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Apesar de Fukushima, EUA voltam a autorizar usinas nucleares

O país aprovou a construção de dois novos reatores na Geórgia para enfrentar a maior demanda elétrica e reduzir a dependência de combustíveis fósseis

As usinas nucleares americanas estão preparadas desde os atentados terroristas de 11 de setembro para enfrentar imprevistos no abastecimento elétrico (Miguel Villagran/Getty Images)

As usinas nucleares americanas estão preparadas desde os atentados terroristas de 11 de setembro para enfrentar imprevistos no abastecimento elétrico (Miguel Villagran/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2012 às 13h39.

Washington - Os Estados Unidos colocaram fim na semana passada a moratória nuclear de mais de 30 anos a poucos dias de completar um ano do acidente de Fukushima, apesar das críticas sobre segurança dessas centrais.

Nesta quarta-feira, a Comissão Nuclear Reguladora (NRC, na sigla em inglês) pediu maior controle sobre a segurança em uma das 65 usinas nucleares do país por falhas registradas nestas complexas instalações, que estão sendo acompanhadas de lupa por organizações ambientalistas desde o acidente de Fukushima em 11 de março.

Pelo comunicado do NRC, a planta de Palisades (estado de Michigan) teve problemas em suas operações que, embora não tenham sido graves, se somam em poucos dias às críticas sobre os problemas que levaram ao vazamento de amoníaco em novembro de um reator da central na Califórnia.

Após o acidente de Three Mile Island em 1979, o mais grave ocorrido em um reator nos Estados Unidos, as autoridades federais decidiram não voltar a construir novas usinas nucleares, apesar de 20% da energia do país ser gerada a partir da fissão atômica.

Na semana passada, menos de um ano depois do acidente de 11 de março na planta de Fukushima Daiichi, o de maior gravidade depois de Chernobyl, os Estados Unidos colocaram fim a moratória ao aprovar a construção de dois novos reatores na Geórgia para enfrentar a maior demanda elétrica e reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

A aprovação não foi isenta de polêmica. O próprio presidente da NRC, Gregory Jaczko, se opôs à aprovação e disse que deveria existir uma cláusula que obrigue a adoção de medidas para evitar problemas de abastecimento energético em caso de terremotos e inundações.

'Simplesmente, eu não posso ignorar o que aconteceu em Fukushima', justificou Jaczko, cuja oposição não foi suficiente na votação do organismo regulador para frustrar a autorização à elétrica Southern.


Da mesma forma que em outras partes do mundo, a catástrofe de Fukushima despertou o movimento antinuclear e levou à NRC a pedir reforço das medidas de segurança diante dos desastres naturais dos 104 reatores do país, assim como mais analistas em sismologia.

A NRC reiterou desde o início da crise em Fukushima que a possibilidade de ocorrer um acidente similar ao do Japão nos Estados Unidos é muito limitada, já que só o noroeste do país existe uma zona com placas tectônicas como as existentes na região onde ocorreu o terremoto de 9 graus e o posterior tsunami de 11 de março.

No entanto, existem duas plantas, a de Columbia, no estado do Oregon, e a de Diabo Canyon, na Califórnia, - situadas, como a de Fukushima, à beira do mar - que foram erguidas perto de onde há choques de placas similares as do Japão e que estão desenhadas para suportar terremotos de até 7 graus.

No ano 1700, o norte da Califórnia sofreu terremoto de magnitude similar ao do nordeste do Japão, o que também causou tsunami que chegou a atravessar o Pacífico, conforme dados do Serviço Geológico Nacional dos EUA.

Outra planta californiana, a de San Onofre, fica em uma região de alto risco sísmico às margens da costa e a NRC reiterou o risco mínimo de catástrofe nessa zona e avaliou as medidas de segurança como suficientes.

Apesar de tudo, algumas empresas elétricas proprietárias de usinas nucleares decidiram após a crise de Fukushima extremar os sistemas de controle e as medidas de apoio diante de uma emergência para evitar que, como no caso do Japão, os reatores percam a capacidade de gerar energia e de refrigeração.

A perda de eletricidade dos sistemas de emergência para refrigerar os núcleos e as piscinas de combustível foi a principal causa de uma série de erros em cadeia que permitiu o material radioativo contaminar o exterior e obrigar à evacuação de milhares de pessoas.

As usinas nucleares americanas estão preparadas desde os atentados terroristas de 11 de setembro para enfrentar imprevistos no abastecimento elétrico e falhas gerais nos sistemas de segurança do núcleo do reator. 

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