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Ataque reflete nova realidade europeia, dizem autoridades

"Entramos em uma nova era", disse o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. "E a França terá que conviver com o terrorismo"


	Polícia: "entramos em uma nova era", disse o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. "E a França terá que conviver com o terrorismo"
 (Stephane Mahe / Reuters)

Polícia: "entramos em uma nova era", disse o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. "E a França terá que conviver com o terrorismo" (Stephane Mahe / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2016 às 12h28.

Bruxelas - Líderes europeus e chefes de segurança emitiram uma mensagem sóbria após as mortes em Nice no Dia da Bastilha: tais ataques individuais com veículos comuns são quase impossíveis de se evitar e podem ser realizados por praticamente qualquer pessoa.

"Entramos em uma nova era", disse o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. "E a França terá que conviver com o terrorismo."

Seu colega belga, Charles Michel, disse em Bruxelas --onde militantes do Estado Islâmico realizaram ataques em março e planejaram os atentados de novembro em Paris-- que "não existe risco zero".

"Agora estamos diante de um modus operandi diferente", disse na capital belga que, como algumas cidades francesas, ainda está em estado de alerta, com soldados e policiais fortemente armados nas ruas e de guarda em grandes eventos públicos.

A Bélgica previu tais riscos, afirmou Michel, e está pronta para proteger suas próprias festividades do dia nacional na próxima quinta-feira.

Um cidadão francês de 31 anos nascido na Tunísia, com histórico de violência mas desconhecido das agências de contraterrorismo, conduziu o caminhão alugado ao longo de dois quilômetros da avenida à beira-mar Promenade des Anglais, que estava interditada ao tráfego e ocupada por milhares de pessoas que assistiam à queima de fogos de artifício.

"O que você pode fazer contra isso?", indagou Andre Jacob, ex-chefe de contraterrorismo do serviço de segurança estatal belga, à Reuters. "É impossível de se prever. Mesmo se houvesse pistas."

O fato de o agressor ter conseguido acelerar e matar 84 pessoas não só reflete a surpresa, a densidade da multidão e o peso e velocidade letais do veículo, criando um impacto muito mais mortífero do que muitos atropelamentos semelhantes, mas também aponta para a falta de barreiras na rua e o poder de fogo limitado dos policiais de plantão.

Cerca de 25 buracos de bala estilhaçaram o para-brisa do caminhão, e o motorista foi morto a tiros.

O vidro não estourou. Não havia indícios de que houvesse blindagem no veículo, que pareceu ter sido atingido principalmente por policiais armados com pistolas comuns, ao invés dos rifles automáticos de calibre grosso usados por soldados e alguns policiais em emergências.

"Não estamos nos Estados Unidos, não estamos no país dos caubóis", disse Jacob, enfatizando que as forças de segurança no local tiveram pouco tempo para reagir e que tiveram que tentar alvejar um alvo em alta velocidade sem matar inocentes.

"É correto que a polícia tenha armas para uso na cidade e não circule com Kalashnikovs (rifles de assalto) e granadas e assim por diante." Embora os ataques com veículos tenham se tornado mais comuns em várias partes do mundo, muitos foram associados com tentativas de explodi-los.

Israel testemunhou uma série deles nos últimos anos, cometidos sobretudo por árabes agindo por conta própria que avançaram contra pedestres ou pontos de ônibus.

Os serviços de segurança israelenses reagiram aumentando a quantidade de blocos de concreto perto de locais sensíveis, comuns nos arredores de edifícios do governo em cidades europeias, mas especialistas em segurança afirmam ser impraticável proteger todos os alvos em potencial. 

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