Amazônia brasileira vive momento delicado
Desmatamento aumentou no último ano após quase uma década de redução drástica, segundo indicadores
Da Redação
Publicado em 16 de agosto de 2013 às 15h51.
São Félix do Xingu - O desmatamento na Amazônia aumentou no último ano após quase uma década de redução drástica, apontam indicadores ainda provisórios que acionam um alerta sobre o delicado momento atravessado pela maior floresta tropical do planeta.
Entre agosto de 2012 e junho de 2013, o Instituto Imazon detectou um aumento de 100% do desmatamento. Os dados provisórios do governo até maio indicam um aumento de 30%.
O Brasil conseguiu reduzir o desmatamento de sua floresta para 4.571 km2 em 2012, o menor em décadas, após o alarmante máximo de 27.772 km2 em 2004.
A medição anual do desmatamento vai de agosto a julho, mas o governo insiste que os dados definitivos serão conhecidos até o final do ano com informações mais precisas de satélites.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, reconheceu que a pressão aumentou após a forte redução do desmatamento em 2012, mas afirmou que não espera um aumento do registro quando forem divulgados os dados definitivos.
"Estamos trabalhando duro para que o desmatamento não aumente. Temos o maior contingente de personas trabalhando na Amazônia", acrescentou.
Os números do desmatamento coincidem com grandes obras e leis que afetam a região, aprovadas por um Congresso que tem uma poderosa bancada favorável ao agronegócio em um país produtor de matérias-primas.
Após anos de intensos debates, em outubro foi sancionada a reforma do Código Federal, impulsionada pela bancada ruralista e questionada pelos ecologistas. Esta lei definiu que os agricultores e pecuaristas devem preservar em suas propriedades na Amazônia 80% da cobertura vegetal de selva.
"Uma das razões para o aumento recente do desmatamento foi o Código Florestal: provocou um rumor que o produtor interpretou como anistia" para aqueles que desmatam, disse à AFP o secretário de Municípios Verdes do estado do Pará (norte), Justiniano Netto.
O governo de Dilma Rousseff "continua impulsionando grandes obras, mas não criou novas áreas protegidas e quase não demarcou terras indígenas, que são barreiras ao desmatamento e, ao mesmo tempo, depende do apoio de uma frente política, (que integra) o agronegócio, que tem um grande poder que não tinha antes e uma agenda muito clara de revisão de políticas indígenas e áreas protegidas", disse à AFP o encarregado da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario.
Os indígenas estão em pé de guerra diante de iniciativas em debate no Congresso, como a possibilidade de instalar concessões de mineração ou fazendas em suas terras, e que seja o Parlamento que demarque seus territórios, um assunto atualmente nas mãos do governo, destacou Cleber Buzzatto, secretário executivo do Conselho Indigenista (CIMI). "É um processo de ataque violento aos direitos indígenas", disse.
Líderes de 121 etnias de todo o país invadiram a Câmara dos Deputados em abril para reivindicar seus direitos e acusaram a presidente de ser anti-indígena.
Os analistas se recusam a concluir que o aumento indicado no desmatamento está marcando uma nova tendência no país que em oito anos conseguiu reduzir em mais de 80% o desmatamento na floresta, mas advertem que é preciso colocar mãos à obra.
"O Brasil tem as armas para continuar reduzindo o desmatamento, mas não pode afrouxar as regras, precisa deixar claro que não aceitaria anistias e agirá com dureza contra quem desmata", afirmou Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon.
Os analistas identificam uma nova tendência em boa parte do desmatamento: a especulação de terras incentivada por grandes obras de infraestrutura ou logística, como hidrelétricas, estradas e portos, que melhoram a perspectiva de desenvolvimento econômico.
"O Brasil tem que investir na prevenção: muitos dos danos ambientais e sociais destas obras podem ser prevenidos", afirmou Ian Thompson, diretor do programa Amazônia da ONG The Nature Conservancy.
O Instituto da Reforma Agrária do governo se comprometeu na semana passada a reduzir em 80% até 2020 o desmatamento nos territórios da Amazônia entregues a camponeses sem terra, onde foi denunciado um significativo aumento da devastação.
