Alan García deixa legado de crescimento não isento de conflitos
Apesar do crescimento de 8,7% em 2010, país ainda enfrenta conflitos sociais e problemas de corrupção; país vai eleger novo presidente neste fim de semana
Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2011 às 18h15.
Lima - O presidente Alan García encerra seu segundo mandato como presidente do Peru com o país desfrutando de altos índices de crescimento econômico, mas sofrendo com dezenas de conflitos sociais e ambientais, além de alguns casos de corrupção.
Ao contrário da hiperinflação galopante e do isolamento financeiro internacional com o qual deixou o governo do Peru após seu primeiro mandato (1985-1990), García mostra atualmente com orgulho o crescimento econômico de 8,7% conseguido em 2010 como resultado de uma tendência de alta do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos 12 anos.
Durante seu segundo mandato (2006-2011), García manteve a disciplina fiscal imposta desde a última década no Peru, incentivou a abertura do mercado com vários acordos de livre-comércio e promoveu investimentos privados que ultrapassaram a casa de US$ 18 bilhões apenas em mineração e hidrocarbonetos (petróleo e gás) entre 2000 e 2009.
"Neste período de Governo, o presidente García mostrou claramente que assimilou o fato de ter que respeitar os fundamentos econômicos pois isso garante estabilidade no país e facilita o manejo político e social", declarou à Agência Efe o economista César Peñaranda.
De acordo com números oficiais, as reservas internacionais líquidas totalizaram US$ 44,105 bilhões em 2010, as exportações nos últimos cinco anos chegaram a US$ 131 bilhões e existem atualmente 19 projetos de hidrocarbonetos em exploração. Peñaranda destacou também a redução dos índices de pobreza, embora estes continuem altos, em torno de 30%.
García afirmou no início do mês que "frear os investimentos externos significa castigar o técnico e o profissional" que querem trabalhar, após prever que a economia crescerá 8% neste ano. O governante acrescentou que "tudo está garantido para que o novo governo continue a crescer em taxas entre 9% e 10%".
A gestão da economia foi "adequada, mais coerente e houve mais disciplina fiscal", afirmou o analista político Luis Benavente em entrevista à Agência Efe.
No entanto, Benavente lembrou que "no campo político há uma palavra que deu suas caras muitas vezes, da mesma forma que no primeiro governo de García, que é a corrupção".
Embora não tenha havido um caso que vincule o presidente de forma direta a irregularidades, muitos membros de seu governo se envolveram em escândalos, acrescentou o especialista, em referência ao caso dos "petroáudios" - corrupção na licitação de lotes petroleiros.
Esse escândalo derrubou seu então gabinete ministerial, mas houve outra crise política, em junho de 2009, que teve um maior impacto no governo de García.
Até hoje, o governante arrepende-se de ter atrasado a solução de um protesto indígena na floresta de Bagua, que causou a morte de 24 policiais e 10 civis, mas nunca reconheceu o direito das comunidades nativas de decidir livremente sobre a exploração dos recursos existentes nas que consideram suas terras.
A Defensoria Pública totalizou em 234 os conflitos sociais em andamento no país, metade deles reivindicações ambientais com denúncias de contaminação de terra, água e campos de cultivo por parte de empresas mineradoras ou grandes indústrias.
As greves promovidas por organizações sociais e trabalhistas foram constantes no segundo mandato de García, para tentar forçá-lo a dialogar e atender a suas demandas de maiores salários.
O chefe do Estado admitiu que o Peru é "um país de conflito", mas acrescentou que está no cargo para fazer "coisas grandes", e preferiu deixar o que qualificou como "conflitos menores" em segundo plano.
"Alan García não é um presidente que terminará seu mandato sendo querido pelo povo", opinou Benavente. "Por trás desse grande orador não há alguém que aja com eficiência, as pessoas não o querem no poder, nem vão querê-lo no futuro", acrescentou.
Na opinião do sociólogo Julio Cotler, "o paradoxo do desenvolvimento peruano" justifica-se por um problema de redistribuição econômica, porque os salários caíram 10% em uma década, enquanto os lucros empresariais subiram 30%, mas também, segundo ele, por falta de liderança política.
