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Ataque final contra Gbagbo, que se nega a entregar o poder

Forças de Ouattara não pretendem matar o presidente em exercício, mas colocá-lo à disposição da justiça

Forças de Ouattara: Gbagbo afirmou que, se tiver de morrer, é o que acontecerá (AFP)

Forças de Ouattara: Gbagbo afirmou que, se tiver de morrer, é o que acontecerá (AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de abril de 2011 às 12h33.

Abidjan - As forças do presidente marfinense reconhecido pela comunidade internacional, Alassane Ouattara, iniciaram nesta quarta-feira a ofensiva final contra a residência de Laurent Gbagbo, depois de considerar que fracassaram as negociações para a rendição.

Aliados de Gbagbo denunciou uma "tentativa de assassinato" e acusou os combatentes de Ouattara e da força francesa Licorne.

"Vamos tirar Laurent Gbagbo de seu buraco e colocá-lo à disposição do presidente da República", afirmou Sidiki Konaté, porta-voz de Guillaume Soro, primeiro-ministro de Ouattara.

"O presidente Ouattara considerou que as negociações para obter a rendição de Gbagbo se prorrogavam e que Gbagbo buscava apenas ganhar tempo. Assim decidiu intervir militarmente para tentar solucionar o problema, ou seja, capturar Gbagbo com vida", afirmou uma fonte governamental francesa.

Na manhã desta quarta-feira, as forças de Ouattara iniciaram o ataque final contra o bunker onde Gbagbo está entrincheirado.

Nos últimos dias, o canal de televisão ligado a Ouattara exibiu trechos do filme "A Queda", sobre os últimos dias de Adolf Hitler antes do suicídio em um bunker de Berlim, cercado pelas tropas soviéticas.

"Não sou um suicida, gosto da vida", afirmou Gbagbo na terça-feira a um jornalista francês.

"Minha voz não é a de um mártir, não busco a morte, mas se a morte chegar, que chegue".

"Disparos de armas pesadas apontam para a residência, com apoio aéreo e terrestre das forças Licorne", declarou à AFP Ahoua Don Mello, porta-voz do governo de Gbagbo.

"É uma tentativa de assassinato do presidente Gbagbo", afirmou Don Mello.


A França, no entanto, negou qualquer envolvimento na ofensiva contra Gbagbo e afirmou que a força Licorne tem a missão de proteger cidadãos estrangeiros.

O Papa Bento XVI pediu nesta quarta-feira a todas as partes envolvidas na Costa do Marfim, e também na Líbia, que se comprometam com "a pacificação e o diálogo", e pediu o fim do derramamento de sangue.

Gbagbo, ex-opositor do "pai da nação" Felix Houphouet-Boigny, que chegou à presidência após uma polêmica eleição em 2000, nunca reconheceu a derrota na votação de 28 de novembro de 2010, apesar do pleito ter sido certificado pela ONU.

Os bombardeios das forças pró-Gbagbo precipitaram a queda do regime, depois de mais de uma década de poder e oito dias de uma ofensiva relâmpago das tropas pró-Ouattara.

Apesar da crise gigantesca, Gbagbo se recusa a deixar o poder.

"As Forças Republicanas da Costa do Marfim (FRCI, pró-Ouattara) decidiram resolver o problema de Laurent Gbagbo. Vamos à residência para acabar com esta comédia. E iremos até onde existirem bolsões de resistência", disse Konaté.

"A comédia deve terminar, já que o país afunda", concluiu.

Além da residência, os últimos partidários de Gbagbo controlam o palácio presidencial e o acampamento militar de Agban, o mais importante do país.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos informou que dezenas de mortes foram registradas nos últimos dias em Abidjan, mas que o balanço com certeza será mais elevado.

A União Europeia (UE) decidiu nesta quarta-feira impor novas sanções contra o "governo ilegítimo" de Laurent Gbagbo ante a "gravidade da situação" na Costa do Marfim.

"Os países da UE resolveram impor medidas restritivas adicionais contra a Costa do Marfim ante a gravidade da situação", afirma uma nota oficial.

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