Alemanha decreta lockdown parcial após casos de covid-19 dispararem
Governo federal consolidou acordo com líderes locais que prevê o fechamento de restaurantes, bares, cinemas e teatros
Mariana Martucci
Publicado em 28 de outubro de 2020 às 15h18.
Última atualização em 28 de outubro de 2020 às 18h03.
A chanceler da Alemanha , Angela Merkel, anunciou nesta quarta-feira, 28, uma série de medidas de restrição ao movimento de pessoas para conter o avanço do novo coronavírus. O governo federal consolidou acordo com líderes locais que prevê o fechamento de restaurantes, bares, cinemas e teatros pelas próximas quatro semanas. Lojas e escolas, contudo, permanecerão abertas. O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor.
"Precisamos agir, e agora, para evitar uma emergência de saúde nacional aguda", afirmou Merkel, horas depois de o país informar que teve quase 15.000 casos de covid-19 entre ontem e hoje, o maior avanço diário desde o início da pandemia.
A Alemanha , que foi amplamente elogiada por manter sua taxa de infecção bem abaixo da de outros países na fase inicial da pandemia, agora enfrenta um crescimento maior que o esperado no número de casos, com o último dado oficial de terça mostrando 11.409 novos casos, para um total de 449.275.
Europa
O p residente francês Emmanuel Macron anunciou nesta quarta-feira (28) que a França entrará em lockdown mais uma vez a partir de sexta-feira (30) devido ao aumento dramático no número de casos de coronavírus no país.
Nas últimas 24 horas, 33 mil franceses foram diagnosticados com Covid-19, e outros 523 morreram. Os números são semelhantes aos de abril, quando a Europa enfrentava o auge da crise.
Para os líderes Giuseppe Conte, da Itália, e Angela Merkel, da Alemanha, existem grandes riscos políticos. Embora tenham sido elogiados pela forma como administraram a primeira onda, as críticas agora aumentam. A população está cansada, as divisões entre governos locais e nacionais se acumulam e, se um lockdown prolongado for a única resposta, serão culpados pela destruição das economias.
A nova onda de coronavírus parece diferente da primeira. O número de casos parece muito maior—a França divulgou recorde de novas infecções no domingo—, mas isso também reflete mais testes. Enquanto isso, o número de mortes—embora muito menor do que na primavera europeia—está aumentando, assim como o fluxo de pacientes que precisam de cuidados hospitalares.
Com os serviços de saúde gradualmente sob pressão, uma ferramenta contundente permanece: fechar a economia e emitir a ordem de ficar em casa.
“Os políticos têm decisões difíceis a tomar”, disse Jean-François Delfraissy, médico-chefe que aconselha o governo francês sobre a pandemia, em entrevista à rádio RTL na segunda-feira. “Esta segunda onda provavelmente será pior do que a primeira. Está se espalhando por toda a Europa.”
Cansados da pandemia
Depois do lockdown imposto na primavera, muitos europeus se opõem fortemente a um segundo. Manifestantes em cidades como Londres, Nápoles e Berlim marcharam no fim de semana contra a “tirania” da pandemia. Na Itália, algumas academias e cinemas disseram que não obedecerão às ordens de fechamento.
Na Espanha, exaustos após uma luta contra o coronavírus por mais de seis meses, vários médicos do serviço público iniciaram na terça-feira uma greve nacional, a primeira em 25 anos, para exigir mais reconhecimento.
Em um esforço para melhorar sua resposta diante da segunda onda, a União Europeia anunciou hoje que destinará 100 milhões de euros (cerca de 117 milhões de dólares) para a compra de testes rápidos de covid-19.
"Os testes rápidos estão chegando agora no mercado. Isso pode desempenhar um papel importante. De nossa parte, destinamos 100 milhões de euros para a compra de testes rápidos", que serão distribuídos pelos países do bloco, disse a presidente da Comissão Europeia, Urusla von der Leyen.
O Irã, por sua vez, anunciou nesta quarta-feira 415 mortos pela covid-19 nas últimas 24 horas, o que representa um novo recorde no país mais afetado do Oriente Médio.
Paciência
Ao contrário da Europa, os comerciantes de Melbourne, sul da Austrália, sentiram um grande alívio nesta quarta-feira com a reabertura de lojas e restaurantes após mais de três meses de confinamento.
Na América Latina, onde o coronavírus atinge com força, a situação também é complicada em vários países, como a Argentina, que mergulhou em uma crise de grandes proporções.
O medo de morrer de covid-19 é tão grande que no México muitas pessoas foram pressionadas a fazer seu testamento.
Ao mesmo tempo, o planeta aguarda uma vacina e a corrida científica é intensa.
A Rússia pediu à Organização Mundial da Saúde ( OMS ) a "pré-qualificação" de sua vacina, com a promessa de que será "acessível a todos em um período mais curto que as convencionais".
O laboratório Pfizer, que pretende solicitar autorização para uma vacina até o fim de novembro nos Estados Unidos, pediu na terça-feira "paciência", depois de informar que os resultados esperados para esta semana ainda não estavam prontos.
Ao mesmo tempo, os laboratórios Sanofi e GSK anunciaram que disponibilizarão 200 milhões de doses de vacina ao programa internacional criado pela OMS para ajudar a garantir um acesso equitativo às futuras vacinas contra a covid-19.