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Ambição, escândalos e disputas mancham sobrenome Mandela

Nelson Mandela continua a ser uma unanimidade, mas o mesmo não pode ser dito de sua família

Nelson Mandela em Londres no dia 24 de junho de 2008 (Dylan Martinez/AFP)

Nelson Mandela em Londres no dia 24 de junho de 2008 (Dylan Martinez/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2013 às 21h18.

Johanesburgo - Enquanto o ex-presidente Nelson Mandela continua a ser uma unanimidade na comunidade internacional, normalmente descrito como um ser excepcional, o mesmo não pode ser dito de sua família, acostumada a trocar acusações em público e pela imprensa - quase sempre referentes ao legado do líder sul-africano.

No início de julho, os sul-africanos viram horrorizados como Mandla, o neto mais velho do herói da luta contra o Apartheid, acertou contas com uma parte da família em uma entrevista coletiva inacreditável transmitida na televisão.

Enquanto isso, já hospitalizado, seu avô lutava entre a vida e a morte.

Expondo os mais íntimos segredos de família, ele chegou a acusar o irmão Mbuzo de ter engravidado sua mulher.

Mbuzo era parte dos 15 membros do clã que tinham acabado de denunciá-lo - com sucesso - para que permitisse o translado dos restos mortais de três filhos de Mandela.

Inicialmente, os corpos foram enterrados na cidade de Qunu (sul), onde Mandela passou os melhores anos de sua infância e onde descansará para sempre, no domingo, junto com os seus.

Em 2011, porém, Mandla transferiu os corpos para a cidade natal de seu pai, Mvezo, a 30 km de Qunu. Chefe tribal dessa localidade, ele pretendia construir um lugar turístico grandioso dedicado à memória do avô.

Embora a família tenha abandonado a ideia de denunciá-lo por violação de sepultura, ele ainda terá de responder na Justiça por apontar uma arma para um motorista, durante uma discussão de trânsito.


Mandla, de 39, já foi manchete dos principais jornais por seus escândalos conjugais e brigas com os vizinhos. Deputado desde 2009 pelo Congresso Nacional Africano, o mesmo de seu falecido avô, suas posições políticas são irrelevantes.

Ainda no Parlamento, outra "Mandela" que brilha por sua ausência é a ex-mulher do herói nacional, Winnie Madikizela-Mandela. Nos anos 1980, ele teve de responder na Justiça pela violência de seus seguranças e, em 2003, por fraude. O restante da família, que conta com três filhas, 17 netos e 12 bisnetos, manteve-se longe da política, mas não dos negócios.

Vinhos e camisetas

Nelson Mandela sempre controlou rigidamente o uso comercial de seu nome, limitando-o para fins beneficentes. Ignorando essa orientação, quatro de seus netos criaram a marca de roupas LWTF. O acrônimo é uma referência ao título da autobiografia de Mandela "Long Walk to Freedom". As camisetas estampam, claro, sua foto, ou sua assinatura.

Recentemente, Makaziwe, a filha mais velha, aventurou-se no universo dos vinhos, lançando a marca "Casa de Mandela", com sua filha Tukwini.

Em outro episódio que não apresenta qualquer semelhança com a imagem do Prêmio Nobel da Paz, duas de suas netas participaram de um programa de televisão intitulado "Ser um Mandela". Nele, lembraram histórias da infância. Além disso, ambas têm uma conta no Twitter pouco edificante.

Finalmente, sua filha Zenani foi nomeada embaixadora na Argentina, sem qualquer experiência diplomática.

Menos anedótico, Zenani e sua meia-irmã recorreram à Justiça para conseguir que três parentes de seu pai fossem retirados da direção de um fundo de investimentos que administra a fortuna da família.

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