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Atentado na Austrália: tudo o que se sabe até agora

Massacre em Sydney no domingo atingiu festa judaica e matou 15 pessoas


Homenagens aos mortos do ataque na praia de Bondi, em Sydney, na segunda, 15 de dezembro (Saeed Khan/AFP)

Homenagens aos mortos do ataque na praia de Bondi, em Sydney, na segunda, 15 de dezembro (Saeed Khan/AFP)

Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 10h25.

Um ataque a tiros em Sydney, na Austrália, no domingo, 14, matou ao menos 15 pessoas, durante uma festa judaica na praia de Bondi. O atentado teve repercussão mundial e deverá levar a Austrália a rever suas regras de acesso a armas.

As autoridades australianas concordaram, nesta segunda-feira (15), em endurecer as leis sobre porte de armas, um dia após o ataque.

O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, convocou uma reunião com os governadores dos estados e territórios australianos e concordou com eles em "fortalecer as leis de armas em todo o país".

O gabinete de Albanese informou que eles concordaram em explorar maneiras de aprimorar a verificação de antecedentes para proprietários de armas de fogo, impedir que estrangeiros obtenham licenças para porte de armas e limitar os tipos de armas legalizadas.

Veja a seguir tudo o que se sabe sobre o ataque.

O que foi o massacre na Austrália?

Dois atiradores abriram fogo contra uma multidão que celebrava o feriado judaico de Hannukah no domingo, dia 14, na praia de Bondi, em Sydney, Austrália.

Ao todo, 15 pessoas morreram, incluindo uma menina de 10 anos, um rabino e um sobrevivente do Holocausto. Outras 42 pessoas foram hospitalizadas, segundo a polícia.

Como foi feito o ataque na Austrália?

Os agressores agiram a partir de um calçadão que levava à praia, que estava lotada de banhistas em uma tarde quente de verão.

Quase mil pessoas estavam reunidas na praia de Bondi para celebrar o feriado judaico do Hanukkah, informou a polícia.

O ataque começou por volta das 18h30 na hora local. Usando armas longas, eles dispararam contra a área por 10 minutos até que a polícia matou o pai, de 50 anos. O filho, de 24, foi preso e está hospitalizado com ferimentos graves.

Durante o ataque, algumas pessoas correram para a praia para resgatar crianças, socorrer os feridos e confrontar os atiradores. Os australianos aclamaram como "herói" um homem que lutou com um dos atiradores, desarmando-o e salvando muitas vidas.

O canal de notícias local 7News identificou o "herói" como Ahmed al-Ahmed, de 43 anos, um vendedor de frutas, que teria sido baleado duas vezes e está hospitalizado.

Quem cometeu o ataque na Austrália?

Os autores do ataque foram identificados como Sajid Akram, 50 anos, e Naveed Akram, 24. Eles são pai e filho.

O pai, Sajid, foi morto pela polícia e seu filho está internado no hospital em estado grave.

Sajid tinha licença para postar armas, e possuía seis armas de fogo registradas em seu nome. Ele chegou à Austrália em 1998, com um visto de estudante e depois obteve um visto de residência.

Seu filho, Naveed, é um cidadão australiano nascido no país. Ele já havia sido investigado, em 2019, por suspeita de integrar uma célula do Estado Islâmico.

Praia de Bondi, em Sydney, local do ataque de domingo (Saeed Khan/AFP)

Qual a razão do ataque na Austrália?

A polícia ainda está investigando a motivação do crime, mas as autoridades afirmaram que o ataque foi claramente planejado para aterrorizar a comunidade judaica.

Duas bandeiras do grupo terrorista Estado Islâmico foram encontradas no carro do atirador, segundo o canal local ABC News.

"O que vimos ontem foi um ato de pura maldade, um ato de antissemitismo, um ato de terrorismo em nossas praias", disse o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, antes de depositar um buquê de flores no local do ataque, nesta segunda-feira, 15.

Uma série de ataques antissemitas semeou o medo entre as comunidades judaicas na Austrália após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra em Gaza.

Nos meses que antecederam este novo ataque, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o governo australiano de "alimentar o fogo do antissemitismo".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou o ataque como um ato "puramente antissemita".

O governo australiano acusou o Irã este ano de orquestrar uma recente onda de ataques antissemitas e expulsou o embaixador de Teerã há quase quatro meses.

Teerã ordenou o ataque incendiário a um café kosher no subúrbio de Bondi, em Sydney, em outubro de 2024, e um grande ataque à sinagoga Adass Israel, em Melbourne, em dezembro do mesmo ano, segundo informações da inteligência australiana divulgadas em agosto.

O que é o Hannukkah?

O Hanukkah relembra a reconquista do Segundo Templo de Jerusalém pelo povo judeu no século II antes de Cristo. À época, o rei Antíoco IV havia proibido as práticas religiosas judaicas e imposto o culto aos deuses gregos no templo. A revolta liderada pelo sacerdote Matatias e por Judas Macabeu resultou na retomada do local e na restauração do altar, permitindo que os rituais judaicos fossem novamente praticados.

Um dos símbolos centrais da festa é o candelabro de nove pontas, chamado hanukkiah. Segundo a tradição, durante a retomada do templo havia óleo suficiente para manter a chama acesa por apenas uma noite, mas ele teria durado oito dias, o que passou a ser lembrado como um milagre.

Por isso, o Hanukkah é celebrado ao longo de oito noites, com o acendimento progressivo das velas. A festividade também inclui jogos tradicionais, como o dreidel, e comidas típicas preparadas em óleo, em referência ao episódio histórico.

A data é definida pelo calendário hebraico, baseado nos ciclos lunares, e por isso varia a cada ano no calendário gregoriano, embora costume cair entre o fim de novembro e dezembro. A celebração começa sempre ao pôr do sol do dia 25 do mês judaico de Kislev.

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