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AMLO assume com planos de “renovar” política do México

Com maioria no Congresso, López Obrador assume México com promessas de governar por referendos e renovar as bases políticas do país

Conhecido como AMLO, Obrador é muitas vezes comparado ao ex-presidente Lula (Daniel Becerril/Reuters)

Conhecido como AMLO, Obrador é muitas vezes comparado ao ex-presidente Lula (Daniel Becerril/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2018 às 07h13.

Última atualização em 30 de novembro de 2018 às 07h13.

Andrés Manuel López Obrador assumirá a presidência do México neste sábado, com o compromisso de renovar a política do país. Para confirmar se essa tarefa será cumprida, será necessário analisar todo o mandato do presidente. Mas o que é possível averiguar logo neste mês de dezembro é se Obrador manterá a amenidade de seu discurso, conquistada ao longo de sucessivas tentativas de chegar ao Palácio Nacional, sede da presidência mexicana.

Conhecido como AMLO, Obrador é muitas vezes comparado ao ex-presidente Lula. Do partido de esquerda Movimento Regeneração Nacional (Morena), o candidato eleito tenta desde 2006 assumir o poder do país, e exercer um mandato de seis anos. Para conquistar o cargo, porém, Obrador teve que abrir mão de seu discurso mais radical (em que pregava reforma agrária) e conquistar os investidores.

“Não atuaremos de maneira arbitrária, não haverá confisco nem expropriação de bens”, afirmou AMLO no discurso de vitória. “As mudanças serão profundas, mas se darão com respeito à ordem legal estabelecida. Haverá liberdade empresarial, de expressão, de associação e de crença. Estarão garantidas todas as liberdades individuais e sociais, assim como os direitos consagrados na Constituição.”

O plano, no primeiro momento, deu certo, e AMLO foi eleito com pouco mais de 53% dos votos em julho deste ano. Mas a confiança está longe de ser um ponto forte de seu futuro governo. No mês passado, o cancelamento de um projeto de construir um aeroporto no país fez com que o peso caísse 3,5% e chegou ao patamar de 20 por dólar. Além disso, o mercado de ações perdeu mais de 17 bilhões de dólares em valor e o JPMorgan reduziu sua projeção de crescimento econômico para 2019, afirmando que agora o banco central provavelmente terá que elevar as taxas de juros para desacelerar a fuga de capital.

A oposição teme um governo de viés autoritário. Com a maioria nas duas casas do Congresso dominada pelo Morena, o presidente ainda terá a oportunidade de indicar dois membros para o conselho do Banco do México (o banco central do país) e a indicação de dois assentos na Suprema Corte (que ficarão vagas em fevereiro do ano que vem). Além disso, a promessa de governar por referendos gera desconfianças por esvaziar ainda mais o congresso.

Outro importante problema interno que deverá ser foco de seu governo é o combate à corrupção. Nos últimos quatro anos, 9 dos 32 governadores foram investigados, indiciados ou presos em escândalos de corrupção. Além disso, em 2017, o país sofreu o maior número de homicídios dos últimos 20 anos, resultado do tráfico de drogas e de conflitos de carteis.

AMLO também precisará de respostas duras para a imigração. Se de um lado o México tem sido palco de caravanas de imigrantes da América Central indo em direção aos Estados Unidos, do outro o governo americano tenta pressionar o país a não aceitar que eles cheguem até a fronteira. A habilidade de lidar com o vizinho do norte será crucial para o ambicioso projeto de governo de Obrador.

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