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Argentina precisa baixar juros e apoiar setor privado, diz CEO da Scania

Sebástian Figueroa diz que reformas propostas por Milei vão ajudar economia do país, mas que será preciso entender o alcance das mudanças

Sebastián Figueroa, CEO da Scania na Argentina (Divulgação)

Sebastián Figueroa, CEO da Scania na Argentina (Divulgação)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de internacional e economia

Publicado em 5 de novembro de 2025 às 06h01.

A Argentina teve avanços importantes na economia nos últimos anos, mas ainda precisa vencer vários desafios. Um deles é reduzir os juros para ajudar o setor privado a crescer, avalia Sebastián Figueroa, CEO da Scania, fabricante sueco de caminhões e ônibus, no país.

"Nos primeiros dezoito meses do atual governo, a Argentina alcançou diversos objetivos significativos, como a redução dos gastos públicos e da estrutura do Estado e a obtenção de superávit fiscal. Também conquistou uma baixa significativa na taxa de inflação", diz Figueroa, em entrevista à EXAME.

"No entanto, o país enfrentou a necessidade urgente de garantir o pagamento dos vencimentos da dívida, tanto para o restante de 2025 quanto para o ano seguinte. Essa situação foi resolvida após o acordo com os Estados Unidos", afirma.

Com esse apoio garantido e o risco de inadimplência sob controle, aponta o executivo, o desafio agora é avançar com medidas que promovam o crescimento do setor privado. "Acima de tudo, isso envolve oferecer taxas de juros competitivas ao setor privado para fomentar o crescimento econômico do país", diz.

Neste ano, o governo do presidente Javier Milei aumentou as taxas de juros no país para conter a inflação e captar dinheiro para as reservas do Banco Central. A Argentina possui diversas taxas oficiais, em torno de 40% ao ano.

O partido de Milei, A Liberdade Avança, foi o mais votado nas eleições de 26 de outubro. Na campanha, o presidente prometeu avançar com mais reformas nos próximos meses, para mudar regras trabalhistas, tributárias e previdenciárias.

 

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Para Figueroa, as reformas poderão trazer bons resultados, "desde que sejam claras, abrangentes e tenham o consenso necessário."

"Será crucial compreender o alcance final de cada proposta, visto que ainda não foi definido se elas seguirão as diretrizes originais da Lei de Bases [conjunto de mudanças defendidas por Milei no começo do mandato] ou adotarão novas", afirma.

"De qualquer forma, tanto a reforma trabalhista quanto a tributária poderão ter um impacto positivo na produtividade, caso consigam simplificar a criação de empregos e reduzir a carga tributária sobre as empresas do setor privado", diz.

Caminhão da Scania vendido na Argentina (Divulgação)

Os planos da Scania para a Argentina

Em março de 2026, a Scania comemorará 50 anos de operação na Argentina. A primeira fábrica da empresa no país, aberta em Tucumán, hoje é 100% voltada para a exportação.

"Continuaremos a promover a linha Super, lançada na Argentina em 2024 e reconhecida por oferecer pelo menos 8% de economia de combustível em comparação com outras marcas e linhas anteriores da Scania, bem como os novos motores a gás, incorporados este ano como parte de nossa estratégia de descarbonização", diz o CEO.

"No próximo ano, lançaremos uma nova gama de motores industriais e marítimos no mercado argentino, ampliando as opções disponíveis para diversas aplicações e segmentos de produção. Também lançaremos os novos motores Super de 11 litros para caminhões nos segmentos agrícola e de transporte de média distância, entre outros", afirma.

O plano da empresa para o país inclui, ainda, reformar e ampliar a rede de concessionárias. "A Scania possui 29 pontos de serviço em toda a Argentina, oferecendo suporte comercial e operacional a clientes em setores como mineração, agronegócio e petróleo e gás, entre outros", diz Figueroa.

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