Mundo

Após desistir, Biden segue presidente? Quem vai substituí-lo? Veja tudo o que se sabe

A saída do democrata ocorre após uma crise política gerada após ele ir mal no primeiro debate na TV, em 27 de junho

Biden: democrata desistiu de concorrer a reeleição (Aurélia END/AFP)

Biden: democrata desistiu de concorrer a reeleição (Aurélia END/AFP)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 21 de julho de 2024 às 17h12.

Última atualização em 21 de julho de 2024 às 17h21.

Tudo sobreEleições EUA 2024
Saiba mais

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, decidiu neste domingo, 21, não disputar as eleições deste ano contra o ex-presidente Donald Trump. A saída do democrata ocorre na esteira de uma crise política gerada após ele ir mal no primeiro debate na TV, em 27 de junho. Naquele dia, o presidente deu respostas confusas, pareceu assustado e perdido, ao não saber para qual câmera olhar enquanto o rival Donald Trump falava.

Como se trata da primeira vez desde 1968 que um presidente em exercício desiste de disputar a reeleição, a EXAME separou perguntas e respostas sobre o que acontece agora nas eleições nos Estados Unidos.

Biden desistiu de concorrer?

Na tarde deste domingo, Biden publicou uma carta em seu perfil no X onde afirmou que desistiu de concorrer à reeleição. A decisão de saída foi postada às 13h46 no horário de Washington (14h46 no horário de Brasília).

“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E, embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me retire e concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, disse.

Biden renunciou?

Não, Joe Biden apenas desistiu de disputar a reeleição. O democrata fica no cargo até 20 de janeiro de 2025.

Qual a idade de Joe Biden?

O presidente Joe Biden tem 81 anos.

Por que Biden desistiu de disputar a eleição?

Biden desistiu da campanha à reeleição após forte pressão de doadores, companheiros de partido, imprensa e até de astros de Hollywood. Cerca de 30 deputados e senadores democratas pediram que o presidente Biden encerrasse sua campanha. Como EXAME mostrou, eram grandes as chances de ele desistir neste final de semana, diante da pressão avassaladora que sofria dentro do Partido Democrata para sair.

O presidente teve sua saúde e capacidade cognitiva questionadas, principalmente após um desempenho desastroso no primeiro debate na TV, em 27 de junho, contra Trump. Líderes democratas entenderam que Biden não teria capacidade de impedir que o ex-presidente republicano retomasse o poder.

Quem Biden apoia para disputar a eleição contra Trump?

O presidente americano defendeu que Kamala Harris, sua vice-presidente, assuma a candidatura democrata. O apoio de Biden ao nome de Kamala não garante que ela será a candidata democrata.

Quem pode substituir Joe Biden na disputa presidencial?

Entre os cotados para substituí-lo na disputa, estão a vice-presidente, Kamala Harris, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, e mais alguns nomes.

O que acontece com o dinheiro doado para a campanha de Biden?

A campanha presidencial de Biden-Harris finalizou o mês de junho com US$ 95 milhões (quase R$ 500 milhões na cotação atual) de fundos em caixa. Até aqui, a chapa já arrecadou US$ 240 milhões em múltiplos comitês.

Se Kamala Harris for indicada como a substituta, sua nova chapa enfrentará poucas interrupções financeiras. Harris terá acesso imediato ao fundo disponível. O ex-presidente Donald Trump e os republicanos atingiram US$ 116 milhões em fundos, segundo a Reuters.

Outra possibilidade é que se Harris não for anunciada como vice, os US$ 95 milhões serão devolvidos aos doadores, ou se poderia transferir esse montante para um super PAC federal que poderá investir o dinheiro em publicidade para a nova chapa democrata.

Como será o processo de substituição de Joe Biden?

O nome que vai disputar as eleições no lugar de Biden será definido pelo Partido Democrata. O processo de substituição não está claro e poderá levar o partido a uma situação atípica.

