, a violência causou 118 mortes, entre elas as de 55 soldados, segundo um registro provisório.


Em Aleppo (norte) o principal depósito do Crescente Vermelho pegou fogo e estoques inteiros de cobertores, alimentos e produtos de limpeza que seriam utilizados no inverno viraram fumaça.

De acordo com Samir, um farmacêutico de 37 anos morador de Aleppo, os combates atingiram um nível de violência jamais visto.

"Faz quase uma semana que passamos as noites aterrorizados. Ouvimos disparos de armas automáticas, de tanques e explosões", relatou à AFP. "Esta noite, os combates foram os piores", com apenas uma hora ou duas de interrupção.

Também foram registrados confrontos nas proximidades do aeroporto internacional de Aleppo, segundo o OSDH, que se baseia em uma extensa rede de militantes e de médicos em todo o país.

Além disso, nas últimas 24 horas mais de 30 pessoas morreram no campo palestino de Yarmuk, em Damasco, em confrontos entre o Exército sírio e os rebeldes.

Mais de meio milhão de refugiados palestinos estão instalados na Síria e, segundo o OSDH, combatentes palestinos participam dos combates, alguns ao lado do regime e outros da rebelião.

Enquanto a violência não dá trégua no terreno, a comunidade internacional continua impotente, paralisada por suas divergências.

Com isso, nenhuma solução foi encontrada durante a reunião no Cairo entre o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, o enviado internacional Lakhdar Brahimi e o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi. "Não houve acordo sobre nada", admitiu o al- Arabi.


Lavrov acusou os países que apoiam os rebeldes, entre eles os Estados árabes do Golfo e as potências ocidentais, de incentivarem a violência.

Ele também afirmou que seu país forneceu para a Síria equipamentos de defesa aérea para ajudar "contra ameaças externas", sem especificar quais.

Enquanto os rebeldes registraram novos avanços no domingo, tomando o controle de um dos principais campos de petróleo do país e derrubando um dos caças-bombardeiros do regime, a oposição tenta manter sua credibilidade.

O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão de oposição, considerou em um comunicado que as críticas a sua falta de representatividade são "parcialmente justificadas", ressaltando que o grupo não pode ser substituído, enquanto alguns exigem a formação de um governo no exílio.

Esse comunicado foi apresentado após o primeiro dia de uma reunião do CNS em Doha, ofuscada pelos preparativos de uma reunião marcada para quinta-feira, por iniciativa do ex-deputado Riad Seif, que quer formar uma nova direção política.

Em uma tentativa de recuperar o controle, o CNS se expandiu para 13 novos grupos de oposição.

Para os Comitês Locais de Coordenação (LCC), que organizam a rebelião no terreno, "não é aceitável sob quaisquer circunstâncias continuar no caminho da revolução sem uma gestão política unificada e eficaz".

O ex-primeiro-ministro Riad Hijab, que deixou o governo este ano, reuniu-se com o chanceler turco Ahmet Davutoglu para abordar a "reorganização da oposição", segundo uma fonte diplomática turca.

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