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Apesar de proibição de protestos, multidão desafia a polícia em Hong Kong

Dezenas de milhares de pessoas compareceram à manifestação para pressionar o governo e reclamar medidas pró-democracia, pelo 20º fim de semana consecutivo

Hong Kong: as recentes agressões que deixaram dois ativistas pró-democracia gravemente feridos aumentaram a revolta dos manifestantes (Tyrone Siu/Reuters)

Hong Kong: as recentes agressões que deixaram dois ativistas pró-democracia gravemente feridos aumentaram a revolta dos manifestantes (Tyrone Siu/Reuters)

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AFP

Publicado em 20 de outubro de 2019 às 10h48.

Hong Kong — Dezenas de milhares de pessoas desafiaram neste domingo (20) a proibição de manifestações em Hong Kong e organizaram protestos, com o objetivo de criticar as agressões sofridas durante a semana por dois ativistas pró-democracia.

As autoridades proibiram o protesto convocado para Tsim Sha Tsui, bairro conhecido por suas lojas de luxo e hotéis, alegando razões de segurança, após os recentes confrontos entre as forças de segurança e manifestantes mais radicais.

Mas dezenas de milhares de pessoas compareceram à manifestação para pressionar o governo local e reclamar medidas pró-democracia, pelo 20º fim de semana consecutivo.

Há quatro meses a região semiautônoma enfrenta sua crise política mais grave desde que o Reino Unido devolveu o território à China, em 1997, com manifestações quase diárias para exigir reformas democráticas e denunciar a crescente interferência de Pequim.

Desde que as autoridades proibiram, no início de outubro, o uso de máscaras nas manifestações, o índice de violência aumentou, com vários atos de vandalismo contra empresas acusadas de apoiar o governo, leal a Pequim.

As agressões que deixaram dois ativistas pró-democracia gravemente feridos aumentaram a revolta dos manifestantes.

Na quarta-feira, Jimmy Sham — um dos líderes do movimento pró-democracia — foi internado depois de ser atacado com martelos por homens não identificados.

Sham é o principal porta-voz da Frente Civil de Direitos Humanos (FCDH), organização que prega a não violência e que convocou algumas das maiores manifestações pacíficas dos últimos meses.

No sábado à noite, um homem de 19 anos que distribuía panfletos a favor das manifestações foi gravemente ferido por criminoso que o esfaqueou no pescoço e abdome.

A líder de Hong Kong, Carrie Lam, disse nesta semana que melhoraria a oferta de residências de baixo custo, ofereceria assistência para hipotecas a quem compra a primeira casa, e aumentaria subsídios às tarifas de transporte de massa.

Tudo isso na tentativa de diminuir o ímpeto do movimento de protesto. Essas tentativas vieram após outras medidas, mais duras, como utilizar lei de emergência para banir máscaras em protestos e uma decisão da operadora de metrôs para encerrar o serviço dos trens mais cedo.

Mas uma maré humana invadiu neste domingo as ruas de Hong Kong com guarda-chuvas para se proteger do sol. Os manifestantes que compareceram à marcha disseram que não ficaram satisfeitos com a resposta de Lam aos protestos, que começaram como resposta a uma proposta de lei de extradição que permitiria que pessoas em Hong Kong fossem julgadas sob o sistema legal mais opaco da China.

Embora o governo tenha prometido retirar a proposta, os protestos se ampliaram para pedidos de reforma democrática, um inquérito independente sobre conduta policial e anistia para manifestantes presos.

A passeata aconteceu de maneira pacífica até que pequenos grupos de manifestantes radicais atacaram estações de metrô e agências de banco chineses ao longo do trajeto.

A polícia usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes radicais diante da delegacia de Tsim Sha Tsui. Acentuando a divisão ideológica, a violência aumentou nas últimas semanas nos dois lados, com agressões a vários ativistas.

Para o governo da China, as manifestações são o resultado de uma conspiração ocidental que pretende impor pela força a democracia no território semiautônomo.

Pequim mantém silêncio sobre as agressões de militantes pró-democracia.

A mobilização começou como forma de repúdio a um projeto de lei que pretendia autorizar extradições para a China. O texto foi retirado, mas com muito atraso, segundo os manifestantes, que ampliaram suas reivindicações.

Sem qualquer tipo de concessão do Executivo de Hong Kong e de Pequim, o movimento se tornou cada vez mais radical, o que provoca confrontos violentos entre manifestantes extremistas e as forças de segurança.

Como prova da tensão, há duas semanas o metrô de Hong Kong encerra o serviço às 22H00.

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