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Aleppo tem trégua russa, mas corredores humanitários desertos

Esta segunda "pausa humanitária" deveria supostamente permitir a evacuação de civis e feridos

Aleppo: a ONU informou nesta sexta-feira que não está envolvida neste "anúncio unilateral" (Digital Globe 2016/Anistia Internacional)

Aleppo: a ONU informou nesta sexta-feira que não está envolvida neste "anúncio unilateral" (Digital Globe 2016/Anistia Internacional)

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AFP

Publicado em 4 de novembro de 2016 às 15h15.

Uma nova "pausa humanitária" de 10 horas decretada pela Rússia, aliada do regime sírio, entrou em vigor nesta sexta-feira em Aleppo, mas, aparentemente ninguém usou os "corredores humanitários" para abandonar os bairros rebeldes sitiados.

O exército sírio, apoiado pela aviação russa, lançou no dia 22 de setembro uma ampla ofensiva para reconquistar os bairros controlados pelos insurgentes, a leste de Aleppo.

Esta segunda "pausa humanitária" deveria supostamente permitir a evacuação de civis e feridos, e a saída dos combatentes rebeldes que desejassem.

Mas a ONU informou nesta sexta-feira que não está envolvida neste "anúncio unilateral", e um grupo rebelde denunciou uma iniciativa que "não tem nenhum valor".

Além disso, os rebeldes sírios dispararam nesta sexta-feira sete foguetes em direção à estrada do Castello, um corredor de evacuação do norte de Aleppo destinado à saída de combatentes e civis, segundo a agência oficial Sana, que acusou os "grupos terroristas" de "impedir os civis de abandonar os bairros do leste".

Em Moscou, o ministério da Defesa russo anunciou, por sua vez, que dois soldados russos do "Centro de Reconciliação" ficaram "levemente feridos" por disparos rebeldes.

No dia 22 de outubro, uma primeira trégua unilateral de três dias em Aleppo, instaurada pelo exército russo e sírio, expirou sem ter permitido a saída de civis e feridos, nem a retirada dos combatentes dos bairros do leste.

As forças do regime, que controlam os setores ao redor destes bairros do leste, bloqueiam o acesso a esta parte da cidade onde vivem mais de 250.000 pessoas, privadas de ajuda humanitária desde julho e ameaçadas pela escassez de alimentos.

Nesta sexta-feira, os corredores humanitários estabelecidos para as evacuações permaneceram desertos.

Dois correspondentes da AFP, presentes do lado rebelde e do lado governamental, constataram que ninguém havia percorrido um deles, a passagem de Bustan al Qasr.

Rebeldes "não envolvidos"

Yaser Al Yusef, líder do grupo rebelde Nuredin Zinki, disse que os insurgentes não estão envolvidos nesta trégua, que classificou de "instrumentalização política e midiática para aliviar as pressões internacionais sobre Moscou".

"As evacuações médicas só podem ocorrer se as partes em conflito adotarem todas as medidas para garantir um ambiente adequado, o que não foi feito", disse nesta sexta-feira David Swanson, porta-voz do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).

A trégua foi anunciada no momento em que os rebeldes realizam uma ofensiva a partir da zona oeste de Aleppo para tentar romper o cerco imposto pelas tropas do regime do presidente Bashar al-Assad contra os bairros dominados pela oposição há mais de três meses.

Os combates perderam intensidade nesta sexta-feira. Na véspera, ao menos 12 civis morreram e 200 ficaram feridos por disparos de foguetes de insurgentes contra as áreas do oeste da cidade, nas mãos do governo.

Os beligerantes querem controlar Aleppo, uma cidade chave para garantir o poder na região norte da Síria, país em que a guerra civil iniciada em 2011 deixou mais de 300.000 mortos.

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