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Assad diz que vai morrer na Síria; oposição se reúne em Doha

Presidente sírio rejeitou qualquer sugestão de que possa fugir e alertou que qualquer intervenção militar para derrubá-lo teria consequências catastróficas


	Conflitos na Síria: comentários desafiadores de Assad coincidiram com uma reunião histórica no Catar da oposição rebelde da Síria
 (Giath Taha/Reuters)

Conflitos na Síria: comentários desafiadores de Assad coincidiram com uma reunião histórica no Catar da oposição rebelde da Síria (Giath Taha/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2012 às 12h17.

Doha - O presidente sírio, Bashar al-Assad, rejeitou qualquer sugestão de que possa fugir da Síria e alertou que qualquer intervenção militar ocidental para derrubá-lo teria consequências catastróficas para o Oriente Médio e o mundo.

Falando em entrevista ao canal de televisão Russia Today (RT), que será transmitida na sexta-feira, Assad afirmou que não vê o Ocidente embarcando em uma intervenção militar na Síria e disse que o custo de tal ação seria demasiado.

"Eu acho que o custo de uma invasão estrangeira na Síria -- se acontecer-- seria maior do que o mundo inteiro pode suportar... Isto terá um efeito dominó que afetará o mundo desde o Atlântico até o Pacífico", disse Assad.

"Eu não acredito que o Ocidente está caminhando nessa direção, mas se eles fizerem isso, ninguém pode dizer o que vai acontecer depois", acrescentou.

As declarações foram publicadas em árabe no site do Russia Today. Não ficou claro quando Assad deu a entrevista.

Os comentários desafiadores de Assad coincidiram com uma reunião histórica no Catar nesta quinta-feira da oposição rebelde da Síria para firmar um acordo sobre um novo órgão reunindo grupos rebeldes dentro e fora da Síria, em meio à crescente pressão internacional para pôr a casa em ordem e se preparar para uma transição pós-Assad.

Os Estados Unidos e outras potências ocidentais estão cada vez mais frustrados com a oposição por causa das divisões e dos conflitos internos que minaram as chances de derrubar Assad.

Apoiadas por Washington, as negociações em Doha salientam o papel central do Catar no esforço para acabar com o regime de Assad, à medida que o país do Golfo Pérsico, que financiou a revolta da Líbia para derrubar Muammar Gaddafi, tenta se posicionar como atuante em uma Síria pós-Assad.


"Eu sou mais forte do que Gaddafi", disse Assad a seu entrevistador, de acordo com um post do editor-chefe da estação no Twitter.

"Viver e morrer na Síria"

Assad, que está lutando para acabar com uma rebelião de 19 meses contra seu governo, disse que iria "viver e morrer na Síria", no que parecia ser uma rejeição à ideia dada pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, nesta semana de que uma saída segura e um exílio no exterior poderiam ser uma maneira de acabar com a guerra civil na Síria.

"Eu não sou um fantoche e o Ocidente não me fabricou para que eu saia para o Ocidente ou qualquer outro país. Sou sírio, sou feito na Síria, e eu tenho que viver e morrer na Síria", disse ele. O site do Russia Today mostrou imagens dele falando na entrevista e descendo as escadas do lado de fora de uma casa branca.

Dois civis, uma mulher e um rapaz, na província fronteiriça turca de Hatay, foram feridos por balas perdidas disparadas da Síria, de acordo com um oficial turco. A forças turcas aumentaram a sua presença ao longo da fronteira, onde as autoridades disseram que poderiam buscar uma implantação da Otan em terra e com mísseis aéreos.

A guerra da Síria, em que a oposição estima morte de 38 mil pessoas, aumenta o espectro de uma turbulência sectária mais ampla no Oriente Médio e representa um dos mais difíceis desafios de política externa para o presidente dos EUA, Barack Obama, prestes a iniciar seu segundo mandato.

Rivalidades internacionais e regionais têm complicado os esforços para mediar qualquer resolução para o conflito. Rússia e China vetaram três resoluções do Conselho de Segurança da ONU que teriam colocado Assad sob pressão.

Regionalmente, os países sunitas árabes muçulmanos e a Turquia se opõem a Assad, enquanto o xiita Irã está apoiando o governante Alauíta, cuja seita é um desdobramento do Islã xiita e cuja família está no poder há mais de 40 anos.

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