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Atentado deixa comunidade francesa de quadrinhos arrasada

A barbárie impactou grandemente no mundo dos quadrinhos que, de atônita, ficou tomada de uma profunda tristeza

"Eu sou Charlie Hebdo": quatro cartunistas de grande destaque estavam entre as vítimas (Christian Hartmann/Reuters)

"Eu sou Charlie Hebdo": quatro cartunistas de grande destaque estavam entre as vítimas (Christian Hartmann/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2015 às 15h08.

São Paulo - A bande dessinée francesa está de luto. Quatro cartunistas de grande destaque estavam entre as vítimas dos extremistas que atacaram a sede da publicação Charlie Hebdo em Paris: Wolinski, Cabu, Charb e Tignous.

Todos estilistas rigorosos, consagrados, humanistas fervorosos e artistas libertários.

A barbárie impactou grandemente no mundo dos quadrinhos que, de atônita, ficou tomada de uma profunda tristeza.

O maior festival de quadrinhos da França, o Ângouleme Festival, informou que estava produzindo uma nota de pesar sobre o "horrível drama" que a comunidade vive (o festival será realizado no próximo dia 29).

Georges Wolinski, aos 80 anos, era um mito dos quadrinhos. Influenciou dos nossos Henfil e Millôr até o insuspeito Mort Walker, o criador do Recruta Zero, passando por outros europeus como Magnus (codinome do italiano Roberto Raviola).

Esteve no Brasil em 2007, quando foi jurado de um festival de cinema no Amazonas. Ali, falou ao repórter e crítico do jornal O Estado de S.Paulo, Luiz Zanin.

Outro veterano, Cabu, faria 77 anos no próximo dia 13. Nascido em 1938 em Châlons-sur-Marne, Jean Cabut, o Cabu, era muito querido entre seus colegas e tinha integrado a redações da mítica Pilote, onde foi precursor dos chamados quadrinhos-reportagens.

Ali criaria um dos anti-heróis mais conhecidos da BD francesa: Mon Beauf.

Cabu desenhou para Ici Paris, Jazz Hot, Rock & Folk, Le Journal du dimanche, France-Soir, Paris-Presse, Le Figaro, Le Nouvel Observateur, Le Monde, Ciné Revue, Pariscope, Politique hebdo, La Grosse Bertha.

E também, é óbvio, Le Canard enchaîné, onde se tornou um dos pilares a partir de 1982.

Stéphane Charbonnier, que usava o nome artístico de Charb, tinha 43 anos e, além de cartunista, era também diretor da revista Charlie Hebdo.

Colaborador de publicações como L’Echo des savanes, Télérama, Fluide glacial e L’Humanité, ele não aceitava pressões de nenhuma natureza e não aliviava no caráter satírico da revista.

Em 2011, após um incêndio criminoso na sede da publicação, provavelmente provocado após a polêmica publicação das caricaturas de Maomé, ele disse ao Le Monde que não tinha nenhuma intenção de degolar alguém com uma caneta - em alusão aos métodos dos extremistas muçulmanos.

Já Bernard Velhac, o Tignous, tinha 58 anos e desenhara para diversas publicações importantes, como Fluide Glacial, l’Express, VSD, Télérama e L’humanité!.

Ele estreou nos quadrinhos com Pandas dans la brume, a partir de um comunicado da Associação de Proteção dos Animais que estimava não haver mais do que 1,6 mil ursos pandas no mundo.

Brasil

No país, entidades também se manifestaram em relação aos atentados.

Em nome do Conselho do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, o professor da Universidade Mackenzie Adolpho Queiroz reforçou, em uma nota de repúdio, que "o humor gráfico tem como traço principal, historicamente no mundo todo, a sua não subserviência contra quaisquer tipos de ditaduras, sejam políticas, militares ou religiosas".

A Associação dos Cartunistas do Brasil também emitiu um comunicado em que afirma que "mais uma vez, estamos presenciando a barbárie na história humana com o atentado de fundamentalistas islâmicos à revista de sátiras Charlie Hebdo".

"Por mais que um veículo de mídia - neste caso, de desenhistas - esteja desrespeitando esses preceitos religiosos, não se justifica essa violência", afirma a nota, "que é prejudicial aos próprios povos do Islã, já que o termo 'islã' está ligado à palavra árabe salam, que significa paz - o que indica o caráter pacífico e tolerante da fé islâmica".

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