Apesar de toque de recolher, sírios celebram nas ruas a queda de Assad
Mais cedo, a coligação rebelde islâmica que hoje assumiu o controle de Damasco anunciou um toque de recolher obrigatório de 13 horas na capital síria
Agência de Notícias
Publicado em 8 de dezembro de 2024 às 13h40.
Última atualização em 9 de dezembro de 2024 às 08h58.
Milhares de pessoas saíram neste domingo às ruas da grande maioria das províncias da Síria, e também em Damasco, após os rebeldes islâmicos tomarem a capital do país e a declararem "livre" do presidente Bashar al-Assad .
Meios de comunicação árabes, como o canal de televisão privado catari "Al Jazeera", transmitiram imagens de grandes concentrações de pessoas na Praça Umayyad, no centro de Damasco, e de cidadãos imortalizando com seus celulares o clima de alegria na capital síria após a queda de Assad.
Estas celebrações ocorreram em paralelo com muitas outras na grande maioria das províncias do país, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que constatou que milhares de pessoas saíram às ruas de Tartus, Latakia, Baniyas, Homs, Aleppo, Idlib, Deir al Zur e Al Hasakah.
As celebrações também se estenderam às “cidades habitadas em sua maioria por cidadãos da comunidade alawi”, a minoria religiosa a que pertence Assad, após “a queda do regime” da família do presidente, no poder na Síria há quase 54 anos.
Em Tartus e Latakia, “milhares de pessoas saíram às ruas para expressar a sua alegria e destruíram as estátuas de Hafez al-Assad”, o pai do presidente falecido em 2000.
O OSDH observou que após a derrubada de Assad os rebeldes abriram as portas de "prisões e centros de detenção", como a infame prisão de Saydnaya, cerca de 30 quilômetros de Damasco, e outras em Adra e Homs, de onde "foram libertados milhares de prisioneiros".
Toque de recolher em Damasco
Isso acontece apesar da coligação rebelde islâmica liderada pela Organização para a Libertação do Levante, que hoje assumiu o controle de Damasco, ter anunciado um toque de recolher obrigatório de 13 horas na capital síria.
“O Comando de Operações Militares anuncia toque de recolher na cidade de Damasco das 4 da tarde às 5 da manhã”, segundo um breve comunicado dos rebeldes.
Esta é uma das primeiras medidas tomadas pelos rebeldes na capital, depois de terem pedido respeito à propriedade pública e privada, bem como não houvesse disparos.
Os insurgentes declararam hoje Damasco “livre” de Bashar al-Assad, após 12 dias de ofensiva lançada por uma coligação liderada pela Organização para a Libertação do Levante, juntamente com outras facções apoiadas pela Turquia, para derrubar o governo sírio.
Precisamente, o primeiro-ministro sírio, Mohammad Ghazi al-Jalali, disse hoje que estende a mão a “todos os sírios que estão interessados neste país para preservar suas instituições”.
Os rebeldes disseram pouco depois que as instituições públicas na Síria permanecerão sob a supervisão de Al Jalali até serem "oficialmente entregues".