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Argentina pede ajuda para identificar vítimas da guerra

Cristina Kirchner pediu ajuda à Cruz Vermelha Internacional para o reconhecimento dos soldados não identificados

Presidente insistiu no diálogo para solucionar o litígio ''em paz' (Juan Mabromata/AFP)

Presidente insistiu no diálogo para solucionar o litígio ''em paz' (Juan Mabromata/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de abril de 2012 às 19h20.

Buenos Aires - A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, repudiou nesta segunda-feira os países ''poderosos'' que, segundo ela, contribuem para a rejeição do Reino Unido à retomada do diálogo pela soberania das Malvinas, no 30º aniversário do início da guerra pela posse das ilhas.

Além de insistir no diálogo para solucionar o litígio ''em paz'', ela antecipou que pediu ajuda à Cruz Vermelha Internacional para o reconhecimento dos soldados não identificados enterrados no arquipélago localizado no oceano Atlântico, a cerca de 740 quilômetros a leste do litoral argentino.

Cristina disse que ''não é possível'' que o direito internacional ''possa ser violado pelos poderosos'' que exercem o direito a veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU).

O Reino Unido domina ''dez enclaves coloniais'', entre eles o das Malvinas, ressaltou a presidente ao liderar em Ushuaia, no sul do país, um ato de lembrança da guerra com os britânicos.

A Argentina quer ''justiça'' para que ''se cumpra'' a resolução da ONU de 1965 segundo a qual as Malvinas são um caso de colonialismo que as partes em conflito devem resolver mediante o diálogo e atendendo os interesses da população das ilhas.

''A causa das Malvinas'' já não é só dos argentinos, mas da União de Nações Sul-americanas (Unasul) e de ''todos os países que reivindicam o diálogo em paz'' para dirimir os conflitos, assegurou.


Cristina Kirchner aproveitou para contestar o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, que afirmou que a Argentina tentava ''roubar a liberdade'' da população malvinense quando invadiu as ilhas, em 2 de abril de 1982.

''Os argentinos também não tinham liberdade'' quando houve a guerra, ressaltou a governante em referência ao fato de que a ocupação das ilhas foi ordenada por uma ditadura militar repressora que deixou 30 mil desaparecidos.

''Havia presos sem nome nem sobrenome em campos de concentração e presos desaparecidos que nunca voltarão a aparecer'', apontou.

A presidente disse que atualmente ''ninguém pode acreditar'' que a Argentina ''não respeita todos (os imigrantes) com carinho'', e prova disso são os ''milhares de ingleses'' e ''milhares de compatriotas latino-americanos'' que residem em território argentino.

Cristina disse ainda que a questão das Malvinas ''não é uma história que começou há 30 anos'', mas ''que no próximo ano completará 180 anos'', alegando que as ilhas foram ''usurpadas'' por tropas inglesas em 3 de janeiro de 1833.

''É uma injustiça em pleno século XXI que ainda existam enclaves coloniais como os que temos aqui, a poucos quilômetros de distância'', especificou.

Ao criticar os países ''poderosos'', Cristina Kirchner destacou o fato de que os Estados Unidos e o Reino Unido vetaram uma resolução do Conselho de Segurança da ONU em favor de um cessar-fogo em plena Guerra das Malvinas, o que teve um alto custo para as relações de Washington com a América Latina.

O 30º aniversário da guerra foi lembrado com atos em todas as grandes cidades da Argentina, enquanto em Buenos Aires grupos de esquerda se manifestaram na embaixada do Reino Unido e entraram em confronto com a polícia.

A questão das Malvinas foi incorporada na agenda da 6ª Cúpula das Américas, que acontecerá nos dias 14 e 15 de abril na cidade colombiana de Cartagena de Indias. 

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