Dos nove países com armas nucleares, a Rússia e os EUA concentram juntas 92% das armas (Sergei Supinsky/AFP/AFP)
AFP
Publicado em 18 de junho de 2018 às 14h40.
Estocolmo - Os países dotados de armas nucleares estão reduzindo seus arsenais, mas eles estão mais modernos, apesar da vontade de desarmamento manifestada pela comunidade internacional - aponta um informe publicado nesta segunda-feira (18) pelo instituto SIPRI, que considera preocupante a "estratégia da dissuasão".
Nove países (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte) possuíam 14.465 ogivas no início de 2018, das quais 3.750 se encontram mobilizadas, segundo números anuais do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI). No início de 2017, esse número era um pouco superior, 14.935.
"A diminuição do número total de armas nucleares no mundo se deve, principalmente, a que Rússia e Estados Unidos (...) continuam reduzindo suas forças nucleares estratégicas, de acordo com a adoção do tratado sobre as medidas de redução e limitação suplementares das armas estratégicas ofensivas (New START)", afirma o SIPRI em seu informe.
Firmado em 2010 entre Rússia e Estados Unidos, este tratado sobre a redução das armas estratégicas, o START, entrou em vigor em 2011, prevê uma redução de 30% do número de ogivas nucleares, das que dispõem as duas superpotências atômicas, e verificações mútuas mais transparentes. Apenas Rússia e EUA concentram, juntas, 92% das armas deste tipo.
Os outros Estados dotados de armas nucleares - Reino Unido (215 ogivas), França (300), China (280), Índia (130-140), Paquistão (140-150), Israel (80) e Coreia do Norte (10-20, os dados são incertos para este país) - "desenvolvem, ou empregam (todos) novos sistemas de armas nucleares, ou anunciaram sua intenção de fazê-lo", alerta o SIPRI.
"O mundo precisa de um compromisso claro dos Estados dotados de armas nucleares para um processo eficaz e juridicamente vinculante em relação ao desarmamento nuclear", afirmou o presidente do Conselho Administrativo do SIPRI, Jan Eliasson.
Este alerta também foi dado sobre os avanços constatados na Coreia do Norte, "rápidos e inesperados", em particular no que se refere "ao teste de dois novos tipos de sistemas de lançamento de mísseis balísticos de longo alcance".
Em 12 de junho, o presidente americano, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, tiveram uma histórica cúpula em Singapura, encerrada com uma declaração comum sem grandes avanços sobre a questão crucial do arsenal nuclear da Coreia do Norte.
Dois dias depois desse encontro bilateral, porém, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, reafirmou a importância de aplicar as sanções internacionais contra a Coreia do Norte até sua completa desnuclearização.