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Apesar de ameaça do governo, estudantes fazem novos protestos no Chile

Além de Santiago, houve manifestações nas cidades de Valparaíso, Valdivia, Concepción, Talca e Temuco

Em Santiago, cinco policiais e dois jornalistas ficaram feridos, e cerca de 40 pessoas foram detidas, segundo dados preliminares das autoridades (AFP/Maxi Failla)

Em Santiago, cinco policiais e dois jornalistas ficaram feridos, e cerca de 40 pessoas foram detidas, segundo dados preliminares das autoridades (AFP/Maxi Failla)

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Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2011 às 19h33.

Santiago - Os estudantes chilenos voltaram nesta quarta-feira a promover manifestações, e as da capital Santiago acabaram em violentos distúrbios, apesar da advertência do governo de que endurecerá suas ações para restabelecer a ordem.

Neste segundo e último dia de mobilizações para exigir uma educação pública de qualidade houve também protestos nas cidades de Valparaíso e Valdivia, assim como em Concepción, Talca e Temuco, nestes últimos casos sem incidentes.

Em Santiago, no entanto, cinco policiais e dois jornalistas ficaram feridos, e cerca de 40 pessoas foram detidas, segundo dados preliminares das autoridades.

A jornada de greve e protestos foi convocada por estudantes de ensino médio e universitários, a associação de Professores e o principal sindicato de trabalhadores do Chile.


Esta nova mobilização do movimento estudantil em cinco meses de conflito ocorreu um dia depois de o governo de Sebastián Piñera ter decidido endurecer sua postura frente às desordens públicos.

O governo ameaçou nesta quarta apelar à Lei de Segurança do Estado devido ao incêndio de um ônibus ontem em Santiago.

"Cada vez que houver um ato que mereça a maior das penas, não temeremos apelar à Lei de Segurança do Estado", afirmou a intendente (governadora) de Santiago, Cecilia Pérez.

A Intendência havia autorizado para esta quarta-feira duas manifestações que confluíram em um mesmo ponto da capital chilena, reunindo 25 mil pessoas, segundo a polícia. Já os organizadores dos atos disseram que os protestos contaram com a presença de 70 mil pessoas.


As passeatas transcorreram de forma pacífica na maior parte do tempo, mas no final, enquanto era realizado um ato cultural, centenas de manifestantes encapuzados provocaram distúrbios e enfrentaram a polícia.

Lojas e agências bancárias fecharam suas portas, e pessoas que não faziam parte dos protestos se refugiaram em suas casas ou em seus locais de trabalho.

Os agitadores destruíram semáforos, jogaram pedras e montaram barricadas. Além disso, um grupo atacou um posto de combustíveis e derramou gasolina.

Um funcionário de uma rede de televisão local e um cinegrafista que cobria a manifestação para uma emissora espanhola ficaram feridos ao serem atingidos por pedradas.


As desordens forçaram o fim antecipado do ato cultural organizado pelos estudantes, do qual participaram os líderes do movimento Camila Vallejo, Giorgio Jackson e Francisco Figueroa, que chegaram nesta quarta-feira em Santiago vindos da Europa, onde se reuniram com representantes da ONU, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da União Europeia.

"Na Europa nos demos conta de que o que estamos pedindo não é utópico nem regressivo", declarou Camila.

"Não estamos loucos, nossas reivindicações são legítimas, justas, e têm o respaldo de organizações internacionais como a Unesco e a ONU. Elas nos disseram que o Estado chileno tem muitas tarefas pendentes em matéria de educação", acrescentou a líder estudantil.

Por sua vez, Giorgio Jackson, da Universidade Católica, defendeu uma reforma tributária para possibilitar o financiamento de uma educação gratuita universal.


Sobre este tema, o porta-voz do governo, o ministro Andrés Chadwick, ressaltou que o Chile não pode ser comparado com França, Bélgica ou Suíça, e lembrou que esses países sofrem atualmente com elevados índices de déficit.

"Os países que eles visitaram têm três, quatro, cinco vezes mais renda per capita que o Chile, são desenvolvidos há muitos anos, e além disso hoje em dia estão em uma crise gigantesca em virtude do déficit fiscal por terem usado mal os recursos", reforçou.

Por sua vez, o ministro da Fazenda declarou que o governo "não hesitará em manter a responsabilidade fiscal" apesar das reivindicações em prol do aumento da despesa com educação.

Os estudantes exigem uma educação pública, gratuita e de qualidade, e uma reforma do sistema imposto durante a ditadura de Augusto Pinochet, que os obriga a assumir grandes dívidas para financiar seus estudos.

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