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Após vitória de Trump, UE fica dividida sobre cooperação militar

"Já não é o momento de reflexões teóricas ou abstratas sobre a defesa europeia, é o momento de tomar decisões muito concretas", defendeu Bruxelas

Otan: o ministro de Defesa do Reino Unido pediu a seus sócios que deixem de "sonhar com um exército europeu" e aumentem seu gasto militar nacional (Getty Images/Getty Images)
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AFP

Publicado em 14 de novembro de 2016 às 15h53.

A União Europeia se mostra, nesta segunda-feira, dividida sobre uma maior cooperação militar no bloco, em um contexto de incerteza depois que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump , questionou o compromisso de apoio militar mútuo no auge da Otan.

"Já não é o momento de reflexões teóricas ou abstratas sobre a defesa europeia, é o momento de tomar decisões muito concretas que podem ter um impacto imediato", defendeu em Bruxelas a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

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Mogherini fez essas declarações após sua chegada a uma reunião de 28 chanceleres europeus, à qual se somaram durante a tarde os titulares de Defesa para debater seus planos sobre uma maior defesa comum que não geram a unanimidade em uma UE em "crise existencial" desde o Brexit.

França, Alemanha, Itália e Espanha lideram os partidários dessa Europa da Defesa, porque "independentemente do resultado das eleições americanas", os europeus têm que assumir mais responsabilidades, segundo a titular de Defesa alemã, Ursula von der Leyen.

Michael Fallon, ministro de Defesa do Reino Unido, o país mais reticente em avançar para uma Europa da Defesa, pediu a seus sócios que deixem de "sonhar com um exército europeu" e aumentem seu gasto militar nacional para 2% do PIB como estipula a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Para Fallon, "é a hora de outros países europeus aumentarem seus próprios gastos de defesa. Essa é a melhor reação possível diante da presidência de Trump". Reino Unido, Estônia, Grécia e Polônia são os únicos dos 22 membros da UE na Otan que cumprem com os 2%.

Donald Trump destacou durante sua campanha a necessidade para os membros da Aliança Atlântica de cumprir com essa meta se quiserem o apoio militar dos Estados Unidos, declaração criticada pelo secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, ao considerar a ajuda mútua "incondicional".

Para muitos, a saída do Reino Unido e a vitória de Trump deveriam representar um avanço até uma maior defesa comum europeia, apesar de nos últimos dias diversos países terem expressado suas reticências, como Suécia, Irlanda e Áustria, qualificados por uma fonte europeia como "neutros".

Os países anteriormente pertencentes à União Soviética preferem a proteção de uma Otan forte e liderada por Washington, diante da crescente ameaça da Rússia após a anexação, em 2014, da então península ucraniana da Crimeia, afirmou essa fonte.

A aparente boa relação entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, também inquieta o bloco, que começa a se recuperar da crise financeira de 2008 e que conseguiu reduzir ao mínimo a chegada de migrantes por meio de um polêmico acordo com a Turquia.

A eleição na Moldávia e na Bulgária, este último membro da UE, de presidentes pró-Rússia não ajuda a acalmar essas preocupações. "Não haverá mudança em matéria de política externa" na Bulgária, já que "o presidente não tem tais poderes", explicou o cientista político Antoniy Todorov.

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