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Árabes dão US$ 8 bi ao Egito em apoio ao Exército

Governos doaram dinheiro manifestando seu apoio à intervenção do Exército para afastar a Irmandade Muçulmana do poder

Apoiadores do presidente deposto do Egito, Mohamed Mursi, oram na praça Rabaa Adawiya, onde estão acampados em Cairo (Louafi Larbi/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de julho de 2013 às 21h03.

Cairo - Governos árabes deram 8 bilhões de dólares ao Egito na terça-feira, manifestando seu apoio à intervenção do Exército para afastar a Irmandade Muçulmana do poder, e um dia depois de militares matarem dezenas de apoiadores do movimento islâmico.

O presidente interino Adli Mansour, nomeado pelos militares, apontou um economista liberal como primeiro-ministro em exercício, e anunciou um cronograma mais rápido do que se esperava para a realização de eleições dentro de seis meses.

O Exército, que na quarta-feira depôs o primeiro presidente livremente eleito na história egípcia, está sob pressão para apresentar um plano claro de redemocratização.

O país vive agora o seu momento de maior polarização na história moderna, depois que militares abriram fogo contra manifestantes pró-Irmandade no Cairo, matando 55 pessoas. O movimento diz que as vítimas estavam rezando pacificamente; o governo afirma que os militares reagiram a um ataque.

Mansour, juiz do tribunal supremo empossado para ocupar a presidência após a derrubada de Mohamed Mursi, nomeou Hazem el Beblawi como primeiro-ministro-interino. Mohamed ElBaradei, ex-chefe da agência nuclear da ONU, hoje dirigente de um partido liberal, será o vice-presidente encarregado de assuntos estrangeiros.

A indicação de Beblawi contou com o importante apoio do partido islâmico ultraortodoxo Nour, ex-aliado de Mursi e da Irmandade. Líderes do Nour vêm sendo cortejados pelas autoridades da Irmandade para mostrar que os muçulmanos não precisam ser marginalizados.

A violência da segunda-feira causou alarme entre doadores importantes, como EUA e União Europeia, e também em Israel, país com o qual o Egito selou a paz em 1979.


As ricas nações árabes do golfo Pérsico, tradicionalmente desconfiadas da Irmandade Muçulmana, demonstraram menos restrições. Os Emirados Árabes Unidos ofereceram uma doação de 1 bilhão de dólares, e um empréstimo de 2 bilhões. A Arábia Saudita ofereceu 3 bilhões de dólares entre doações e empréstimos, e outros 2 bilhões de dólares em combustível.

Em outra demonstração de apoio, o chanceler dos Emirados, Abdullah bin Zayed, esteve no Egito na terça-feira. Foi a mais graduada autoridade estrangeira a visitar o país desde a derrubada de Mursi.

"Nem que Matem Todos Nós"

Alegando atender ao anseio popular, depois de manifestações que reuniram milhões de pessoas, o Exército derrubou Mursi e suspendeu a Constituição um ano depois de ele assumir o cargo. A Irmandade diz que o golpe militar mostra que interesses arraigados jamais aceitarão as vitórias eleitorais do grupo islâmico, que teme agora ser novamente alvo de repressão, como ocorreu durante décadas de regimes autocráticos.

"O único mapa do caminho é a restauração do presidente eleito pelo povo", disse Hoda Ghaneya, 45 anos, ativista da Irmandade. "Não vamos aceitar menos do que isso. Nem que matem todos nós".

Milhares de partidários de Mursi se reuniram na terça-feira numa vigília perto de uma mesquita na zona nordeste do Cairo, onde pretendem permanecer acampados, apesar do forte calor, até que o presidente seja restituído ao cargo - algo que a esta altura parece improvável.

"Revolucionários! Gente livre! Vamos completar a jornada!", gritava um orador enquanto a multidão carregava um caixão de madeira envolto na bandeira egípcia. A vigília-comício durou até de noite, com sucessivos oradores pedindo a restauração de Mursi, que está preso em um quartel.


Milhares de partidários da Irmandade também saíram às ruas em Alexandria (norte), segunda maior cidade do país, cenário de episódios violentos nos últimos dias.

Fontes médicas confirmaram que pelo menos 55 pessoas foram mortas no final da tarde segunda-feira em frente ao quartel do Cairo onde Mursi está preso, elevando o número oficial de vítimas do incidente - o mais letal no Egito em dois anos e meio de turbulência política, excetuando-se um tumulto em um estádio de futebol em 2012.

As autoridades abriram inquérito contra 650 manifestantes acusados de cometerem crimes, e a imprensa, majoritariamente controlada pelo Estado, elogiou a ação do Exército e denunciou a violência da segunda-feira como resultado da ação de "terroristas".

A Anistia Internacional disse que, independentemente de terem ocorrido provocações, os militares são culpados por usarem uma "força flagrantemente desproporcional".

Mas, num sinal das profundas divisões, a maioria dos moradores do Cairo parecia aceitar a versão oficial e culpava a Irmandade pela morte de seus próprios membros. "É claro que condeno isso - egípcio contra egípcio. Mas o povo atacou o Exército, não o contrário", disse Abdullah Abdel Rayal, de 58 anos, que fazia compras em uma feira no centro do Cairo na terça-feira de manhã.

Nas sacadas de alguns edifícios, moradores penduraram cartazes com retratos do general Abdel Fattah al Sisi, comandante militar que destituiu Mursi.

Em pronunciamento que antecede ao início do mês islâmico sagrado do Ramadã, na quarta-feira, Sisi deixou claro quem manda no país. "Nenhum partido tem o direito de se opor ao desejo da nação", afirmou.

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O presidente interino Adli Mansour, nomeado pelos militares, apontou um economista liberal como primeiro-ministro em exercício, e anunciou um cronograma mais rápido do que se esperava para a realização de eleições dentro de seis meses.

O Exército, que na quarta-feira depôs o primeiro presidente livremente eleito na história egípcia, está sob pressão para apresentar um plano claro de redemocratização.

O país vive agora o seu momento de maior polarização na história moderna, depois que militares abriram fogo contra manifestantes pró-Irmandade no Cairo, matando 55 pessoas. O movimento diz que as vítimas estavam rezando pacificamente; o governo afirma que os militares reagiram a um ataque.

Mansour, juiz do tribunal supremo empossado para ocupar a presidência após a derrubada de Mohamed Mursi, nomeou Hazem el Beblawi como primeiro-ministro-interino. Mohamed ElBaradei, ex-chefe da agência nuclear da ONU, hoje dirigente de um partido liberal, será o vice-presidente encarregado de assuntos estrangeiros.

A indicação de Beblawi contou com o importante apoio do partido islâmico ultraortodoxo Nour, ex-aliado de Mursi e da Irmandade. Líderes do Nour vêm sendo cortejados pelas autoridades da Irmandade para mostrar que os muçulmanos não precisam ser marginalizados.

A violência da segunda-feira causou alarme entre doadores importantes, como EUA e União Europeia, e também em Israel, país com o qual o Egito selou a paz em 1979.


As ricas nações árabes do golfo Pérsico, tradicionalmente desconfiadas da Irmandade Muçulmana, demonstraram menos restrições. Os Emirados Árabes Unidos ofereceram uma doação de 1 bilhão de dólares, e um empréstimo de 2 bilhões. A Arábia Saudita ofereceu 3 bilhões de dólares entre doações e empréstimos, e outros 2 bilhões de dólares em combustível.

Em outra demonstração de apoio, o chanceler dos Emirados, Abdullah bin Zayed, esteve no Egito na terça-feira. Foi a mais graduada autoridade estrangeira a visitar o país desde a derrubada de Mursi.

"Nem que Matem Todos Nós"

Alegando atender ao anseio popular, depois de manifestações que reuniram milhões de pessoas, o Exército derrubou Mursi e suspendeu a Constituição um ano depois de ele assumir o cargo. A Irmandade diz que o golpe militar mostra que interesses arraigados jamais aceitarão as vitórias eleitorais do grupo islâmico, que teme agora ser novamente alvo de repressão, como ocorreu durante décadas de regimes autocráticos.

"O único mapa do caminho é a restauração do presidente eleito pelo povo", disse Hoda Ghaneya, 45 anos, ativista da Irmandade. "Não vamos aceitar menos do que isso. Nem que matem todos nós".

Milhares de partidários de Mursi se reuniram na terça-feira numa vigília perto de uma mesquita na zona nordeste do Cairo, onde pretendem permanecer acampados, apesar do forte calor, até que o presidente seja restituído ao cargo - algo que a esta altura parece improvável.

"Revolucionários! Gente livre! Vamos completar a jornada!", gritava um orador enquanto a multidão carregava um caixão de madeira envolto na bandeira egípcia. A vigília-comício durou até de noite, com sucessivos oradores pedindo a restauração de Mursi, que está preso em um quartel.


Milhares de partidários da Irmandade também saíram às ruas em Alexandria (norte), segunda maior cidade do país, cenário de episódios violentos nos últimos dias.

Fontes médicas confirmaram que pelo menos 55 pessoas foram mortas no final da tarde segunda-feira em frente ao quartel do Cairo onde Mursi está preso, elevando o número oficial de vítimas do incidente - o mais letal no Egito em dois anos e meio de turbulência política, excetuando-se um tumulto em um estádio de futebol em 2012.

As autoridades abriram inquérito contra 650 manifestantes acusados de cometerem crimes, e a imprensa, majoritariamente controlada pelo Estado, elogiou a ação do Exército e denunciou a violência da segunda-feira como resultado da ação de "terroristas".

A Anistia Internacional disse que, independentemente de terem ocorrido provocações, os militares são culpados por usarem uma "força flagrantemente desproporcional".

Mas, num sinal das profundas divisões, a maioria dos moradores do Cairo parecia aceitar a versão oficial e culpava a Irmandade pela morte de seus próprios membros. "É claro que condeno isso - egípcio contra egípcio. Mas o povo atacou o Exército, não o contrário", disse Abdullah Abdel Rayal, de 58 anos, que fazia compras em uma feira no centro do Cairo na terça-feira de manhã.

Nas sacadas de alguns edifícios, moradores penduraram cartazes com retratos do general Abdel Fattah al Sisi, comandante militar que destituiu Mursi.

Em pronunciamento que antecede ao início do mês islâmico sagrado do Ramadã, na quarta-feira, Sisi deixou claro quem manda no país. "Nenhum partido tem o direito de se opor ao desejo da nação", afirmou.

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