Segundo as regras do Comitê Nacional Democrata (DNC), responsável pela organização da convenção, uma reunião de emergência deve ser convocada para estabelecer o processo de substituição. O DNC pode decidir realizar uma convenção especial para nomear um novo candidato à presidência ou nomear diretamente a pessoa após consultar os líderes democratas.

Para designar um indicado oficial, delegados de todos os 50 estados comparecem à convenção de indicação de seus partidos para nomear oficialmente um candidato com base nas eleições primárias.

Essa será a primeira em anos que o candidato democrata será decidido em uma convenção em vez das primárias. Nas primárias do partido, a chapa Biden-Kamala enfrentou uma oposição mínima e garantiu mais de 90% dos delegados que participarão da Convenção Democrata. Com a saída de Biden, os delegados precisam encontrar um substituto.

Quando o novo candidato democrata será anunciado?

O processo de substituição de Biden ainda não está claro e nem existe uma data para a definição. Em agosto, o partido vai se reunir na Convenção Nacional Democrata. O partido tem até o dia 7 de agosto para definir os nomes que estarão nas cédulas que os delegados votarão.

Quando será a Convenção Nacional Democrata?

A decisão sobre a nova candidatura deverá ser definida até a Convenção Nacional Democrata, marcada para os dias 19 a 22 de agosto, em Chicago.

Como foi o governo Biden

Na Casa Branca, Biden viu sua popularidade em alta nos primeiros meses, mas, em agosto de 2021, veio a primeira grande crise. A saída atabalhoada das forças americanas do Afeganistão abriu espaço para que o Talibã recuperasse rapidamente o controle do país. Depois disso, a aprovação de Biden nunca mais superou os 50%.

Seu governo também foi questionado pela alta da inflação e pelo aumento da entrada de imigrantes irregulares pelas fronteiras.

Nos dois primeiros anos de mandato, Biden teve maioria na Câmara e no Senado, mas houve dificuldade para aprovar projetos por falta de entendimento entre os próprios democratas.

Em 2022, nas eleições de meio de mandato, os republicanos retomaram o controle da Câmara, o que dificultou o avanço de medidas propostas pela Casa Branca. Naquele ano, o presidente também viu a Rússia invadir a Ucrânia e a Suprema Corte derrubar o direito ao aborto, dois temas aos quais ele era contra.

Entre as ações positivas, Biden conseguiu manter o país com níveis baixos de desemprego ao longo de quase todo o mandato, em um sinal da robustez da economia americana. Buscou também fazer investimentos em energias limpas e infraestrutura e reaproximar os Estados Unidos de outros países.

O que Trump disse depois que Biden desistiu?

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano Donald Trump afirmou, após o presidente Joe Biden abandonar a corrida à reeleição, que o democrata nunca esteve apto para o cargo.

“O corrupto Joe Biden não estava apto para concorrer à presidência e certamente não está apto para ocupar o cargo, e nunca esteve!”, escreveu o republicano em uma mensagem na rede social Truth.

Trump disse ainda que Biden só "alcançou o cargo de presidente através de mentiras e fake news" e afirmou que o país sofreu "muito por causa da sua presidência, mas remediaremos muito rapidamente os danos que ele causou”, complementou.

Em uma entrevista por telefone para a NBC News, o republicano disse que Biden nunca deveria ter concorrido à presidência e deveria ter ficado "em seu porão".

Com Rafael Balago e Agências O Globo e EFE.

Acompanhe tudo sobre:Eleições EUA 2024Eleições americanasJoe BidenDonald Trump

Mais de Mundo

China e Brasil fortalecem parceria estratégica e destacam compromisso com futuro compartilhado

Matt Gaetz desiste de indicação para ser secretário de Justiça de Donald Trump

Putin confirma ataque à Ucrânia com míssil hipersônico

Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Pudong: expansão estratégica em Xangai