Mundo

Assassino número um do apartheid ganha liberdade condicional

De Kock foi condenado em 1996 a duas penas de prisão perpétua e a 212 anos de prisão por seu trabalho no comando de uma unidade antiterrorista da polícia

Eugene De Kock, assassino do Apartheid: ele foi condenado em 1996 a duas penas de prisão perpétua e a 212 anos de prisão (Reuters)

Eugene De Kock, assassino do Apartheid: ele foi condenado em 1996 a duas penas de prisão perpétua e a 212 anos de prisão (Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2015 às 10h03.

Pretoria - O ministro sul-africano da Justiça concedeu nesta sexta-feira liberdade condicional a Eugene de Kock, um coronel sul-africano da polícia do apartheid conhecido como o assassino número um do regime, responsável por sequestros, torturas e assassinatos de opositores.

"No interesse da reconciliação nacional, decidi colocar De Kock em liberdade condicional", declarou o ministro Michael Masutha, acrescentando que as condições para sua libertação não serão divulgadas.

De Kock foi condenado em 1996 a duas penas de prisão perpétua e a 212 anos de prisão por seu trabalho no comando de uma unidade antiterrorista da polícia, que reprimia os ativistas contrários ao regime segregacionista da África do Sul.

O ex-coronel reconheceu mais de 100 atos de assassinato, tortura e fraude diante da Comissão para a Verdade e a Reconciliação (TRC), que se estabeleceu em 1995 para esclarecer e, em alguns casos, perdoar os que confessaram crimes durante o apartheid, um regime que durou entre 1948 e 1994.

A TRC concedeu a ele anistia por muitos de seus crimes, incluindo os atentados com bomba e 12 assassinatos de militantes antiapartheid, mas a negou pelo assassinato de cinco homens em 1992, ao considerar que as vítimas não tinham nenhuma relação com a guerrilha antiapartheid e que os atos não tinham, portanto, nenhuma justificativa política.

Assim, De Kock continuou na prisão. Durante seu julgamento, assim como perante a TRC, classificou a si mesmo como um "assassino de Estado" e forneceu muitos detalhes sobre muitas atrocidades cometidas por sua unidade secreta, justificando seus atos no fato de que cumpria ordens políticas.

O debate sobre os crimes do regime do apartheid se reavivou nos últimos dias na África do Sul, à espera da decisão do ministro da Justiça.

Para muitos, os assassinatos, sequestros e torturas de De Kock eram crimes muito odiosos para ser perdoados.

Outros opinavam, no entanto, que o ex-oficial da polícia era, além de um prisioneiro arrependido, um bode expiatório para os muitos criminosos do apartheid que nunca foram punidos.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaÁfrica do SulJustiçaPreconceitosPrisõesRacismo

Mais de Mundo

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal