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Após Fukushima, Japão prefere carvão à energia renovável

Novo plano do Japão não estabelece metas específicas para energia mais limpa de fontes eólicas, solares ou geotérmicas


	Usina nuclear de Fukushima: acindente nuclear não convenceu o Japão a usar energia mais limpa
 (AFP)

Usina nuclear de Fukushima: acindente nuclear não convenceu o Japão a usar energia mais limpa (AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2014 às 23h53.

Tóquio - O primeiro-ministro Shinzo Abe está impulsionando a indústria do carvão no Japão para que expanda suas vendas no mercado local e no exterior, solapando as esperanças dos ambientalistas de que ele utilizasse o acidente nuclear em Fukushima para fazer com que o país adote a energia renovável.

Um novo plano de energia aprovado pelo gabinete do Japão em 11 de abril designa o carvão como fonte importante de eletricidade no longo prazo, ao passo que não estabelece metas específicas para energia mais limpa de fontes eólicas, solares ou geotérmicas. A política também dá à energia nuclear a mesma proeminência do carvão na estratégia energética do Japão.

Em muitas formas, as empresas de energia já estão na frente dos decisores políticos. Com os reatores nucleares parados por revisões de segurança, as dez empresas de energia do Japão consumiram 5,66 milhões de toneladas de carvão em janeiro, um recorde para o mês e 12 por cento a mais do que há um ano, conforme cifras da indústria.

“Não se pode excluir o carvão se pensarmos na melhor mistura de energia para que o Japão mantenha os custos de energia estáveis”, disse Naoya Domoto, presidente de energia e operações de fábricas na IHI Corp., desenvolvedora de uma tecnologia conhecida como A-USC, que queima carvão para produzir vapor com temperaturas mais altas. “Um modo de fazer isso é usar o carvão com eficiência”.

O apetite do Japão pelo carvão reflete tendências na Europa e nos EUA, onde os esforços por baratear a eletricidade estão minando regras que limitam as emissões de combustíveis fósseis e apoiam a energia mais limpa. Nos EUA, um inverno gélido aumentou os preços do gás natural, fornecendo o catalisador para que as empresas de energia estendessem as vidas de fábricas carvão, que são mais sujas. A Alemanha, a Espanha e a Grã-Bretanha estão cortando subsídios à energia renovável para reduzir o custo da eletricidade.

Grupo heterogêneo

Para os grupos ambientalistas que defendem a energia renovável, a política do Japão é um grupo heterogêneo que não oferece muitas direções para a política. Em vez disso, apoia o statu quo, ao pedir a reativação dos reatores desligados após o desastre de 2011 e não oferecer metas para a quantidade de energia vinda do vento ou do sol.


“O que se esperava do plano básico era que apresentasse uma política importante de saída da energia nuclear”, disse em um comunicado a Fundação de Energia Renovável do Japão. “Porém o plano básico mostra que o governo desistiu de cumprir esse papel. O plano não promove uma mudança nas velhas políticas de energia”.

Antes do acidente, o Japão obtinha 62 por cento da sua eletricidade de combustíveis fósseis, e a energia nuclear representava cerca de um terço, segundo cifras do governo. Desde então, as empresas de energia se voltaram aos combustíveis fósseis, como o gás natural liquefeito e o carvão, para substituir a capacidade nuclear desativada. Aquelas fontes de energia térmica geraram cerca de 90 por cento da eletricidade do Japão no ano fiscal de 2012, conforme cifras do plano de energia.

Esperanças de exportação

O governo de Abe apoiará o desenvolvimento e a exportação de tecnologia avançada de carvão do Japão. Conforme uma estratégia de crescimento publicada pelo primeiro-ministro em junho, o país pretende comercializar a tecnologia A-USC na década de 2020. O Japão também visa vender um equipamento que combina células de combustível com um processo chamado ciclo combinado de gasificação integrada (IGCC) para aumentar a eficiência da geração de energia.

Os custos de geração de energia com o IGCC podem acabar sendo reduzidos para os níveis convencionais da geração com carvão, de 9,5 ienes (US$ 0,09) por quilowatt/hora, embora ainda pudessem faltar entre dez e quinze anos para isso, disse Yoshitaka Ishibashi, diretor associado e gerente geral executivo da usina de Nakoso.

“O plano não representa mais do que um anacronismo”, disse Mie Asaoka, diretora da Kiko Network, organização ambientalista com sede em Kyoto, Japão.

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