Nos centros urbanos, onde está a maior parte do eleitorado peruano, as principais reivindicações são por postos de trabalho e segurança, além de progressos nos deficientes sistemas de saúde e educação.
Lima - O presidente Alan García encerra seu segundo mandato como presidente do Peru com o país desfrutando de altos índices de crescimento econômico, mas sofrendo com dezenas de conflitos sociais e ambientais, além de alguns casos de corrupção.
Ao contrário da hiperinflação galopante e do isolamento financeiro internacional com o qual deixou o governo do Peru após seu primeiro mandato (1985-1990), García mostra atualmente com orgulho o crescimento econômico de 8,7% conseguido em 2010 como resultado de uma tendência de alta do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos 12 anos.
Durante seu segundo mandato (2006-2011), García manteve a disciplina fiscal imposta desde a última década no Peru, incentivou a abertura do mercado com vários acordos de livre-comércio e promoveu investimentos privados que ultrapassaram a casa de US$ 18 bilhões apenas em mineração e hidrocarbonetos (petróleo e gás) entre 2000 e 2009.
"Neste período de Governo, o presidente García mostrou claramente que assimilou o fato de ter que respeitar os fundamentos econômicos pois isso garante estabilidade no país e facilita o manejo político e social", declarou à Agência Efe o economista César Peñaranda.
De acordo com números oficiais, as reservas internacionais líquidas totalizaram US$ 44,105 bilhões em 2010, as exportações nos últimos cinco anos chegaram a US$ 131 bilhões e existem atualmente 19 projetos de hidrocarbonetos em exploração. Peñaranda destacou também a redução dos índices de pobreza, embora estes continuem altos, em torno de 30%.
García afirmou no início do mês que "frear os investimentos externos significa castigar o técnico e o profissional" que querem trabalhar, após prever que a economia crescerá 8% neste ano. O governante acrescentou que "tudo está garantido para que o novo governo continue a crescer em taxas entre 9% e 10%".
A gestão da economia foi "adequada, mais coerente e houve mais disciplina fiscal", afirmou o analista político Luis Benavente em entrevista à Agência Efe.
No entanto, Benavente lembrou que "no campo político há uma palavra que deu suas caras muitas vezes, da mesma forma que no primeiro governo de García, que é a corrupção".
Embora não tenha havido um caso que vincule o presidente de forma direta a irregularidades, muitos membros de seu governo se envolveram em escândalos, acrescentou o especialista, em referência ao caso dos "petroáudios" - corrupção na licitação de lotes petroleiros.
Esse escândalo derrubou seu então gabinete ministerial, mas houve outra crise política, em junho de 2009, que teve um maior impacto no governo de García.
Até hoje, o governante arrepende-se de ter atrasado a solução de um protesto indígena na floresta de Bagua, que causou a morte de 24 policiais e 10 civis, mas nunca reconheceu o direito das comunidades nativas de decidir livremente sobre a exploração dos recursos existentes nas que consideram suas terras.
A Defensoria Pública totalizou em 234 os conflitos sociais em andamento no país, metade deles reivindicações ambientais com denúncias de contaminação de terra, água e campos de cultivo por parte de empresas mineradoras ou grandes indústrias.
As greves promovidas por organizações sociais e trabalhistas foram constantes no segundo mandato de García, para tentar forçá-lo a dialogar e atender a suas demandas de maiores salários.
O chefe do Estado admitiu que o Peru é "um país de conflito", mas acrescentou que está no cargo para fazer "coisas grandes", e preferiu deixar o que qualificou como "conflitos menores" em segundo plano.
"Alan García não é um presidente que terminará seu mandato sendo querido pelo povo", opinou Benavente. "Por trás desse grande orador não há alguém que aja com eficiência, as pessoas não o querem no poder, nem vão querê-lo no futuro", acrescentou.
Na opinião do sociólogo Julio Cotler, "o paradoxo do desenvolvimento peruano" justifica-se por um problema de redistribuição econômica, porque os salários caíram 10% em uma década, enquanto os lucros empresariais subiram 30%, mas também, segundo ele, por falta de liderança política.
Nos centros urbanos, onde está a maior parte do eleitorado peruano, as principais reivindicações são por postos de trabalho e segurança, além de progressos nos deficientes sistemas de saúde e educação.