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Armstrong quebrará silêncio e concederá entrevista a Oprah

Entrevista terá duração de 90 minutos e irá ao ar no dia 17 de janeiro no canal da apresentadora, o OWN (Oprah Winfrey Network) e na internet

Lance Armstrong (AFP/ Joel Saget)

Lance Armstrong (AFP/ Joel Saget)

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Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2013 às 19h36.

Washington - O ex-ciclista americano Lance Armstrong, que não falou com a imprensa desde que perdeu seus sete títulos da Volta da França por doping, concederá uma entrevista "sem concessões" à apresentadora de TV Oprah Winfrey, anunciada nesta segunda-feira.

A entrevista terá duração de 90 minutos e irá ao ar no dia 17 de janeiro no canal da apresentadora, o OWN (Oprah Winfrey Network) e na internet (www.oprah.com).

O canal explicou que o programa não será ao vivo, mas gravado na casa de Armstrong, em Austin, no Texas, numa data que não foi divulgada. No entanto a produção fez questão de salientar que o ex-ciclista "não terá controle editorial" sobre o conteúdo gravado e que "nenhuma questão será tabu".

Coincidência ou não, na sexta-feira, o jornal americano New York Times chegou a informar que Armstrong poderia em breve confessar que participou daquilo que a Agência Americana Antidoping chamou em outubro de "esquema de doping mais sofisticado da história do esporte".

O anúncio da entrevista também foi feito poucas horas depois de Travis Tygart, diretor da Usada, ter soltado uma nova "bomba" ao afirmar que o ex-ciclista tinha tentado fazer uma doação de 250.000 dólares à Agência, o que pode ser considerado uma tentativa de "comprar" seu silêncio.

A entrevista completa de Tygart será divulgada nesta quarta-feira à noite no programa "60 minutes Sports", do canal CBS, e o advogado de Armstrong já negou as acusações do dirigente.

De acordo com Howard Bragman, renomado assessor de imprensa de Hollywood e vice-presidente do site Reputation.com, é muito provável que Armstrong faça confissões bombásticas durante o programa de Oprah.

"Conheço Oprah muito bem e ela não vai viajar até Austin para fazer uma entrevista em horário nobre só para escutar Armstrong negando novamente as acusações de doping", explicou Bragman.

"Trata-se da primeira etapa de uma operação muito sofisticada de relações públicas que tem como objetivo usar confissões como arma para tentar uma virada na opinião pública. Podemos esperar uma confissão cheia de lágrimas, perguntas sem concessões, mas ao mesmo tempo bastante empatia por parte da apresentadora", analisou.

Armstrong não recorreu ao Tribunal Arbitral do Esporte de Lausanne, na Suíça, da sanção da União Ciclística Internacional, que retirou seus sete títulos na Volta da França e o baniu de forma vitalícia do ciclismo.


Confissões públicas podem acabar resultando em prisão para o americano, que corre o risco de ser processado por perjúrio por sempre ter negado as acusações de doping no sábado.

"É possível que a Procuradoria tenha um caso muito sólido de perjúrio pronto, ainda mais porque muitos dos seus companheiros de equipe já confessaram sob juramento que o viram se dopar", explicou em outubro à AFP Peter Keane, professor de direito na Golden Gate University, da Califórnia.

Se for condenado por perjúrio, Armstrong, pode passar até 30 anos atrás das grades. Ele seguiria os passos da ex-velocista americana Marion Jones, que em 2008 ficou seis peses presa por perjúrio após ter negado que tivesse se dopado depois de ter perdido as cinco medalhas olímpicas que conquistou nos Jogos de Sydney-2000.

Em outra semelhança com o caso de Armstrong, Jones já foi entrevistada por Oprah, em 2008. Na época, ela confessou que se sentia "responsável" pelo doping do qual foi acusada depois de antes ter dito que havia ingerido substâncias proibidas sem saber.

Oprah Winfrey de 58 anos, mais famosa apresentadora de televisão dos Estados Unidos, já arrancou outras confissões de atletas, como aconteceu em 2009, quando o ex-pugilista Mike Tyson foi as lágrimas ao falar da morte da filha e chegou a pedir desculpas publicamente por ter mordido a orelha de Evander Holyfield durante uma luta realizada em 1997.

Ela é conhecida pelo "Oprah Effect" (efeito Oprah), por sua estratégia de deixar seus entrevistados à vontade com seu olhar de compaixão para levá-los a se emocionar e a confessar no ar o que chegaram a negar por muito tempo.

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