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Algumas meninas gostam de ser estupradas, diz juiz de Israel

A declaração gerou protestos revoltados e condenações de todo o espectro político local


	Estátua simboliza a justiça: a jovem, hoje maior de idade, tinha 13 anos quando foi violentada por quatro palestinos (.)

Estátua simboliza a justiça: a jovem, hoje maior de idade, tinha 13 anos quando foi violentada por quatro palestinos (.)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2013 às 12h32.

Jerusalém - Um juiz causou polêmica em Israel ao afirmar, durante a audiência de um caso de estupro de uma menor, atualmente com 19 anos, que "algumas meninas gostam de ser estupradas", informou nesta quarta-feira a imprensa israelense.

Trata-se do juiz Nissim Yeshaya, que, embora esteja aposentado, continua atuando em alguns casos de apelação institucionais no Distrito de Tel Aviv, segundo o site "Ynet".

Em meio a uma audiência ontem da Comissão de Apelação da Previdência Social, na qual a vítima não estava presente, o magistrado surpreendeu os participantes com o comentário, que gerou protestos revoltados e condenações de todo o espectro político local.

A presidente da comissão parlamentar para o Status da Mulher, Aliza Laví, pediu à ministra da Justiça, Tzipi Livni, que interdite imediatamente Yeshaya, aposentado há quatro anos e que atua como presidente de tribunais administrativos e de orientação.

A jovem, hoje maior de idade, tinha 13 anos quando foi violentada por quatro palestinos.

Sua advogada, Aloni Sadovnik, descreveu a declaração do juiz à rádio do exército israelense: "No meio de um debate acalorado, o juiz diz de repente alto e para todos os presentes ouvirem, "Há algumas meninas que gostam de ser estupradas".

"A sala ficou em silêncio", acrescentou a advogada, detalhando que "inclusive os (outros dois) membros do tribunal (de apelações) ficaram calados por vários minutos. Ele nem sequer percebeu o que acabava de dizer. Não entendia por que todo mundo estava em silêncio ao mesmo tempo".


A advogada da vítima detalhou que os outros dois juízes administrativos tentaram de acalmar os ânimos e minimizar o prejuízo das declarações de seu companheiro.

Yeshaya, que se desculpou hoje, afirmou sobre o escândalo que "não é sério".

"Estão tentando conseguir publicidade as minha custas. Eu não acho que a vítima de um estupro não sofre danos com ele ou que o estupro não é um crime grave. (Meus comentários) foram mal interpretados", alegou.

A Administração de Tribunais disse que o juiz não tinha intenção de ofender a vítima de estupro e que lamentava os comentários.

A ministra de Cultura e Esporte , Limor Livnat, considerou "assustadoras e escandalosas", as declarações e também intercedeu para que o juiz passe para aposentadoria definitiva.

"As vítimas de estupro sofrem severos traumas psicológicos. É difícil imaginar o dano causado por esse comentário, que poderia dissuadir outras vítimas de abusos sexuais (de denunciar os crimes)", criticou.

O juiz era o candidato preferido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a presidir o Tribunal interno do partido Likud, mas hoje o governante retirou seu apoio porque "uma pessoa que se expressa assim não merece o cargo". 

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