São Félix do Xingu - O desmatamento na Amazônia aumentou no último ano após quase uma década de redução drástica, apontam indicadores ainda provisórios que acionam um alerta sobre o delicado momento atravessado pela maior floresta tropical do planeta.
Entre agosto de 2012 e junho de 2013, o Instituto Imazon detectou um aumento de 100% do desmatamento. Os dados provisórios do governo até maio indicam um aumento de 30%.
O Brasil conseguiu reduzir o desmatamento de sua floresta para 4.571 km2 em 2012, o menor em décadas, após o alarmante máximo de 27.772 km2 em 2004.
A medição anual do desmatamento vai de agosto a julho, mas o governo insiste que os dados definitivos serão conhecidos até o final do ano com informações mais precisas de satélites.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, reconheceu que a pressão aumentou após a forte redução do desmatamento em 2012, mas afirmou que não espera um aumento do registro quando forem divulgados os dados definitivos.
"Estamos trabalhando duro para que o desmatamento não aumente. Temos o maior contingente de personas trabalhando na Amazônia", acrescentou.
Os números do desmatamento coincidem com grandes obras e leis que afetam a região, aprovadas por um Congresso que tem uma poderosa bancada favorável ao agronegócio em um país produtor de matérias-primas.
Após anos de intensos debates, em outubro foi sancionada a reforma do Código Federal, impulsionada pela bancada ruralista e questionada pelos ecologistas. Esta lei definiu que os agricultores e pecuaristas devem preservar em suas propriedades na Amazônia 80% da cobertura vegetal de selva.
"Uma das razões para o aumento recente do desmatamento foi o Código Florestal: provocou um rumor que o produtor interpretou como anistia" para aqueles que desmatam, disse à AFP o secretário de Municípios Verdes do estado do Pará (norte), Justiniano Netto.
O governo de Dilma Rousseff "continua impulsionando grandes obras, mas não criou novas áreas protegidas e quase não demarcou terras indígenas, que são barreiras ao desmatamento e, ao mesmo tempo, depende do apoio de uma frente política, (que integra) o agronegócio, que tem um grande poder que não tinha antes e uma agenda muito clara de revisão de políticas indígenas e áreas protegidas", disse à AFP o encarregado da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario.
Os indígenas estão em pé de guerra diante de iniciativas em debate no Congresso, como a possibilidade de instalar concessões de mineração ou fazendas em suas terras, e que seja o Parlamento que demarque seus territórios, um assunto atualmente nas mãos do governo, destacou Cleber Buzzatto, secretário executivo do Conselho Indigenista (CIMI). "É um processo de ataque violento aos direitos indígenas", disse.
Líderes de 121 etnias de todo o país invadiram a Câmara dos Deputados em abril para reivindicar seus direitos e acusaram a presidente de ser anti-indígena.
Os analistas se recusam a concluir que o aumento indicado no desmatamento está marcando uma nova tendência no país que em oito anos conseguiu reduzir em mais de 80% o desmatamento na floresta, mas advertem que é preciso colocar mãos à obra.
"O Brasil tem as armas para continuar reduzindo o desmatamento, mas não pode afrouxar as regras, precisa deixar claro que não aceitaria anistias e agirá com dureza contra quem desmata", afirmou Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon.
Os analistas identificam uma nova tendência em boa parte do desmatamento: a especulação de terras incentivada por grandes obras de infraestrutura ou logística, como hidrelétricas, estradas e portos, que melhoram a perspectiva de desenvolvimento econômico.
"O Brasil tem que investir na prevenção: muitos dos danos ambientais e sociais destas obras podem ser prevenidos", afirmou Ian Thompson, diretor do programa Amazônia da ONG The Nature Conservancy.
O Instituto da Reforma Agrária do governo se comprometeu na semana passada a reduzir em 80% até 2020 o desmatamento nos territórios da Amazônia entregues a camponeses sem terra, onde foi denunciado um significativo aumento da devastação.