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Argentina diz que EUA "mais do que amizades, têm interesses"

Chanceler argentino respondeu às críticas que recebeu depois que Obama resolveu não visitar o país em sua viagem para América Latina

Imprensa Argentina disse que a não visita de Obama mostra que o país perdeu força internacional (Getty Images/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2011 às 14h23.

Buenos Aires - O chanceler argentino, Héctor Timerman, diminuiu nesta sexta-feira a importância da decisão do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de deixar a Argentina de fora de sua visita à América do Sul e comentou que Washington "mais do que amizades, tem interesses".

"Os EUA têm interesses. Mais do que amizades, têm interesses", afirmou o ministro em declarações à rádio "Red".

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Timerman também classificou como "criancice" as afirmações da imprensa local, que, diante do silêncio oficial sobre a viagem de Obama, ressaltou nesta quinta-feira o "mal-estar" do Governo argentino e a perda de protagonismo do país na cena internacional.

O chanceler falou sobre o tema em sua conta no Twitter por meio de uma mensagem na qual ressaltou que "apesar de em muitos temas a relação com os Estados Unidos ser muito dinâmica, como em segurança nuclear, G20, terrorismo e ciência, há outros que marcam limites que não queremos, nem devemos, atravessar".

"Nas recentes reuniões com funcionários dos EUA, ficou claro que a Argentina não vai comprar armas nem gerar uma corrida armamentista na região. Também não assinaremos pactos de segurança com potências de fora da região", acrescentou.

Timerman destacou que "os tratados bilaterais de livre-comércio são negativos para as economias" da região e também rejeitou "a manipulação política de impedimentos comerciais amparados em barreiras fitossanitárias que ficam anos sem solução".

O chanceler foi o primeiro funcionário do Governo de Cristina Fernández de Kirchner a comentar a decisão de Obama de não visitar a Argentina durante a viagem que fará em março pelo Brasil, Chile e El Salvador com o objetivo de "estabelecer novas alianças para o progresso da América", segundo a Casa Branca.

"Será difícil para os Estados Unidos explicarem por que Obama voará pelo céu argentino para ir do Brasil ao Chile e não fará escala na Argentina. Não acho que seja um bom sinal", afirmou uma fonte da Chancelaria argentina citada nesta quinta-feira pelo jornal "La Nación".

Para o deputado do peronismo dissidente Francisco de Narváez, a decisão dos EUA "é uma forma de enviar uma mensagem à região".

"Para a política externa de Obama, o jogador global da região é o Brasil e com a Argentina, por outro lado, tem uma relação de segunda ordem", apontou Jorge Mayer, especialista em política da Universidade de Buenos Aires.

Rafael Bielsa, chanceler argentino entre 2003 e 2005, afirmou que o país não deve se preocupar pela decisão de Obama, embora tenha admitido que "seria melhor que viesse".

"O Brasil joga nas grandes ligas e é uma referência obrigatória na América Latina. Se Obama vem à região, é inevitável que passe pelo Brasil. E o Chile negociou durante 13 anos um tratado de livre-comércio com os Estados Unidos, por isso esse país é muito considerado pela administração de Obama", precisou.

A agência de notícias estatal "Télam" publicou nesta quinta-feira declarações de uma fonte da Casa Branca que esclareceu que "por respeito a vários processos eleitorais em 2011 no continente americano, Obama não visitará nenhum país da região que tenha eleições presidenciais previstas para este ano", como é o caso da Argentina em outubro.

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